Navegando por Autor "Reol, Ângela Gonçalves Nery"
Agora exibindo 1 - 1 de 1
Resultados por página
Opções de Ordenação
- ItemO lugar da escuta na prática pedagógica da educação infantil: novas (im)possibilidades oriundas de uma pandemia(2021-08-30) Reol, Ângela Gonçalves Nery; Oliveira, Rosemary Lapa de; Conceição, Ana Paula Silva da; Soares, Leila FrancaConsiderando que a escuta sensível é fundante no processo de legitimação da voz das crianças no dia a dia da escola, esta pesquisa traz à tona o seguinte problema: como promover uma prática pedagógica pós chegada da pandemia na qual o protagonismo infantil seja legitimado? Essa pergunta levou ao objetivo geral da pesquisa: estudar caminhos metodológicos que garantam uma prática pedagógica pós pandemia na qual o protagonismo infantil seja legitimado. Trata-se de uma pesquisa qualitativa, utilizando fundamentos da Etnopesquisa Crítica Multirreferencial (MACEDO, 2004, 2010). A fim de fundamentar a pesquisa, estabeleci um diálogo entre os seguintes teóricos: para a seção que discute o conceito de infância/infâncias e sua construção, Arroyo (2016), Ariés (1973), Sodré (2009), Sarmento (2000, 2005, 2007), Kramer(2005). Nela, trato da construção do sentimento de infância do ponto de vista histórico, realizando uma linha do tempo até chegarmos no processo de construção no Brasil. Discuto também as várias infâncias possíveis. Sigo então para a seção sobre escuta, onde trago para o debate as ideias de Barbier (2002), Rinaldi (2006, 2014), Malaguzzi (1995) e Friedman (2018, 2020), abordando conceitos como escuta sensível e as múltiplas linguagens da criança. Faço uma relação entre o contexto histórico da modernidade e pós-modernidade relacionando com as práticas pedagógicas vigentes em cada um desses períodos através das reflexões de Campbel (2016) e Dahlberg (2019) e avanço para a reflexão sobre a relação entre escuta e prática pedagógica que promove o protagonismo infantil. A partir das ideias de Arroyo (2016), Macedo (2013), Zabala (1998), Freire(1966), Formosinho (2007), Malaguzzi (1995), Rinaldi (2006, 2014) e Friedman (2018, 2020) inicio apresentando conceitos, concepções teórico-filosóficas, relacionando-as. Foi realizada uma pesquisa preliminar em uma escola de Educação Infantil da rede privada em 2019, em uma turma de crianças de quatro anos buscando suas atitudes responsivas nas relações dialógicas com os adultos, observando e escutando tanto elas como seu entorno. Certa de que até as paredes falariam, a prioridade, conforme orienta Sarmento (2000), foi firmar o interesse para todos os traços e pormenores que fazem o cotidiano, tanto quanto para os acontecimentos importantes que surgem nos contextos investigados. Com a chegada da covid 19, uma nova estruturação social começou a se configurar e ainda nos encontramos nesse processo, sem previsão de retomarmos nossas atividades costumeiras. A escola, em especial a de Educação Infantil, foi demasiadamente afetada. Macedo acrescenta que a etnopesquisa preocupa-se com o homem em seu contexto social, considerando a organização das ordens socioculturais, ocupando-se essencialmente com os processos que constituem o homem em sociedade. Sendo assim, não poderia ficar indiferente ao novo contexto histórico que por ora se apresenta. Implicada no desejo de contribuir para a sociedade, influenciada pelos princípios que regem a etnopesquisa, conforme explanado, levei em consideração a relevância da problemática causada pela pandemia, no sentido de buscar caminhos para que a voz da criança não seja silenciada pelo medo instaurado no mundo. Pelo contrário, encontrar novos caminhos metodológicos que garantam o protagonismo infantil por meio de práticas pedagógicas de escuta às crianças pequenas, permitindo que eles surjam no horizonte brasileiro e quem sabe, mundial. Voltei meu olhar então para novos sujeitos de pesquisa. Aqueles que pensam, planejam, projetam, sonham e que agora buscam soluções para viabilizar a manutenção do direito das crianças pequenas a educação escolar: os gestores, coordenadores pedagógicos e professores. Para produzir as informações almejadas, realizei entrevistas semiestruturadas virtuais individuais, por meio de chamada de vídeo, que abrangeram experiências de enfrentamento da covid 19 e perspectivas encontradas para o cenário educativo na Educação Infantil. Após a análise e discussão das informações produzidas, concluí que a única resposta segura que temos é que é tempo de mudar. No contexto atual, a vida experienciada na escola, se construída em torno dos valores e significados apresentados e 10 discutidos neste texto, pode contribuir para renovar as qualidades democráticas do mais amplo contexto social e cultural. Retornaremos com muitos protocolos, em um contexto novo para todos. Sentimentos se misturarão, e o caminho para garantir os direitos das crianças, de aprender, brincar, expressar, explorar, conviver e conhecer-se, será sempre o da escuta: a escuta documentada e sensível, que traduzirá o que as crianças expressam sobre essa nova realidade pós covid 19.