Este livro intitulado Entre casulo e asa: compartilhando a trajetória de uma orientadora no contexto de um mestrado profissional interdisciplinar advêm de uma necessidade latente de compartilhar o pouco que aprendi e o muito que ainda tenho e desejo aprender no âmbito da minha atuação como professora-pesquisadora do ensino superior de uma universidade pública estadual multicampi, a qual tem potencializado as minhas estratégias de aprendências sobre o ato de orientar profissionais de diferentes áreas do conhecimento, que adentraram o Mestrado Profissional (MP) na Área Interdisciplinar e estiveram ou estão dialogando com o meu jeito de orientá-los/as. Outrossim, no percurso deste livro reitero que seu conteúdo está vincado em uma narrativa experiencial. Neste contexto, é imprescindível destacar que a experiência ora narrada teceu-se por meio do processo de orientação no mestrado do Programa de Pós-Graduação em Intervenção Educativa e Social (PPGIES), vinculado à Universidade do Estado da Bahia/UNEB/Campus XI, Serrinha-BA, na Modalidade Profissional na Área Interdisciplinar, o qual, por sua vez, não ocorreu de forma abrupta, ele, na verdade, foi construído durante todo o meu processo de docência (da Educação Infantil ao Ensino Fundamental e curso de Magistério), com forte interrelação com a atuação como coordenadora pedagógica e em diálogo com os/as colaboradores/as de pesquisas que por mim passaram durante os cursos de graduação em Pedagogia, de pós-graduação lato sensu e nos últimos 6 anos atuando como docente, pesquisadora e vice-coordenadora do referido Programa, pois nenhuma construção de um processo de mediação pedagógica ocorre desvinculado das experiências vividas, sentidas, compartilhadas consigo e com o/a outro/a. Por isso, sinto-me entre Casulo e Asa, sempre! Pois quando adentrei no PPGIES voltei ao meu casulo (através de leituras, busquei nas minhas experiências o que eu tinha de mais próximo para respeitar as intervenções de um processo de pesquisa e para construir COM e não apenas PARA o/a outro/a) e, para alcançar esse olhar panorâmico sobre a orientação encampada nesse contexto, tive que me apropriar necessariamente de outras leituras e normativas de um Programa da área 45 da Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (Capes), ou seja, da Área Interdisciplinar, com vistas alcançar ASAS! Essas ASAS que me alcançaram e têm alcançado meus orientandos e minhas orientandas nas suas trajetórias de pesquisa, as quais têm ultrapassado os muros das salas de aula da universidade. Na verdade, não tinha a intenção de escrever um livro para narrar essa história, talvez eu nem precisasse registrar em formato de livro, simplesmente eu poderia ter escrito um artigo ou compartilhado através de palestras, como sempre tenho feito nas minhas narrativas em diferentes espaços e no próprio Mestrado Profissional (MP). Contudo, como professora tenho sido indagada sobre como orientar no MP e questionada sobre o que difere da orientação em um MP de uma orientação em um Mestrado Acadêmico. Na verdade, tem uma palavra que eu tenho perseguido durante esse meu processo de apropriação como professora e pesquisadora/orientadora no MP Interdisciplinar: a palavra de ordem é DESCONSTRUÇÃO em seu sentido mais amplo, pois continuo valorizando a pesquisa básica (tão necessária e valorizada nos Mestrados Acadêmicos), mas tenho como ponto central ultrapassá-la, incorporando perspectiva vincada em duas naturezas na investigação, a pesquisa de natureza prática e/ou a pesquisa de natureza aplicada, e realmente essa tarefa exige um olhar praxiológico1 sobre a própria orientação em colaboração com o/a orientando/a e os problemas historicamente situados em uma realidade institucional e outros contextos. Destarte, “[...] tanto a pesquisa acadêmica quanto a “engajada” exige planejamento, controle e sistematização, pois sem rigor teórico-metodológico não há pesquisa” (André, 2016, p.40). Ademais, é relevante destacar que as pesquisas quanto à natureza se designam pelo tipo de conhecimento que produz. Dessa forma, no âmbito do MP, dialogamos tanto com a produção do conhecimento oriundo da pesquisa básica2 quanto da aplicada.