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Navegando Pós-Graduação por Autor "Cabral, Jânie Carla Martins Almeida"
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- ItemOs becos da memória viva: o trauma da diáspora e a solidão-ridade na “escrevivência” evaristiana.(Universidade do Estado da Bahia, 2025-02-26) Cabral, Jânie Carla Martins Almeida; Prazeres, Lílian Lima Gonçalves dos; Nascimento, Juciene Silva de Sousa; Almeida, Liz Maria Teles de SáO estudo fundamenta-se na análise do romance ficcional Becos da Memória (2018) da escritora negro-brasileira, Conceição Evaristo, explorando categorias como memória, solidão-ridade e “escrevivência”, com ênfase especial nas personagens femininas, Maria-Nova, Maria-Velha e Vó-Rita. Este estudo propõe como objetivo geral, analisar as narrativas memorialísticas individuais e coletivas, inseridas em um contexto sociocultural de trauma da diáspora e de solidão-ridade de mulheres negras na “escrevivência” evaristiana. Traz como objetivos específicos, apresentar a “escrevivência” como mote da narrativa em Becos da memória e como ferramenta de contribuição para o resgate histórico do negro e negra brasileiros, como conceito na busca do combate ao epistemicídio em uma perspectiva antirracista e de resistência; descrever a biografia de Conceição Evaristo alinhavando os fios da narrativa em sua autobiografia, evidenciando o romance memorialista Becos da memória; analisar as vozes que ecoam na favela inominada, através da junção da categoria memória e o discurso do lembrar, reverberando as vozes das personagens negras, que precisam “seguir segurando a vida”; evidenciar o trauma da dispersão e a solidão, apresentando a solidão-ridade como atenuante das dores e cesuras na narrativa de Conceição, como manifestações individuais e coletivas à comunidade diaspórica. O problema da pesquisa questiona: Como se estabelecem as narrativas memorialísticas individuais e coletivas, a partir da “escrevivência” evaristiana em Becos da memória, sob a influência do trauma da diáspora e da solidão-ridade na ambiência de um desfavelamento? No que se refere à metodologia, a pesquisa é bibliográfica, exploratória e de natureza qualitativa. Fundamenta-se na análise como Prática Social (Foucault, 2008), cujo método é o dedutivo. Traz uma escrita traçada sob o olhar de uma autora negra, protagonista da sua história, Conceição Evaristo, e a visão de uma mulher negra jovem, protagonista do romance, Maria-Nova, acerca das narrativas sobrepostas ocorridas em uma favela, tornando-a um espaço discursivo memorialístico. O estudo traz relatos de experiências diversas dos moradores da favela, transcritos através do discurso do lembrar, dimanando atos de resistência e questões sociorraciais e políticas. Discute como a “escrevivência” evaristiana permeia as suas memórias individuais, urbanas e coletivas. Apresenta nuances dicotômicas, que ora trazem aspectos relacionados à tradição, ora tecem escritos atemporais, em que os movimentos diaspóricos se entrecruzam com outras epistemologias (saberes próprios). O aporte teórico que fundamenta o estudo ancora-se no decolonialismo, na literatura negro-brasileira, “escrevivência” e estudos culturais, sustentada por autores como Quijano (2020), Cuti (2000), Seligmann-Silva (2003), Heidegger (2007), Halbwachs (2013), Silva, Saunders e Ohmer (2021). As análises realizadas revelaram que a autora por meio da memória ancestral e as experiências relacionadas ao trauma da diáspora, fortalece a identidade das mulheres negras unindo-as na solidão-ridade. Mesmo diante de relatos de cesuras, solidão e lutas, elas reverberam a sua re(existência), apresentando o protagonismo negro em suas trajetórias de vida, dando relevância à ancestralidade e à territorialidade. Por vezes, são invisibilizadas e estigmatizadas pelo racismo estrutural, que remonta aos traumas da dispersão e às marcas ancestrais. Entretanto, a "escrevivência" evaristiana prima por visibilizar a mulher negra em uma ótica de resistência, através da memória individual, urbana e coletiva.