Neste artigo, analisamos o livro Não somos racistas, do jornalista Ali Kamel. Tratou-se de um estudo discursivo de caráter qualitativo. Nosso objetivo foi investigar criticamente como o ethos prévio e o ethos discursivo são construídos nesta obra. Para tanto, adotamos os pressupostos teórico-metodológicos da abordagem discursiva da argumentação, de Ruth Amossy. Os resultados que chegamos foram os seguintes: Kamel se apoia em sua reputação prévia como diretor de jornalismo da Rede Globo para estabelecer um ethos de autoridade, seriedade e compromisso com a verdade. Na obra, ele reforça essa imagem prévia construindo discursivamente três tipos de ethos: o ethos jornalístico, o ethos moral e o ethos burguês.