Navegando por Autor "Vergne, Maria Cleonice de Souza"
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- ItemA cosmopolítica de Ogum no direito à ancestralidade(Universidade do Estado da Bahia, 2023-08-22) Rocha, Paola Odònílé de Mori; Figueiredo, Joabson Lima; Hoshino, Tiago de Azevedo P.; Vergne, Maria Cleonice de Souza“A cosmopolítica de Ogum no direito à ancestralidade”, versa sobre os percursos de um Terreiro de Candomblé no Sertão do São Francisco, Nordeste do Estado da Bahia, Brasil, denominado Centro Ogum Oledeji, que através da trajetória de vida da Yalorixá, conhecida como Mãe Neta, traz uma narrativa marcada por negações, desafios e violência provocadas pela sociedade e pelo Estado policial, em face a sua condição no direito de vivenciar sua ancestralidade. O Povo de Terreiro afro-brasileiro, se constitui pela força da ancestralidade negra, marcada por condições de subjugação desde os tempos coloniais aos tempos atuais, sinais do processo de escravização, cujas consequências se desdobram em configurações político-raciais de natureza diversa. Para esta pesquisa, utilizamos o método empírico de abordagem qualitativa e de bases auto etnográficas, onde a narrativa da Yalorixá Oledeji demonstra uma cosmopolítica de encruzilhadas conduzida pelo Orixá Ogum, que define seus caminhos, desde a sua infância à fase adulta, na busca pelo direito de vivenciar uma cultura de Terreiro, através da religiosidade e tradições. Contudo, sua trajetória é marcada por um período de ditadura militar, num recorte temporal entre os anos de 1978 a 1988, onde o racismo imprimiu na lei e na atuação do Estado, políticas de repressão e perseguição. As consequências desta necropolítica (Mbembe, 2018), atingiu frontalmente o mundo de crianças e adolescentes, sendo necessário uma intersecção de seus direitos, como viés na realidade dos Povos de Terreiros. A categoria cosmopolítica, é utilizada neste trabalho a partir do pensamento sociológico de Anjos (2006), no qual aponta uma filosofia política na religiosidade afro-brasileira capaz de equacionar o senso de afirmação étnica das diferenças; e Mbembe (2018), sobre a crítica do poder e o conflito étnico social e racial, paradigmas presentes na práxis dos Povos de Terreiros, quando a ancestralidade assume papel libertador na complexa trama de oposições e convivências.
- ItemHistória, memória e ancestralidade: a cultura material cerâmica – sítio poço dos bichos, Monte Rei, Minas Gerais(Universidade do Estado da Bahia, 2023-08-21) Costa, Juliana Ribeiro dos Santos; Vergne, Maria Cleonice de Souza; Azevedo, Sérgio Luiz Malta de; Figueiredo, Joabson LimaA história humana remonta há milhares de anos atrás; entretanto, as facetas dessa história nem sempre se encontram registradas em documentos escritos e oficiais, se apresentam sob a forma de fontes de diversas naturezas, como os sítios arqueológicos e históricos, lugares guardadores de memórias, resultantes das ações e interações humanas no espaço. Essas fontes e/ou evidências passam por análise, interpretação e ressignificação aos olhos do pesquisador. Aqui, nos dedicamos a uma parcela dessa história, que não se encontra registrada por meio da escrita, mas sim, materializada nos objetos, representado nesse estudo pela cultura material cerâmica, enquanto fonte da História, Memória e Ancestralidade, realidades históricas e socioculturais que nos escapa. Dessa forma, associamos a interdisciplinaridade como arcabouço teórico e metodológico, o diálogo entre fontes bibliográficas, documentais e a análise empírica laboratorial, cujo objetivo, foi identificar o perfil técnico cerâmico do Sítio Poço dos Bichos, assim como aspectos históricos, sociais e culturais dos produtores da respectiva cultura material, atrelados ao artefato. Com isso, a análise interpretativa aplicada à cerâmica indicou padrões técnicos, culturais, experiências, interações, dinâmicas e traços identitários do grupo, que em conjunto com as datações arqueológicas, obtidas para este sítio e o contexto que o envolvia, nos permitiu fazer uma releitura e reescrever uma parte da história imemorial local, a partir de “fragmentos do passado”. Assim, nessa dissertação a Arqueologia, interagiu, sobretudo, com a História para evocar a memória cultural desses povos, dando-os voz e ressignificando-os, a partir da produção do saber arqueológico e historiográfico. Neste caso, passado e presente se inter-relacionaram por meio da interdisciplinaridade, necessária a quaisquer tipos de pesquisa.
- ItemPolíticas indígenas e políticas indigenistas no Submédio São Francisco: conflitos territoriais, relações interétnicas e de poder entre os Tuxá e os não indígenas em Rodelas, Bahia(UNEB, 2023-08-31) Almeida, Dorival Vieira; Cancela, Francisco Eduardo Torres; Cruz, Felipe Sotto Maior; Guimarães , Francisco Alfredo Morais; Vergne, Maria Cleonice de SouzaEsta dissertação discute a história indígena, com enfoque no processo histórico de luta e resistência do povo indígena Tuxá de Rodelas/BA, da qual faço parte, contra o esbulho territorial e a permanência no Território ancestral, analisando o protagonismo indígena como dissonância às práticas de exploração do patrimônio indígena, violência étnica e esbulho territorial. O entendimento acerca do povo Tuxá precisa ser feito à luz da história da exploração e ocupação da região do São Francisco, considerando o processo colonial do interior do Nordeste brasileiro, iniciado no século XVI. Destaco aspectos da política indigenista no século XX e o processo de instalação da unidade local, em 1944, do Serviço de Proteção aos Índios (SPI) no território Tuxá, região do Submédio São Francisco. Um processo que demonstrou uma série de especificidades, conflitos e implicações oriundas das relações entre os indígenas, Estado e sociedade nacional. Conflitos fundiários, o processo de emancipação política de Rodelas/BA, na década de 1960, e a realização das primeiras eleições municipais, alteraram as relações instituídas entre Tuxá e não indígenas, em que os interesses políticos das elites locais se sobrepõem aos conflitos gerados pela disputa de terras com os indígenas, obrigando-os a traçarem novas estratégias de enfrentamento diante das questões territoriais. Este trabalho visa abordar os desdobramentos da ação indígena perante a presença do Estado e a atuação controversa do órgão indigenista oficial no território Tuxá. Foram analisados diversos documentos relacionados aos Tuxá de Rodelas referentes à 4ª Inspetoria Regional do SPI e a unidade local situada em Rodelas/BA, pesquisados no acervo digital do Museu do Índio e na sede da Coordenação Técnica Local da FUNAI Rodelas (antigo Posto Rodelas), e bem como ao acervo digital de periódicos da Hemeroteca Digital Brasileira. Foram analisados documentos desde o ano de 1942 a 1967, período em que o SPI esteve presente entre os Tuxá, escritos pelos servidores do órgão indigenista no Estado, moradores da localidade, jornalistas, entre outros, com contrapondo da tradição oral do povo. Ressalto que a questão fundamental deste estudo é demonstrar a capacidade que os indígena Tuxá tiveram, enquanto povo, de resistir e de se reorganizar perante a sociedade envolvente, reivindicando a sua identidade com vistas à obtenção de direitos garantidos pelo Estado.