“O que é um candomblé? O aruchachâ, que relampuê, minha Santa Barbara há de me valê”: repressão à cultura afro-brasileira em Salvador nas primeiras décadas do século xx

dc.contributor.advisorSoares, Cecilia Conceição Moreira
dc.contributor.authorBarbosa, Henrique dos Santos
dc.contributor.refereeSantos, Cristiane Batista da Silva
dc.contributor.refereeCunha, Marcelo Nascimento Bernardo
dc.date.accessioned2023-03-23T17:48:02Z
dc.date.available2023-03-23T17:48:02Z
dc.date.issued2021-12-09
dc.description.abstractO presente trabalho tem como objetivo analisar os discursos contidos em notícias de jornais que circularam na cidade de Salvador nas três primeiras décadas do século XX e trataram da repressão cultural e religiosa afro-brasileiras. Esses discursos sobre as práticas dos negros, no Brasil, são dotados de invisibilidade ou de desconhecimento. Quando se nega a cultura e referência religiosa de um povo, logo se negam espaços, costumes e a pluralidade de outros contextos para o país, onde a sua riqueza está, também, na diversidade. Essas representações, segundo o filósofo Appiah, são um erro e não se efetivam enquanto prática, visto que essas pessoas não se veem do modo como são representadas. Tais discursos jornalísticos serviram de base para deturpar, causar embate e acirrar as relações entre negros e brancos. O que percebemos quando confrontamos os textos jornalísticos com análises discursivas e as práticas histórico-discursivas e físicas da população após a ampla divulgação de tais textos. Desta forma, buscamos identificar nas entrelinhas destas narrativas as construções de uma ideia negativa sobre as culturas que representassem o negro e, tentar entender como isso, fortaleceu o pensamento de exclusão social dos hábitos que simbolizassem a população negra na cidade. Estes discursos, além de alimentar a insatisfação da sociedade letrada aos costumes que referenciassem o cotidiano dos negros, mestiços e afrodescendentes nas ruas da cidade, colaboraram também, com a perseguição policial as práticas relacionadas às pessoas pertencentes às religiões de matrizes africanas principalmente, no que tange ao uso dos instrumentos percussivos e cânticos que ressoavam das cerimônias, o depósito de oferendas nas regiões centrais da cidade, os métodos de cura exercitados por pessoas que detinham o conhecimento das ervas e infusões utilizadas no tratamento dos males corporais e/ou espirituais, incentivando ainda um combate eficaz do poder público contra estas práticas. Com isso, analisamos as influências que as teorias raciais provocaram na construção de um ideal civilista que tentou excluir das regiões centrais da cidade as posturas ligadas à população negra. Este pensamento de desenvolvimento social e urbanístico foi alimentado pelas ideias de civilidade que ao buscar embasamento nos discursos higienistas e sanitaristas, escamoteavam práticas desumanas sob o discurso de restruturação da cidade, e também, exigir mudanças nas posturas das pessoas. Estes ideais tiveram maior apoio no primeiro governo de J.J. Seabra, iniciado no ano de 1912 e finalizado em 1916, perpassando pelos governos sucessores no período republicano na Bahia. De acordo com o contexto da Salvador das três primeiras décadas do século XX e tomando como ponto de partida a cobertura da imprensa, tais como, A Tarde, Imparcial, Diário da Bahia, A Manhã, jornal A Hora, O Combate, Estado da Bahia, há diferentes casos de perseguição ao candomblé e aos costumes afro-brasileiros nas ruas da cidade. Portanto, esta pesquisa se propõe a entender como se efetivaram as ações policiais após os discursos da imprensa e dos governantes contra os terreiros e hábitos sociais, vistos pela elite, como incondizentes com os princípios civilizatórios da época, observando quais os critérios e/ou categorias foram empregadas para justificar a perseguição a determinadas práticas.pt_BR
dc.description.abstract2The present work aims to analyze the discourses contained in newspaper news that circulated in the city of Salvador in the first three decades of the twentieth century and dealt with afro-Brazilian cultural and religious repression. These discourses about the practices of blacks in Brazil are endowed with invisibility or ignorance. When the culture and religious reference of a people are denied, spaces, customs and the plurality of other contexts for the country are therefore denied, where itswealth is also in diversity. These representations, according to the philosopher Appiah, are a mistake and do not take effect as a practice, since these people do not see themselves in the way they are represented. Such journalistic discourses served as the basis for misrepresenting, causingclashes and intensifying relations between blacks and whites. What we perceive when we confront journalistic texts with discursive analyses and the historical-discursive and physical practices of the population after the wide dissemination of such texts. Thus, we sought to identify between the lines of these narratives the constructions of a negative idea about the cultures that represented the black and, trying to understand, how this, strengthened the thought of social exclusion of habits that symbolized the black population in the city. These discourses, in addition to feeding the dissatisfaction of the literate society to the customs that referred to the daily lives of blacks, half-breeds and Afrodescendants in the streets of the city, also collaborated, with the police persecution of the practices related to people belonging to the religions of African matrices, especially with regard to the useof percussive instruments and songs that resounded the ceremonies, the deposit of offerings in the central regions of the city, the healing methods exercised by people who held the knowledge of herbs and infusions used in the treatment of bodily and/or spiritualills, also encouraging an effective fight of public power against these practices. With this, we analyzed influences that racial theories provoked in the construction of a civilist ideal that tried to exclude from the central regions of the city the postures linked to the black population. This thought of social and urban development was fueled by theideas of civility that, when seeking based on hygienist and sanitary discourses, concealedinhuman practices under the discourse of restructuring the city, and also demand changesin people's postures. These ideals had greater support in the first government of J.J. Seabra, begun in 1912 and finalized in 1916, passing through the successor governmentsin the Republican period in Bahia. According to the context of salvador of the first threedecades of the twentieth century and taking as a starting point the coverage of the press, such as, A Tarde, Imparcial, Diário da Bahia, A Manhã, jornal A Hora, O Combate, Estado daBahia, there are different cases of persecution of candomblé and Afro-Braziliancustoms on the streets of the city. Therefore, this research aims to understand how police actions were carried out after speeches and of the rulers against the terreiros and social habits, seen by the elite, as inconsistent with the civilizing principles of the time, observing which criteria and/or categories were used to justify the persecution of certain practices.
dc.identifier.citationBARBOSA, Henrique dos Santos. O que é um candomblé? o aruchachâ, que relampuê, minha santa barbara há de me valê”: repressão à cultura afro brasileira em salvador nas primeiras décadas do século xx. Salvador, 2022. Dissertação (Mestrado em Estudos Africanos, Povos indígenas e Culturas Negras). Departamento de Ciências Humanas e Tecnológicas- DCHT- Campus XVI, Universidade do Estado da Bahia, Salvador, 2022
dc.identifier.urihttp://hdl.handle.net/20.500.11896/4111
dc.identifier2.Latteshttp://lattes.cnpq.br/9403255976189006
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dc.subject.keywordscandomblépt_BR
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