Navegando por Autor "Soares, Cecilia Conceição Moreira"
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- Item“O que é um candomblé? O aruchachâ, que relampuê, minha Santa Barbara há de me valê”: repressão à cultura afro-brasileira em Salvador nas primeiras décadas do século xx(2021-12-09) Barbosa, Henrique dos Santos; Soares, Cecilia Conceição Moreira; Santos, Cristiane Batista da Silva; Cunha, Marcelo Nascimento BernardoO presente trabalho tem como objetivo analisar os discursos contidos em notícias de jornais que circularam na cidade de Salvador nas três primeiras décadas do século XX e trataram da repressão cultural e religiosa afro-brasileiras. Esses discursos sobre as práticas dos negros, no Brasil, são dotados de invisibilidade ou de desconhecimento. Quando se nega a cultura e referência religiosa de um povo, logo se negam espaços, costumes e a pluralidade de outros contextos para o país, onde a sua riqueza está, também, na diversidade. Essas representações, segundo o filósofo Appiah, são um erro e não se efetivam enquanto prática, visto que essas pessoas não se veem do modo como são representadas. Tais discursos jornalísticos serviram de base para deturpar, causar embate e acirrar as relações entre negros e brancos. O que percebemos quando confrontamos os textos jornalísticos com análises discursivas e as práticas histórico-discursivas e físicas da população após a ampla divulgação de tais textos. Desta forma, buscamos identificar nas entrelinhas destas narrativas as construções de uma ideia negativa sobre as culturas que representassem o negro e, tentar entender como isso, fortaleceu o pensamento de exclusão social dos hábitos que simbolizassem a população negra na cidade. Estes discursos, além de alimentar a insatisfação da sociedade letrada aos costumes que referenciassem o cotidiano dos negros, mestiços e afrodescendentes nas ruas da cidade, colaboraram também, com a perseguição policial as práticas relacionadas às pessoas pertencentes às religiões de matrizes africanas principalmente, no que tange ao uso dos instrumentos percussivos e cânticos que ressoavam das cerimônias, o depósito de oferendas nas regiões centrais da cidade, os métodos de cura exercitados por pessoas que detinham o conhecimento das ervas e infusões utilizadas no tratamento dos males corporais e/ou espirituais, incentivando ainda um combate eficaz do poder público contra estas práticas. Com isso, analisamos as influências que as teorias raciais provocaram na construção de um ideal civilista que tentou excluir das regiões centrais da cidade as posturas ligadas à população negra. Este pensamento de desenvolvimento social e urbanístico foi alimentado pelas ideias de civilidade que ao buscar embasamento nos discursos higienistas e sanitaristas, escamoteavam práticas desumanas sob o discurso de restruturação da cidade, e também, exigir mudanças nas posturas das pessoas. Estes ideais tiveram maior apoio no primeiro governo de J.J. Seabra, iniciado no ano de 1912 e finalizado em 1916, perpassando pelos governos sucessores no período republicano na Bahia. De acordo com o contexto da Salvador das três primeiras décadas do século XX e tomando como ponto de partida a cobertura da imprensa, tais como, A Tarde, Imparcial, Diário da Bahia, A Manhã, jornal A Hora, O Combate, Estado da Bahia, há diferentes casos de perseguição ao candomblé e aos costumes afro-brasileiros nas ruas da cidade. Portanto, esta pesquisa se propõe a entender como se efetivaram as ações policiais após os discursos da imprensa e dos governantes contra os terreiros e hábitos sociais, vistos pela elite, como incondizentes com os princípios civilizatórios da época, observando quais os critérios e/ou categorias foram empregadas para justificar a perseguição a determinadas práticas.
