Leitura e escrita em uso: notas sobre as práticas escolares e cotidianas de (multi)letramentos
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Resumo
Este trabalho resulta de um estudo de caso de base etnográfica que se fundamenta sobre a concepção de escrita enquanto um conjunto de práticas situadas sócio-historicamente. Seu objeto são as práticas de leitura e escrita que permeiam o contexto escolar, bem como o cotidiano comunitário e familiar dos estudantes, na relação complexa que estabelecem com a oralidade e outras linguagens por meio de diversos gêneros do discurso. Engloba, ainda, as atitudes e crenças dos sujeitos com relação à língua, principalmente no que concerne à sua modalidade escrita, suas finalidades sócio-comunicativas e as concepções de língua que as fundamentam. Este trabalho se situa, portanto, no vasto campo interdisciplinar dos estudos sobre os usos sociais da escrita, que, por sua natureza interdisciplinar, dialoga com diversas áreas do conhecimento, tais como a Sociolinguística Qualitativa, a Linguística Aplicada, os estudos sobre Letramentos, e as teorias de Gênero do Discurso. O contexto escolhido para a realização da pesquisa foi o Colégio Estadual Professora Maria Bernadete Brandão (CPMBB), localizado na Estrada das Barreiras, Salvador, Bahia. Constituem-se sujeitos da pesquisa duas professoras de Língua Portuguesa, das turmas 5ª Série A e D, e quatro alunos, dois de cada turma, sendo um de cada gênero (sexo). O objetivo geral do trabalho foi o de analisar os usos que são feitos da escrita no espaço escolar, confrontando-os com aqueles que fazem parte da vida cotidiana dos alunos no espaço familiar e comunitário, além das atitudes dos professores e alunos sobre estes usos. Para tanto, foram realizadas visitas ao campo para a observação das práticas escolares de leitura e escrita, para a realização de entrevistas semiestruturadas, bem como para a coleta de dados de escrita fornecidos pelos sujeitos. Foram consideradas para fins de análise, as seguintes variáveis: idade, gênero, escolaridade e família. Com base nos resultados obtidos com a realização da pesquisa, percebeu-se, no contexto escolar: uma ênfase no ensino de nomenclatura gramatical feito de maneira descontextualizada, a realização esporádica de atividades de leitura com caráter individual e mecânico e a quase ausência de atividades de produção de texto e do trabalho com os multiletramentos; opondo-se, dessa maneira, às práticas de leitura e escrita que permeiam o cotidiano dos estudantes, que apresentam um caráter significativo e, muitas vezes, coletivo, com uma constante interação com as novas mídias e tecnologias. Os fatores selecionados para a escolha dos sujeitos, bem como a análise das atitudes desses sujeitos mostraram-se fundamentais na análise dos dados por eles fornecidos