A questão das “raças” e sua hierarquização é um dos pontos críticos da ciência, porém, no decorrer do desenvolvimento da sociedade ocidental moderna europeia e seus satélites, a condição ideológica da ciência interferiu na legitimidade do racismo através de teorias que sustentavam a ideia de superioridade e de inferioridade entre povos a partir de fatores biológicos. Muitas dessas teorias já passaram por um processo de desconstrução, entretanto, deixaram consequências no âmbito social que permanecem até hoje. Diante disso, o processo de aprendizagem e ensino de Ciências Naturais e de Biologia deve ir além do mero apreender conhecimentos científicos: é necessário conhecer e entender suas implicações hegemônico ideológicas na realidade social. A Lei 10.639/2003 torna obrigatório o estudo da História e Cultura Afro-Brasileira e o alinhamento da temática étnico-racial no ensino de Biologia, assim como nas disciplinas das áreas de Ciências da Natureza e Matemática. Esse cenário se apresenta, portanto, como uma oportunidade de desmistificar a neutralidade axiológica da ciência, configurando uma pauta de discussões entre profissionais da área da Educação. Dessa forma, o presente trabalho tem como objetivo a produção de um guia pedagógico, que poderá auxiliar na construção do espaço escolar no ensino de Biologia que seja entendido como um espaço de desconstrução do racismo científico, sendo esse um dos passos para a educação antirracista.