Navegando por Autor "Mattos, Wilson Roberto de"
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- ItemAfrobetizar pelas letras de samba: sequência didática para estudantes da educação de jovens e adultos(Universidade do Estado da Bahia, 2023-07-17) Souza, Eunádia Santos de; Santos, Carla Liane Nascimento dos; Mattos, Wilson Roberto de; Silva, Neilton da; Santana, Claudia Silva deEste estudo investigou a influência das letras de samba no processo de afrobetização na Educação de Jovens e Adultos (EJA), por meio da implementação de sequências didáticas em turmas da EJA. Buscamos também avaliar o impacto desse método no aprofundamento do entendimento dos estudantes sobre as questões étnico-raciais. A pesquisa adotou uma abordagem qualitativa, fundamentada na pesquisa-ação, e contou com suporte teórico de autores renomados incluindo Arroyo, 2006, 2010, 2017; Dantas e Santos, 2020; Di Pierro, 2010, 2020; Freire, 2012, 2014, 2018; Gomes, 2002, 2021; Kleiman , 2018, 2020; Koch, 2002; Munanga , 2014; Rojo, 2004, 2009; Sodré 2012, Soares, 2011, 2019. Nesse contexto, recorremos também a pesquisa bibliográfica para dar suporte teórico as discussões e reflexões em torno da produção de dados junto aos envolvidos no processo da pesquisa. Os resultados revelaram que as letras de samba desempenham um papel crucial no processo de afrobetização na EJA, fornecendo uma abordagem enriquecedora para a educação antirracista. A sequência didática desenvolvida representa uma ferramenta valiosa para os educadores interessados em trilhar por esse caminho. Ao adotar esse método, os professores têm a oportunidade de aprimorar significativamente a experiência educacional de seus alunos, promovendo a valorização da cultura afro-brasileira e o desenvolvimento integral dos aprendizes. Como produto final, desenvolvemos uma sequência didática modelo centrada nos processos de afrobetização, destinada a enriquecer a prática pedagógica dos professores, especialmente no que diz respeito às questões étnico-raciais e às particularidades dos estudantes da EJA
- ItemAluno negro em sala branca: representações sociais de aluno/a sobre relações étnico-raciais afetadas no contexto educativo(2011) Santos, Roberto Carlos Oliveira dos; Ornellas, Maria de Lourdes Soares; Mattos, Wilson Roberto de; Santana, Moisés de MeloEsta pesquisa, intitulada ALUNO NEGRO EM SALA BRANCA: representações sociais de aluno/a sobre as relações étnico-raciais no contexto educativo, tem como objeto as representações sociais das relações étnico-raciais presentes na escola e apoia-se no objetivo de investigar de que forma a existência de discursos hegemônicos, identificados com a matriz eurocêntrica, e que se impõem ao grupo através da linguagem, dos valores, signos e padrões estéticos, interfere no afeto do aluno negro no contexto educativo. Ao enlaçar a temática com a subjetividade, busquei entender a partir da problemática de como se tem desenvolvido nos alunos em ambiente escolar, os processos de (des)encanto os quais reafirmam ou negam a questão étnico-racial, quase sempre marcadas por afetos ambivalentes de ser ou não ser negro, relações que demandam manejo pelos alunos e professores. Os principais aportes teóricos dessa investigação são: Moscovici (2003) e Jodelet (2001), no campo da abordagem processual das Representações Sociais; Cavalleiro (2001; 2003), Gomes (2001; 2002) e Mattos (2003; 2010), nas Relações Étnico-raciais; e Ornellas (2001; 2005), nos Afetos. O percurso metodológico se apoia na pesquisa qualitativa de base empírica e a coleta de dados foi realizada em uma instituição de ensino Federal, em Salvador-Bahia, com seis sujeitos de ambos os sexos, que nela estudam no Ensino Médio. Os instrumentos de coleta de dados foram: a entrevista, como um processo de interação entre o pesquisador e os sujeitos; o grupo focal, como interação entre os sujeitos a partir de tópicos previamente selecionados e a criação de histórias que capturam os discursos, a existência, ou não, de contradições internas, articuladas com as práticas sociais dos sujeitos relacionadas com objeto pesquisado. Para o exame dos dados, utilizei a análise do discurso de vertente francesa (ADF), por entender que ela permite a atualização de elementos manifestos e latentes que não devem ser perdidos ou mascarados na produção discursiva. É possível pensar, a partir dos dados analisados neste estudo, que os alunos reconhecem a importância da escola e exigem que, além do compromisso de instrução do conhecimento, ela seja responsável pela formação ética e social. É na escola que eles revelam passar boa parte do tempo de suas vidas, mais tempo até do que com as próprias famílias. Por isso, ao desconsiderar a diversidade como possibilidade de reconhecimento da riqueza material e simbólica da sociedade, o conteúdo curricular contribui para a perpetuação das estruturas que impõem a desigualdade como norma. A hegemonização de um modelo exclusivista tem ainda impacto direto nas histórias e nos projetos de vida do aluno, obliterando os seus sonhos ao ver no outro aquilo que ele não é, tornando suas aspirações mais difíceis de serem alcançadas. O que impulsiona e busca esta pesquisa é o desafio de pensar a educação como forma de inclusão, descontaminada da ideologia racista, de forma a revelar e combater os múltiplos fatores que atuam como matrizes geradoras do preconceito e da discriminação, afetos que contaminam a família e a sociedade e adentram os intramuros da escola.
