A educação do campo no Brasil e a herança maldita de FHC: uma trajetória crítica de avanços e retrocessos

dc.contributor.advisorDutra Júnior, Wagnervalter
dc.contributor.authorSoares, Donizete Moreira
dc.contributor.refereeCosta, Glauber Barros Alves
dc.contributor.refereeTrindade, Domingos Rodrigues
dc.date.accessioned2025-06-22T23:41:43Z
dc.date.available2025-06-22T23:41:43Z
dc.date.issued2024-12-16
dc.description.abstractA Educação do Campo no Brasil representa uma resposta crítica à exclusão histórica das populações rurais dos sistemas educacionais predominantes, que têm se centrado nas realidades urbanas e industriais. Essa abordagem educacional nos permite compreender as especificidades culturais, econômicas e sociais das comunidades rurais, promovendo uma formação que integre os saberes locais e as práticas do campo. No entanto, o caminho para sua consolidação tem sido marcado por avanços e retrocessos, especialmente nos últimos 30 anos, período em que diferentes governos ora fortaleceram, ora enfraqueceram essa modalidade educacional. Este trabalho tem como objetivo analisar o processo histórico de luta e resistência dos movimentos sociais na consolidação das políticas públicas voltadas à Educação do Campo. Nesse contexto, destaca-se o governo de Fernando Henrique Cardoso como um marco de inflexão, cuja política de concessões ao grande capital internacional criou armadilhas que favoreceram a mercantilização da educação e a diminuição do papel do Estado na oferta educacional. Sob o discurso da modernização e da eficiência administrativa, consolidou-se uma lógica neoliberal que abriu espaço para a precarização da educação pública e impôs desafios à Educação do Campo, exigindo dos movimentos sociais estratégias constantes de resistência para garantir sua continuidade e expansão. Essa trajetória reflete a "herança maldita" deixada pelas políticas de FHC, que, ao subordinar o Estado aos interesses do mercado, comprometeram avanços estruturais na Educação do Campo e fortaleceram mecanismos que dificultam sua consolidação como política pública permanente. Trata-se de uma pesquisa qualitativa e exploratória do tipo bibliográfica, em que o objeto de estudo é abordado a partir de referências específicas do processo histórico, traçando o percurso dos movimentos sociais do campo em sua luta pela educação camponesa. Para uma compreensão mais aprofundada da temática proposta, estruturou-se em três partes centradas em elementos fundamentais, onde foi permitida uma análise crítica que vai além do progresso educacional, explorando as complexidades inerentes à relação entre a educação e o campo, em contraponto à tradicional perspectiva urbana. A presente pesquisa evidenciou que, apesar das adversidades, as lutas dos movimentos sociais foram fundamentais para a consolidação das políticas públicas de Educação do Campo. Contudo, o futuro dessa modalidade de ensino depende da capacidade de articulação entre os movimentos sociais e a construção de políticas públicas que promovam uma educação crítica, inclusiva e contextualizada. Principalmente tornando essa uma política de Estado e não política de governos. Como sugere Gomes (2024), o futuro da Educação do Campo dependerá da capacidade de articulação entre movimentos sociais e políticas públicas inclusivas, que promovam uma educação contextualizada e crítica para as populações rurais. O fortalecimento das políticas neoliberais, especialmente a partir do governo de Michel Temer, com o projeto “Uma Ponte para o Futuro”, exemplifica como as práticas de austeridade fiscal limitaram os investimentos sociais, prejudicando diretamente a educação pública e, em especial, a Educação do Campo. Medidas acentuaram a desvalorização das populações rurais, ao tratar a educação como um serviço a ser prestado de acordo com as demandas do mercado, em vez de um direito a ser garantido pelo Estado. Esse contexto de desfinanciamento das políticas sociais criou barreiras significativas para a implementação de uma educação contextualizada, deixando as populações rurais à mercê de um sistema educacional que não atende suas necessidades específicas. Diante desse panorama, a Educação do Campo no Brasil continua sendo um espaço de disputas e resistências. Embora os movimentos sociais tenham conquistado avanços significativos ao longo das últimas três décadas, o contexto político e econômico atual impôs novos desafios. Para que a Educação do Campo possa se consolidar como um espaço de emancipação e transformação, será necessário o fortalecimento das mobilizações sociais, a garantia de maior participação das comunidades rurais na formulação das políticas públicas e a promoção de uma educação que valorize a diversidade cultural e social do campo.
