A representação da história da África em coleções didáticas do ensino médio na Bahia: um estudo crítico das narrativas e imagens à luz da lei nº 10.639/03
| dc.contributor.advisor | Lima, Ivaldo Marciano de França | |
| dc.contributor.author | Santos, Valter Alves | |
| dc.contributor.referee | Drummond, Washington Luís Lima | |
| dc.contributor.referee | Chiquete, Celestino Máquina | |
| dc.date.accessioned | 2025-09-09T16:14:43Z | |
| dc.date.available | 2025-09-09T16:14:43Z | |
| dc.date.issued | 2025-08-08 | |
| dc.description.abstract | RESUMO: A presente pesquisa analisa criticamente as representações da África e dos povos indígenas em livros didáticos de História, em face da Lei nº 10.639/03, que tornou obrigatória a inclusão da temática "História e Cultura Afro-Brasileira e Africana" no currículo oficial. O estudo problematiza como os materiais didáticos, historicamente moldados por uma perspectiva estereotipada, representam a diversidade e a complexidade histórica desses povos, e como esses vieses podem afetar a compreensão dos estudantes. O objetivo geral consistiu em analisar criticamente as representações da África e dos povos indígenas em livros didáticos, à luz de referenciais teóricos que abordam a desconstrução de estereótipos e a superação de vieses de toda a ordem. A metodologia, de natureza qualitativa e caráter descritivo, pautou-se na análise documental do livro "Minha África Brasileira e Povos Indígenas" e da coleção "História Sociedade & Cidadania" de Alfredo Boulos Júnior, e na análise bibliográfica de obras de Kwame Anthony Appiah e Ivaldo Marciano de França Lima. As análises revelaram que, embora a Lei nº 10.639/03 seja um marco legal significativo para a superação de lacunas históricas, sua efetivação nos materiais didáticos ainda se apresenta como um desafio complexo. O estudo aprofundou o conceito da "invenção da África" e das "ilusões de raça" de Kwame Anthony Appiah, demonstrando como a ideia de uma África homogênea é uma construção histórica que minimiza a vasta diversidade do continente e tem sido instrumental na justificação da exploração. A perspectiva de Ivaldo Marciano de França Lima foi fundamental para analisar a construção de representações e a identificação de estereótipos, permitindo verificar como um livro didático pode tanto reforçar o senso comum quanto atuar na desarticulação de discursos distorcidos. O livro "Minha África Brasileira e Povos Indígenas" destaca-se por sua proposta pedagógica explicitamente crítica, que busca ativamente confrontar narrativas hegemônicas. A obra utiliza estratégias visuais de confronto, como a justaposição de imagens contrastantes, para desestabilizar a visão de uma África marcada apenas pela miséria e pelo atraso, além de contextualizar historicamente as origens das imagens negativas por meio da instrumentalização da religião e das teorias raciais. Adicionalmente, integra estudos genômicos para reforçar a herança africana na formação da população brasileira, atuando como ferramenta antirracista. A coleção "História Sociedade & Cidadania" , de Alfredo Boulos Júnior, embora represente um avanço na inclusão de conteúdos sobre a história africana, com capítulos dedicados a civilizações como Egito, Núbia, Gana e Mali, e valorizando diferentes fontes, apresenta pontos de atenção. Sob a ótica de Ivaldo Marciano de França Lima, percebe-se o risco de uma fusão epistemológica entre a História da África e a História Afro-Brasileira, o que pode reforçar a ideia de uma África estática. A estrutura do livro, por vezes, segue uma cronologia atrelada ao tráfico atlântico, e a utilização anacrônica de termos como "negros" enfraquece a proposta de desracialização. Dialogando com Appiah, a coleção pode permanecer atrelada a categorias raciais sem desconstruir a "raça" como uma construção social, alinhando-se às "ilusões de raça". Em conclusão, a pesquisa reafirma a importância de uma abordagem crítica no uso dos materiais didáticos, evidenciando que a superação de visões estereotipadas é um processo complexo. O professor, como mediador do conhecimento, emerge como figura fundamental para contextualizar, problematizar e complementar os conteúdos, garantindo que o ensino de História da África e dos povos indígenas promova a inclusão e o respeito à diversidade, combatendo o racismo e contribuindo para a formação de cidadãos conscientes e engajados em uma sociedade mais justa e equitativa. | |
| dc.description.abstract2 | This research critically analyses representations of Africa and indigenous peoples in history textbooks, in light of Law No. 10,639/03, which made the inclusion of the theme ‘Afro-Brazilian and African History and Culture’ mandatory in the official curriculum. The study questions how teaching materials, historically shaped by a stereotypical perspective, represent the diversity and historical complexity of these peoples, and how these biases can affect students' understanding. The overall objective was to critically analyse representations of Africa and indigenous peoples in textbooks, in light of theoretical references that address the deconstruction of stereotypes and the overcoming of biases of all kinds. The methodology, which was qualitative and descriptive in nature, was based on a documentary analysis of the book Minha África Brasileira e Povos Indígenas (My Brazilian Africa and Indigenous Peoples) and the collection História Sociedade & Cidadania (History, Society & Citizenship) by Alfredo Boulos Júnior, and on a bibliographic analysis of works by Kwame Anthony Appiah and Ivaldo Marciano de França Lima. The analyses revealed that, although Law No. 10,639/03 is a significant legal milestone in overcoming historical gaps, its implementation in teaching materials still presents a complex challenge. The study delved into Kwame Anthony Appiah's concept of the ‘invention of Africa’ and ‘race illusions,’ demonstrating how the idea of a homogeneous Africa is a historical construct that minimises the vast diversity of the continent and has been instrumental in justifying exploitation. Ivaldo Marciano de França Lima's perspective was fundamental in analysing the construction of representations and the identification of stereotypes, allowing us to verify how a textbook can both reinforce common sense and act to dismantle distorted discourses. The book Minha África Brasileira e Povos Indígenas (My Brazilian Africa and Indigenous Peoples) stands out for its explicitly critical pedagogical approach, which actively seeks to confront hegemonic narratives. The work uses visual strategies of confrontation, such as the juxtaposition of contrasting images, to destabilise the view of an Africa marked only by misery and backwardness, as well as historically contextualising the origins of negative images through the instrumentalisation of religion and racial theories. Additionally, it integrates genomic studies to reinforce the African heritage in the formation of the Brazilian population, acting as an anti-racist tool. The collection ‘History, Society & Citizenship’ by Alfredo Boulos Júnior, although representing an advance in the inclusion of content on African history, with chapters dedicated to civilisations such as Egypt, Nubia, Ghana and Mali, and valuing different sources, presents points of attention. From the perspective of Ivaldo Marciano de França Lima, there is a risk of an epistemological fusion between African history and Afro-Brazilian history, which could reinforce the idea of a static Africa. The structure of the book sometimes follows a chronology linked to the Atlantic slave trade, and the anachronistic use of terms such as ‘blacks’ weakens the proposal for deracialisation. In dialogue with Appiah, the collection may remain tied to racial categories without deconstructing “race” as a social construct, aligning itself with ‘race illusions’. In conclusion, the research reaffirms the importance of a critical approach to the use of teaching materials, highlighting that overcoming stereotypical views is a complex process. The teacher, as a mediator of knowledge, emerges as a fundamental figure in contextualising, problematising and complementing content, ensuring that the teaching of African and indigenous peoples' history promotes inclusion and respect for diversity, combating racism and contributing to the formation of conscious citizens engaged in a more just and equitable society. | |
| dc.format.mimetype | application/pdf | |
| dc.identifier.citation | SANTOS, Valter Alves. A representação da história da África em coleções didáticas do ensino médio na Bahia: um estudo crítico das narrativas e imagens à luz da lei nº 10.639/03. Orientador: Ivaldo Marciano de França Lima. 2025. 42f. Monografia (Licenciatura em História) - Departamento de Educação, Universidade do Estado da Bahia, Alagoinhas, 2025. | |
| dc.identifier.uri | https://saberaberto.uneb.br/handle/20.500.11896/9617 | |
| dc.identifier2.Lattes | http://lattes.cnpq.br/1577873718439851 | |
| dc.language.iso | por | |
| dc.publisher | Universidade Estadual da Bahia | |
| dc.publisher.program | Colegiado de Educação | |
| dc.rights | info:eu-repo/semantics/openAccess | |
| dc.rights2 | Attribution-NonCommercial-NoDerivs 3.0 Brazil | |
| dc.subject.keywords | Ensino de História da África | |
| dc.subject.keywords | Livros didáticos | |
| dc.subject.keywords | Representação | |
| dc.subject.keywords | Estereótipos | |
| dc.subject.keywords | Lei nº 10.639/03 | |
| dc.title | A representação da história da África em coleções didáticas do ensino médio na Bahia: um estudo crítico das narrativas e imagens à luz da lei nº 10.639/03 | |
| dc.title.alternative | The Representation of the History of Africa in High School Textbooks in Bahia: A Critical Study of Narratives and Images in Light of Law No. 10.639/03 | |
| dc.type | info:eu-repo/semantics/bachelorThesis |