A moradia da população pobre e a Reforma Urbana em Santos no final do século XIX
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Resumo
O processo de urbanização da cidade de Santos, que se consolida no final do século XIX, segue duas direções que são interdependentes: a reforma urbana e a reforma sanitária. Nos projetos de construção de uma cidade moderna, no final do século XIX, a questão da moradia dos trabalhadores pobres ganha visibilidade. Na medida em que estes projetos excluem as práticas e os modos de vida da população pobre, as tensões em torno de territórios, e modos de viver numa cidade que se modernizava, constituem relações sociais e alteram a cartografia de Santos. Assim, a cidade vai se modificando para servir às funções portuária e comercial. Ao mesmo tempo em que assistimos à construção de novas avenidas e ao alargamento das antigas vielas, para o tráfego crescente das carroças que serviam às embarcações de produtos como o café, a população pobre busca acomodar-se como pode nas inúmeras pensões e hospedarias que surgem na região central. Enquanto Santos vai assumindo características de uma cidade moderna, a necessidade de maior mão-de-obra nos serviços ligados ao porto e às obras urbanas trazem uma desorganização, consubstanciada na presença constante do trânsito permanente de carroças nas ruas. As reformas urbanas e portuária atraem para a cidade levas de imigrantes e de trabalhadores nacionais que, sem recursos, ocupam as áreas centrais, morando em habitações coletivas. As epidemias do final do século atingiram principalmente essa população pobre que se amontoava em várias modalidades de habitações coletivas. Quando a comissão de desinfecções, nomeada pelo governo republicano, interveio em Santos, estas moradias se tornaram o centro de disputa por territórios e práticas na cidade. Esta dissertação busca, dessa forma, dar visibilidade às tensões e conflitos que se seguiram em Santos, envolvendo a moradia da população pobre.