- ItemAncestralidades na EJA: atravessamentos e ligações entre o continente africano e a diáspora(Universidade do Estado da Bahia, 2023-05-29) Jesus, Rafaela Mota Giffone de; Santos, Carla Liane Nascimento dos; Mattos, Wilson Roberto de; Barros, Zelinda dos SantosNeste estudo apresentamos a ancestralidade e o encantamento como prática educativa, na medida em que atuam em contraposição à hegemonia epistemológica eurocentrada nos muitos universos, saberes e possibilidades de ser e de aprendizagem na EJA. De natureza aplicada e abordagem qualitativa, com característica exploratória e descritiva (GIL, 2017), esta pesquisa teve como objetivo geral apresentar a Nova EJA e a Metodologia do Reconhecimento de Saberes (MRS) como caminho possível para uma Pedagogia do Encantamento por meio da valorização da herança e legado ancestral africano dos sujeitos (as) da EJA do SESI Bahia. Assim, buscou-se responder às seguintes perguntas: De que maneira, uma educação que tem como fundamento a ancestralidade, pode contribuir para o reconhecimento do legado africano no tempo presente? Como a Pedagogia do Encantamento pode oportunizar maior engajamento dos estudantes na EJA? Como método de pesquisa, adotou-se a pesquisa participante (DEMO, 2008) e militante (BRINGE; VARELLA, 2014), tendo como técnica para produção de dados a pesquisa autobiográfica (SOUZA, 2014) e documental (PÁDUA, 1997), e a análise de conteúdo como técnica de análise dos dados (BARDIN, 2004). Nos objetivos específicos, descreve-se como se configura a Nova EJA e a Metodologia de Reconhecimento de Saberes (MRS) da EJA no SESI Bahia; discute-se a ancestralidade africana e a questão étnico–racial como substratos para uma Pedagogia do Encantamento na EJA; fundamenta-se a Pedagogia do Encantamento na EJA, assentada na cosmovisão africana, a partir da valorização do legado ancestral africano na diáspora e da educação para as relações étnico-raciais; apresenta-se a produção narrativa autobiográfica da pesquisa-formação enquanto pesquisadora e docente da EJA do SESI Bahia. Em relação às referências teóricas, trabalhou-se a dimensão étnico racial com autores como Gomes (2005), Souza (2021), Munanga (2004; 2005) e Cruz (1987). Na discussão realizada acerca da ancestralidade e a questão étnico-racial na EJA, fundamenta-se também nas filosofias africanas em diálogo com os autores como Noguera (2014), Ramose (2002), Nascimento; Gá (2022), Oliveira (2009, 2021, 2007), Carneiro (2005), Nascimento (1977; 2008) e Gomes (2003; 2008; 2011). Como substrato para produção de uma Pedagogia do Encantamento na EJA, o diálogo foi realizado com teóricos como Arroyo (2005), Machado (2019), Njeri (2019) e Oliveira (2021). Como resultados, na dimensão científica, a pesquisa promove e dissemina a ideia de sermos herdeiros e continuidades históricas de comunidades diversificadas com contribuições de grupos africanos diversos ao conhecimento. Na dimensão escolar, a Ancestralidade e a Pedagogia do Encantamento se apresentam como encantamento para vida e escola, favorecendo o engajamento e permanência dos estudantes na EJA. Indica também ajustes a serem feitos no processo de autodeclaração de cor ou raça dos estudantes. Como produto educacional, foi elaborado plano de intervenção comprometido com a difusão de metodologias afirmativas para implementação das leis 10.639 e 11.645 na Educação de Jovens e Adultos.