dc.description.abstract2La Educación del Campo en Brasil representa una respuesta crítica a la exclusión histórica de las poblaciones rurales de los sistemas educativos predominantes, los cuales han estado centrados en las realidades urbanas e industriales. Este enfoque educativo permite comprender las especificidades culturales, económicas y sociales de las comunidades rurales, promoviendo una formación que integre los saberes locales y las prácticas del campo. Sin embargo, el camino hacia su consolidación ha estado marcado por avances y retrocesos, especialmente en los últimos 30 años, período en el que distintos gobiernos han fortalecido o debilitado esta modalidad educativa. Este trabajo tiene como objetivo analizar el proceso histórico de lucha y resistencia de los movimientos sociales en la consolidación de políticas públicas dirigidas a la Educación del Campo. En este contexto, destaca el gobierno de Fernando Henrique Cardoso como un punto de inflexión, cuya política de concesiones al gran capital internacional creó trampas que favorecieron la mercantilización de la educación y la reducción del papel del Estado en la oferta educativa. Bajo el discurso de modernización y eficiencia administrativa, se consolidó una lógica neoliberal que abrió espacio a la precarización de la educación pública e impuso desafíos a la Educación del Campo, exigiendo estrategias constantes de resistencia por parte de los movimientos sociales para garantizar su continuidad y expansión. Esta trayectoria refleja la "herencia maldita" dejada por las políticas de FHC, que, al subordinar el Estado a los intereses del mercado, comprometieron avances estructurales en la Educación del Campo y fortalecieron mecanismos que dificultan su consolidación como una política pública permanente. Se trata de una investigación cualitativa y exploratoria de tipo bibliográfico, en la que el objeto de estudio se aborda a partir de referencias específicas del proceso histórico, trazando el recorrido de los movimientos sociales del campo en su lucha por la educación campesina. Para una comprensión más profunda de la temática propuesta, el estudio se estructura en tres partes centradas en elementos fundamentales, lo que permite un análisis crítico que va más allá del progreso educativo y explora las complejidades inherentes a la relación entre educación y campo, en contraposición a la tradicional perspectiva urbana. La presente investigación evidenció que, a pesar de las adversidades, las luchas de los movimientos sociales fueron fundamentales para la consolidación de las políticas públicas de Educación del Campo. Sin embargo, el futuro de esta modalidad educativa depende de la capacidad de articulación entre los movimientos sociales y la construcción de políticas públicas que promuevan una educación crítica, inclusiva y contextualizada. Principalmente, es necesario que esta se convierta en una política de Estado y no solo en una política de gobierno. Como sugiere Gomes (2024), el futuro de la Educación del Campo dependerá de la capacidad de articulación entre los movimientos sociales y políticas públicas inclusivas que fomenten una educación contextualizada y crítica para las poblaciones rurales. El fortalecimiento de las políticas neoliberales, especialmente a partir del gobierno de Michel Temer con el proyecto “Una Puente para el Futuro”, ejemplifica cómo las prácticas de austeridad fiscal limitaron las inversiones sociales, perjudicando directamente la educación pública y, en particular, la Educación del Campo. Estas medidas acentuaron la desvalorización de las poblaciones rurales, al tratar la educación como un servicio a ser ofrecido según las demandas del mercado en lugar de un derecho garantizado por el Estado. Este contexto de desfinanciamiento de las políticas sociales creó barreras significativas para la implementación de una educación contextualizada, dejando a las poblaciones rurales a merced de un sistema educativo que no responde a sus necesidades específicas. Ante este panorama, la Educación del Campo en Brasil sigue siendo un espacio de disputas y resistencias. Aunque los movimientos sociales han logrado avances significativos en las últimas tres décadas, el contexto político y económico actual ha impuesto nuevos desafíos. Para que la Educación del Campo pueda consolidarse como un espacio de emancipación y transformación, será necesario fortalecer las movilizaciones sociales, garantizar una mayor participación de las comunidades rurales en la formulación de políticas públicas y promover una educación que valore la diversidad cultural y social del campo.
dc.format.mimetypeapplication/pdf
dc.identifier.citationSOARES, Donizete Moreira. A educação do campo no Brasil e a herança maldita de FHC: uma trajetória crítica de avanços e retrocessos. Orientador: Wagnervalter Dutra Júnior. 2024. 93f. Dissertação (Mestrado em Ensino, Linguagem e Sociedade). Departamento de Ciências Humanas Campus VI, (DCH), Universidade do Estado da Bahia, Caetité, BA, 2024.
dc.identifier.urihttps://saberaberto.uneb.br/handle/20.500.11896/8657
dc.identifier2.Latteshttps://lattes.cnpq.br/8074884140329167
dc.language.isopor
dc.publisherUniversidade do Estado da Bahia
dc.publisher.programPrograma de Pós-Graduação em Ensino, Linguagem e Sociedade
dc.rightsinfo:eu-repo/semantics/openAccess
dc.subject.keywordseducação do campo
dc.subject.keywordsneoliberalismo
dc.subject.keywordspolítica
dc.subject.keywordsmovimentos sociais
dc.subject.keywordsresistência.
dc.titleA educação do campo no Brasil e a herança maldita de FHC: uma trajetória crítica de avanços e retrocessos
dc.title.alternativeLa educación rural en Brasil y la herencia maldita de FHC: una trayectoria crítica de avances y retrocesos
dc.typeinfo:eu-repo/semantics/masterThesis
Arquivos
Pacote Original
Agora exibindo 1 - 1 de 1
Carregando...
Imagem de Miniatura
Nome:
Educação campo Brasil herança maldita_Donizete Soares
Tamanho:
1.44 MB
Formato:
Adobe Portable Document Format
Descrição:
Licença do Pacote
Agora exibindo 1 - 1 de 1
Carregando...
Imagem de Miniatura
Nome:
license.txt
Tamanho:
462 B
Formato:
Item-specific license agreed upon to submission
Descrição: