Navegando por Autor "Silva, Deilma Barbosa Santos"
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- ItemO léxico da feira livre: um estudo baseado em um corpus de fala espontânea.(Universidade do Estado da Bahia, 2024-03-26) Silva, Deilma Barbosa Santos; Carmo, Crysna Bomjardim da Silva.; Batista, Magno Santos; Ávila, Luciana Beatriz BastosA feira livre é um espaço dinâmico; justamente no cruzamento dessa diversidade que este estudo recorta seu objeto: o léxico da feira livre. Para tanto, parte do pressuposto de que o léxico, dentre os componentes do sistema linguístico, compete a responsabilidade por armazenar o conjunto das palavras de uma língua, porque ele possui o elemento que mais expressa à cultura de um povo. Assim, importa investigar as unidades lexicais, plenas de significados, manifestadas no vocabulário utilizado nas práticas linguísticas realizadas em um dado espaço. Em outras palavras, ao conhecer o léxico de uma língua, compreendemos o mundo e a forma como determinada comunidade linguística vive. Nesse contexto, esta pesquisa recorta o espaço da feira livre, especificamente, o Mercado Municipal do município de Teixeira de Freitas/Bahia. Sendo assim, esta pesquisa se justifica, não só por reconhecer a feira livre como um espaço rico em práticas linguísticas, as quais se encontram para fazer atividades em comum – comprar, vender e socializar, como também é uma oportunidade de identificar, descrever e discutir comportamentos linguísticos de uma comunidade de fala pouco explorada, portanto insuficientemente conhecida no cenário da linguística brasileira: Teixeira de Freitas – logo, o Território de Identidade do Extremo Sul da Bahia. Diante disso, esta pesquisa parte da seguinte pergunta: Quais são os itens lexicais que constituem o campo do trabalho da feira livre de Teixeira de Freitas Bahia, tendo em vista as práticas linguísticas realizadas nesse espaço de cruzamento? Dessa forma, objetiva discutir como o Modelo Cognitivo Idealizado Feira Livre (MCI Feira Livre) é estabelecido, tendo em vista os itens lexicais evocados por falantes que trabalham na feira livre de Teixeira de Freitas/BA. Para isso, busca: (i) identificar os itens lexicais e /ou possíveis neologismos em práticas linguísticas da feira livre; (ii) estabelecer os limites no MCI Feira Livre, considerando os itens lexicais levantados, levando em conta as informações advindas de seus trabalhadores – ou seja, os feirantes; e (iii) problematizar a divisão do trabalho da feira livre, tendo em vista a categoria extralinguística “gênero” e “classe social”, considerando o MCI Feira Livre. Como pressupostos teóricos, esta pesquisa reúne premissas da Sociolinguística (Alkmim 2001; Bagno, 2007; Labov, 1972 e Tarallo, 1986), Léxico (Antunes, 2012; Biderman, 1998, Oliveira, 2001; Laroca, 2003 e Basílio, 2004); a Linguística Cognitiva (destaque para a Teoria dos Modelos Cognitivos Idealizados (Lakoff; Johnson, 1980, 1987, 2002; Miranda, 1999 e Cienki, 2007) e a feira (Maia, 2006; Dantas, 2007; Vieira, 2004; Mascarenhas, 2005; Dalenogare e Alberti, 2011; Morais e Araújo, 2006 e Pirenne, 1965); dentre outros. Como pressupostos metodológicos, assume os princípios da Linguística de Corpus (Sardinha, 2004), a orientação para a coleta de dados da Pesquisa Sociolinguística (Tarallo, 1986) e a perspectiva sobre o tratamento de dados da fala espontânea da Teoria da língua em ato (Language Into Act Theory –LacT), (Cresti, 2000; Raso, 2012 e Carmo, 2017). Utiliza a ferramenta computacional AntConc (Anthony, 2020), software selecionado para a manipulação do corpus. Considerando os dados oriundos do corpus de estudos, os resultados demonstram: (i) a presença de um MCI Feira Livre, organizador dessa comunidade linguística que conta não só com as ações, participantes, como também: (ii) unidades de medidas, definidas num contínuo da medida mais prototípica (quilo), passando pela intermediária (litro), até a menos prototípica (bestunta) – essa última, a mais usada na feira, cujo termo resulta de neologismo, constituído por projeções metafóricas; (iii) os nomes de temperos (pega marido, Ana Maria, chame chure, tempero do Guedes, tempero do chefe, chamego da cozinha, repete-prato, baiano), cujos processos de formação envolvem mais especificamente a composição vocabular, lexias complexas e extensões de sentido metonímicas; e (iv) o agentivo deverbal feirante é atravessada por fatores ligados a gênero e classe social, marcados pela presença de mulheres das classes menos prestigiadas.