Navegando por Autor "Procópio, Daniele Freire"
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- ItemPedagogia decolonial educação de pescadores e pescadoras artesanais e marisqueiras: uma experiência na comunidade pesqueira de Ilha de Maré, Salvador, Bahia(2020) Procópio, Daniele Freire; Costa, Lívia Alessandra Fialho daEsta dissertação investiga os elementos presentes na educação escolar da comunidade pesqueira de Ilha de Maré (Salvador–Bahia) que acenam para a importância e fortalecimento da memória cultural e para a sobrevivência da identidade plural e dinâmica da comunidade, organização local e alteridade de seus membros. O objetivo desse estudo consiste em identificar os conhecimentos e práticas incorporados ao currículo escolar que colaboram na preservação dos saberes da comunidade pesqueira pesquisada. Os sujeitos da pesquisa são pescadores e pescadoras artesanais e marisqueiras matriculados (das) na turma da Educação de Jovens e Adultos – EJA TAP V, de uma Escola Municipal da Ilha. Os interlocutores são estudantes com idades entre 18 e 19 anos, moradores das comunidades do Martelo e Bananeiras e atuam em atividades ligadas à cultura da pesca artesanal. Além dos(as) cinco jovens estudantes da EJA, foram entrevistados outros 16 sujeitos, dentre eles diretoras, professoras (es), coordenadoras pedagógicas, lideranças locais, alunos do Centro de Apoio aos Filhos e Filhas de Marisqueiras e a Secretária Executiva do Regional BA-SE do Conselho Pastoral de Pescadores (CPP). As entrevistas aconteceram em diferentes espaços e também contaram com uso de recursos tecnológicos devido ao isolamento social decretado como medida de segurança durante a pandemia da Covid-19, em 2020. O referencial teórico está ancorado no campo dos estudos da pedagogia decolonial, tendo como enfoque uma metodologia pautada na pesquisa qualitativa e etnográfica em educação. O estudo parte de três categorias de análise: a educação de pescadores (as), território pesqueiro e pedagogias decoloniais. Tradição e modernidade, território, desterritorialização e reterritorialização são entendidos como campos de tensão situados na pesca artesanal e que vão direcionar o trabalho de educação popular decolonial. A discussão perpassa um projeto dialógico de educação numa perspectiva decolonial, no âmbito de um movimento social e ecológico - ecologia como “oikos” – casa, e “logos” – reflexão, de escola. Os resultados mostraram que as escolas da Ilha têm buscado implementar práticas pedagógicas pautadas nos saberes locais, mas enfrentam questões administrativas que dificultam a progressão do trabalho, bem como ainda precisa ser estreitada a relação entre escola e comunidade para a consolidação das diretrizes educacionais quilombolas e o alinhamento de propostas vinculadas às necessidades educacionais do território pesqueiro. O mar, a maré, o mangue, o tempo se mostraram como essenciais no processo de formação educacional alinhado à cultura da pesca artesanal e da mariscagem. Os saberes, a ancestralidade e a espiritualidade, constituídos historicamente no maritório, partem da natureza na comunhão com os povos das águas. As experiências educacionais do Conselho da Pastoral dos Pescadores (CPP), do Centro de Apoio aos Filhos e Filhas de Marisqueiras e da Escola das Águas apontam para a efetividade de práticas pedagógicas decoloniais no território pesqueiro. Nelas são ressignificadas as práticas cotidianas a partir da educação voltada para os valores da solidariedade e alteridade pensadas a partir dos próprios sujeitos e das perspectivas das comunidades e seus territórios, visando a justiça social, o acesso a direitos e o fortalecimento da luta pelo território através de uma educação [contextualizada] das águas.