- Item“O que você vai ser, quando você crescer?”: o negro e a universidade(2012-10-25) Benevides, Dalila Fonseca; Queiroz, Delcele Mascarenhas; Almeida, Silvia Maria Leite de; Soares, Cecilia Conceição Moreira; Filho, Raphael Rodrigues VieiraEsta dissertação trata de desigualdades raciais no acesso ao ensino superior. Justifica-se face à necessidade contemporânea de abordar as questões inerentes à situação de desigualdade entre brancos e negros, em especial no seu acesso ao ensino superior. O estudo procurou compreender a relação entre a condição sociorracial do estudante e a escolha do curso, tomando como espaço empírico a Universidade do Estado da Bahia. Para examinar o perfil socioeconômico dos estudantes, sua trajetória educacional, sua percepção sobre o convívio inter-racial, o racismo na sociedade e na universidade, e a respeito das políticas afirmativas, sobretudo as cotas para negros na universidade. Para compreender o objeto da investigação recorremos aos estudos que desvendam os mecanismos de produção e reprodução das desigualdades frente á educação, bem como aqueles que examinam as relações raciais no Brasil, sobretudo os que investigam as desigualdades raciais e as desigualdades no campo da educação. Adotamos uma metodologia de perfil quantitativo, lançando mão do questionário para coletar dados primários, e de dados secundários produzidos e disponibilizados pela própria universidade. A análise dos dados evidenciou que a escolha do destino escolar é determinada por valores provenientes da posição social e racial do estudante. Ao analisarmos os processos de escolha dos cursos superiores, percebemos que o “ser negro” interfere neste processo e que existe uma relação entre cor e status nas carreiras superiores. Pressupondo-se que a maioria dos optantes de cotas tiveram uma formação escolar precária dada a sua classe social, o que os levam a ingressar na universidade, principalmente em cursos menos concorridos e que geralmente são associados a ocupações de baixa remuneração. Foi evidenciado também que à medida que diminui o status de prestígio dos cursos, percebemos que diminui também a concorrência e a diferença entre as concorrências dos optantes e não optantes de cotas. Os cursos da área de saúde possuem uma particularidade, têm as concorrências bem acirradas para os dois grupos de candidatos, sendo bem pequenas as diferenças de concorrências entre eles. A partir das análises realizadas, contatou-se que os estudantes do curso de Direito possuem uma ampla consciência racial, tendo uma visão crítica e atualizada acerca das relações raciais no Brasil. Em praticamente todas as questões, apresentaram altos percentuais de conscientização e demonstraram opiniões favoráveis às cotas, reconhecem a existência de racismo no país e na universidade e como isso reflete no convívio entre brancos e negros na sociedade. Nos outros cursos analisados, percebe-se uma consciência racial branda na maioria dos cursos. Os estudantes se dividem muito com questões que envolvam cotas, racismo e convívio entre brancos e pretos. Mas o curso que apresentou os maiores percentuais de total desconhecimento das questões raciais brasileiras foi o curso de Fisioterapia. Esses estudantes são os mais contrários às cotas e carregados de preconceitos raciais. Podemos supor que os estudantes dos cursos de Psicologia, Enfermagem, Engenharia de Produção Civil, Fisioterapia e Pedagogia possuam uma postura mais conservadora, que não lidam com uma visão mais crítica da realidade social, postura essa que se liga diretamente ao perfil de cada curso.
- ItemO trabalho em talhos e barracas: africanos, libertos, crioulos e escravizados em salvador, bahia (1850-1888)(2022-07-18) Oliveira, Aline Santos de; Soares, Cecilia Conceição Moreira; Silva, Cristiane Batista; Reis, Isabel Cristina Ferreira dosEste estudo discute a organização do comércio de talhos e barracas e as estratégias criadas por negras e negros que desenvolviam esse comércio em Salvador, entre 1850 a 1888. Dentre outros aspectos, há uma preocupação maior em investigar o cotidiano de desse grupo social nas ruas, praças, mercados e freguesias da Cidade Baixa e Cidade Alta. Há um olhar mais relevante para a cidade baixa, onde se localizava, e ainda se localiza, o porto da cidade, que contribuía para movimentação do comércio local como redistribuidor de mercadorias. Analisa-se os registros produzidos pela Câmara Municipal de Salvador, tais como: requerimentos de arrematação de barracas e talhos e infrações de posturas. A câmara tinha controle sobre as atividades comerciais desenvolvidas na cidade, além de ser a principal locatária de talhos e barracas.