- ItemUma breve reflexão sobre a implantação da Lei 10.639/03 na rede municipal de ensino de Salvador (2005-2006): a parceira SMEC e CEAFRO(2007) Figueiredo, Otto Vinicius Agra; Silva, Ana Celia da; Guimarães, Elias Lins; Mattos, Wilson Roberto de; Messeder, Marcos Luciano LopesEste trabalho apresenta resultados da pesquisa intitulada Uma breve reflexão sobre a implantação da Lei 10.639/03 na rede Municipal de Ensino de Salvador (2005-2006): a parceria SMEC e CEAFRO. A motivação para a presente investigação foi o trabalho realizado a partir do Projeto Escola Plural: a diversidade está na sala – desenvolvido para algumas escolas professores da rede municipal de ensino pelo CEAFRO – Programa de Educação e Profissionalização para a Igualdade Racial e de Gênero, órgão ligado ao Centro de Estudos Afro-Orientais – CEAO/Universidade Federal da Bahia/UFBA – em forma de parceria com a Secretaria Municipal da Educação e Cultura de Salvador – SMEC. O interesse pela temática parte do desejo de analisar o processo de implantação da Lei 10.639/03 na Rede Municipal de Ensino através das ações de secretaria Municipal de educação e Cultura e do CEAFRO. A importância desse estudo está no aprofundamento das discussões acerca das relações étnico-raciais em educação e o amadurecimento das relações entre órgãos governamentais e instituições ligadas à sociedade civil organizada na formulação e gestão de políticas públicas educacionais. A abordagem adotada foi a pesquisa qualitativa em educação através da técnica de análise documental e da entrevista semi-estruturada como instrumento de pesquisa. Sobre o processo de implantação da Lei 10.639/2003 na Rede Municipal de Ensino foi possível concluir que se deu através de um conjunto de ações que em sua maioria não alcançou toda a Rede de Ensino, além de se perceber certas divergências entre os parceiros investigados na operacionalização de algumas dessas ações.
- ItemA curva e a encruzilhada: a relação entre roça e universidade nos sertões da Bahia, na contemporaneidade(2020-09-23) Macêdo, Maria Dalva de Lima; Queiroz, Delcele Mascarenhas; Nunes Neto, Francisco Antonio; Freitas, Nacelice Barbosa; Costa, Livia Alessandra Fialho da; Mattos, Wilson Roberto deA pesquisa trata da relação entre roça e universidade na contemporaneidade, nos sertões da Bahia. Objetiva responder qual o impacto da universidade na roça, no tocante aos processos de desterritorialização-reterritorialização versus políticas de “fixação do homem ao campo”. Fundamentada na História Oral e em Epistemologias do Sul, apresenta a escrita a partir do diálogo entre teoria e experiência, tendo as narrativas dos entrevistados como fonte principal, e, de forma metafórica, compara o acesso à universidade a curva e a encruzilhada do caminho. Nesta perspectiva, e considerando minha própria experiência de mulher negra da roça, me coloco como copartícipe dos sujeitos pesquisados. O trabalho apresenta a roça enquanto território híbrido, originado da fusão de negros, indígenas e brancos empobrecidos, cuja forma de estar no mundo configura uma cultura negra resultante da transferência de parte do patrimônio cultural de Àfrica para o Brasil; a roça que, em sucessivos processos de desterritorialização-reterritorialização em diferentes bases materiais, se multiterritorializa através de corpos em movimento e difere do conceito científicofilosófico de campo, escapando do sentido semantizador universal. A universidade é apresentada a partir de duas reformas: a do período militar e aquelas do período lulista. A relação entre universidade e roça é avaliada pelo duplo movimento de oferta e acesso. Neste contexto, o formato multicampi da Universidade do Estado da Bahia (UNEB) representa um ganho para a roça, e, embora exija o deslocamento dos corpos da roça até a universidade, significa para estes corpos possibilidades de multiterritorializar-se. Contudo, a roça não é vista pela universidade, ao contrário, ambas se encontram em lados opostos da linha abissal que separa o conhecimento em válido (universidade) e invisível (roça). Validar o conhecimento produzido e reproduzido pela roça, contribuindo para a multiterritorialização e para a descolonização dos corpos dos seus sujeitos, constitui o desafio da relação entre roça e universidade.
