Navegando por Autor "Santos, Maria Rita"
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- ItemEstratégias e táticas de permanência no ensino superior: narrativas sobre experiências de estudantes negros cotistas na Universidade Estadual de Santa Cruz (2012- 2017).(2020-11-30) Santos, Maria Rita; Queiroz, Delcele Mascarenhas; Santos, Dayane Brito Reis; Oliveira, Rachel de; Costa, Lívia Alessandra Fialho da; Vieira Filho, Raphael RodriguesEsta tese objetivou conhecer as narrativas de experiências sobre permanência de estudantes negros cotistas concluintes em 2017 dos cursos de graduação de Alto e Médio-alto prestígio, da UESC, considerando as estratégias institucionais desenvolvidas nesta universidade e pelo Programa Mais Futuro do Estado da Bahia entre 2012 a 2017. Apresento como objetivos específicos: discutir a estadualização da Federação das Escolas Superiores de Ilhéus e Itabuna (FESPI) e criação da UESC relacionando com as reivindicações de permanência dos estudantes na década de 1980; debater os principais conceitos que envolvem as Políticas de Ações Afirmativas nas Instituições de Ensino Superior, destacando as propostas de Movimentos Negros nos contextos nacional e regional; analisar as estratégias institucionais do Programa de Permanência da UESC e do Programa Mais Futuro do Estado da Bahia de 2012 a 2017; e, por último, analisar as narrativas sobre permanência de estudantes negros cotistas concluintes em 2017 dos cursos de graduação de Alto e Médio-alto prestígio da UESC. A pesquisa foi orientada pelas seguintes questões: Quais narrativas sobre permanência foram elaboradas por estudantes negros cotistas concluintes em 2017 dos cursos de graduação de Alto e Médio-alto prestígio da UESC? Como essas narrativas se relacionam com as estratégias institucionais desenvolvidas nesta universidade e pelo Programa Mais Futuro do Estado da Bahia de 2012 a 2017? Nesta pesquisa dialogo com bases teóricas das “Epistemologias do Sul” e adoto a abordagem metodológica qualitativa, ancorada nos pressupostos da pesquisa narrativa com procedimentos interpretativos-compreensivos com inspiração hermenêutica, tendo como textos de campo as narrativas de experiências de quatro estudantes negros e documentos relativos à permanência institucional. No desenvolvimento das análises trabalho com dois eixos estruturantes compreendidos a partir dos mecanismos do racismo estrutural, a saber: Táticas Negras de Permanência Simbólica e Estratégias Institucionais. A partir desses eixos componho as seguintes unidades de análises: subjetividade racial, solidariedade, recursos materiais e recursos simbólicos. A pesquisa permitiu compreender que o racismo estrutura as políticas de permanência, produz ausências dos sujeitos negros e moldam estratégias institucionais distantes da perspectiva das ações afirmativas voltadas para a promoção do acesso desse grupo e redução das desigualdades raciais no ensino superior. Desse modo, os estudantes negros empreenderam resistências envolvendo investimentos educacionais, priorizando potencialidades, convivência social, criatividade, solidariedade e posturas éticas, ou seja, um conjunto de elementos que balizam a organização de Táticas Negras de Permanência Simbólica no ensino superior, um processo espontâneo construído no cotidiano do ambiente acadêmico, iniciado pela identificação dos limites das estratégias institucionais para atender variadas demandas que emergem ao longo dos cursos de graduação. Esse tipo de resistência, tem a ver com a produção de presenças negras, pois, confronta as ausências intencionais produzidas pelos mecanismos que perpetuam o racismo estrutural, também, manifestado no âmbito das instituições. Portanto, para efetivar uma política de permanência no ensino superior, se faz necessário, o Estado da Bahia reconhecer: o racismo como parte da estrutura social que se reproduz, porque, se alimenta e é alimentado pelas estruturas estatais e o Estado tem o poder para criar os meios necessários para enfrentá-lo; as dimensões raça e classe, porque, esta articulação possibilita adotar na formulação de estratégias institucionais os meios para atenuar os efeitos da desigualdade racial no ensino superior; a necessidade de reexaminar a perspectiva de “formação ampliada” e “redução das desigualdades pela educação” que aparecem nos objetivos do Programa Mais Futuro esvaziados de compromisso com a realidade dos estudantes; que o programa não tem atendido as demandas da permanência que emergem ao longo do processo de formação; a urgência de estabelecer rubrica específica para ampliar o programa, pois, até então, os recursos são oriundos do Fundo Estadual de Combate e Erradicação da Pobreza, indicando que esses objetivos não estão entre as prioridades.