Navegando por Autor "Silva, Patrícia Rosa da"
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- ItemO espelho tem duas faces: quem é o “outro”? as percepções identitárias de ex-detentos que encontraram como caminho de reinserção social a conversão evangélica(2007) Silva, Patrícia Rosa da; Menezes, Jaci Maria Ferraz de; Garcia, Pedro Benjamin de Carvalho e Silva; Costa, Lívia Alessandra Fialho daTrata-se de um estudo sobre as percepções identitárias que emergiram ao longo das trajetórias de ex-internos de instituições totais (especificamente os que passaram por instituições de aplicação de medidas sócio-educativas de privação de liberdade, na adolescência; e por penitenciárias, na idade adulta) que encontraram como um possível caminho de reinserção social a conversão evangélica. Para efeito deste estudo, trabalhamos com os egressos do Sistema Penal baiano, mais especificamente, da Penitenciária Lemos de Brito, localizada no município de Salvador – BA e com missionárias que atuam no presídio. Utilizamos como pano de fundo para as análises dados macros que ilustrem as percepções da sociedade e o encaminhamento de soluções tentadas ao longo da História, considerando que as formas como esses sujeitos são visualizados interferem diretamente em sua trajetória e na composição de sua identidade. O que nos interessa, portanto, nesse estudo, não é um mergulho nos pressupostos religiosos, mas as implicações dessa adesão no diálogo com as percepções dos sujeitos em relação a sua própria identidade. A dimensão da conversão, enquanto elemento teórico, que trabalhamos trata exclusivamente das potencialidades e possibilidades de auxílio no processo de reinserção social e de redefinição da auto-imagem desses sujeitos. Entre as principais categorias teóricas utilizadas estão identidade, institucionalização, fronteira, reinserção social e conversão. A metodologia baseada na linha da história de vida parte do pressuposto de que a visualização das narrativas individuais como elementos que dizem de uma coletividade e se articulam, apesar de suas singularidades, na compreensão das interlocuções entre as esferas micro e macro pode nos auxiliar na compreensão das estratégias de reinserção social e de retomada da alteridade no campo reeducacional. A partir do estudo, considerando-se a abrangência ao grupo estudado, podemos afirmar que: 1 - A falta de perspectiva social, balizada pela descrença nos mecanismos de ascensão social por meio do estado; a assimilação de uma auto-imagem estigmatizada; a marginalização social que, por vezes, antecede a prática de delitos; a baixa expectativa dos grupos próximos em relação à trajetória dos sujeitos; as práticas de exclusão presentes em instituições pseudo-receptivas como a escola; a necessidade de pertença e de aceitação a um determinado grupo; e a descrença dos educadores que atuam nas instituições sócio-educativas na ressocialização dos adolescentes atendidos; a desestruturação dos mecanismos punitivos; além da crise de valores concorrem para a entrada e permanência dos adolescentes na criminalidade. 2 - A experiência de institucionalização pode ser mais preponderante para a manutenção do círculo de delinqüência do que a situação sócio-econômica dos indivíduos. 3 - A comunidade religiosa evangélica resgata uma dimensão de alteridade radical na qual a trajetória individual implica menos sobre a visualização e o julgamento do outro do que a sua disposição em modificá-la. 4 - A idéia de arrependimento e de redenção, mas, sobretudo, a possibilidade de igualdade, “somos todos filhos de Deus” parece funcionar como um resgate do auto-valor, a partir do valor de cada indivíduo perante Deus. 4 - A substituição da identidade e do papel social de estigmatizado para a de membro da comunidade, irmão, também, traz implicações positivas para o processo de retomada do indivíduo já que na reeducação, bem como na educação, o respeito é um pilar central para a prática de qualquer processo significativo.