- ItemEcos de palavras-imagens: o índio no discurso de intelectuais baianos nos 400 anos do Brasil(2003) Sodré, Maria Dorath Bento; Mattos, Wilson Roberto de; Silva, Ana Célia; HerediaEste trabalho se propõe a analisar e problematizar o discurso sobre índios emitido pelos intelectuais baianos do Instituto Geográfico e Histórico da Bahia – IGHBa no ano de 1900, quando ficaram responsáveis pelas comemorações dos 400 anos do Brasil e construíram a imagem discursiva do índio num contexto de fim de século, de mudanças políticas com o término do governo de Luís Vianna, do fim da guerra de Canudos e de influência das teorias raciais. Entre as referências que marcam este discurso, tem-se a projeção de uma imagem idealizada do índio com forte traço romântico, localizado no passado, mais exatamente no início da colonização brasileira e em vias de extinção. Serviram como fontes principais para a análise desse discurso o romance-histórico Pindorama, de Xavier Marques, e o relatório Estudos sobre a Baía Cabrália e Vera Cruz, do major Salvador Pires Carvalho e Aragão, produzidos sob a égide das comemorações do quarto centenário de descobrimento do Brasil. Nesses livros, nos jornais de maior circulação na época e nas revistas do IGHBa, identifica-se o enunciado da miscigenação como uma preocupação que poderia comprometer o futuro projeto de uma sociedade monorracial branca na Bahia, tornando a presença de mestiços, negros e índios uma questão social para a qual os intelectuais deveriam indicar a solução. Diante deste enunciado a imagem-discursiva do índio é um misto de mito da nacionalidade, produzido pelos literatos românticos de meados do século XIX, atualizado com os pressupostos raciais que entendiam a miscigenação como degeneração racial. Para instituir a identidade indígena, os intelectuais utilizam textos produzidos no período inicial da colonização brasileira, como a carta de Pero Vaz de Caminha em que pressupõem encontrar as características para identificar os índios, que o olhar contemporâneo de final de século deveria reconhecer. Contam, também, com o pressuposto da teoria evolucionista, segundo o qual o processo de desaparecimento dos índios era uma lei da natureza para os povos que não acompanhassem o progresso modelado na Europa. Com a instrumentação da metodologia da análise de discurso, buscou-se, nesta dissertação indicar como esse discurso de final do século XIX projetou, na memória social brasileira a invisibilidade do índio, a crença de seu desaparecimento, o reconhecimento da identidade indígena que foi atribuída pelos intelectuais. Sob signo de final de século, os intelectuais baianos projetaram uma imagem do índio com traços físicos e culturais estereotipado, com um lugar no passado da história do Brasil, portanto distanciando o índio no espaço e no tempo, onde pretendiam que tivesse permanecido. Tentou-se ouvir os ecos dessa projeção, entendendo que desvendar esse discurso pode-se chegar as práticas como o não reconhecimento do índio que não corresponda à imagem-discursiva que associa fenótipo enfeitado de penas, arco e flecha, como sendo lugar de índio as matas ou lugares distantes das cidades do País, e a perspectiva de extinção do índio.
- ItemHierarquias Raciais e de Gênero e Medidas de Reparação: Sobre a Participação das Mulheres Negras em Cursos Superiores no Marco das Ações Afirmativas(2007-11-30) Bonfim, Vânia Maria da Silva; Queiroz, Delcele Mascarenhas; Nascimento, Elisa Larkin; Mattos, Wilson Roberto de; Silva, Ana Célia daEsta dissertação trata da articulação entre racismo e sexismo como estruturantes do lugar hierárquico da mulher negra com alta grau de escolaridade (ensino superior). A desigualdade na participação das mulheres negras no ensino superior público, no marco da Ação Afirmativa, mais especificamente, é o foco da discussão aqui tecida. O espaço empírico escolhido para coleta de dados sobre as universitárias negras foi o campus I da Universidade do Estado as Bahia/UNEB, situado na cidade de Salvador. Através de questionários foram coletados dados sócio-econômicos e raciais dos universitários que ingressaram na UNEB no ano de 2005. Considerando que, como revelou a literatura sobre o tema, a desigualdade na participação racial no ensino superior recai com mais rigor sobre as mulheres negras auto-classificadas como “pretas”, centrou-se análise nesse grupo de mulheres. Contudo, supunha-se que o contexto de cotas para ingresso de negros configuraria uma nova e positiva situação de acesso e participação destas mulheres. Entretanto, os dados conduziram à inferência de que existe uma particular articulação entre o racismo e o sexismo como estruturantes dessa participação que, ainda que mais atenuadamente, sobrepõe a ação afirmativa, na modalidade de cotas, quando analisada a participação das auto-classificadas “pretas” nos diferentes cursos. A alta escolarização num sistema de ensino marcado pelo condicionamento de gênero e pela estereotipação racial, somada às condições precárias de vida forjadas pela exclusão racial, contribuem para perpetuar a dificuldade de elevar as mulheres negras, destacadamente as “pretas”, a cursos superiores que se revertem em prestígio simbólico e material na sociedade, mesmo com as cotas. Espera-se que esta investigação possa se constituir numa contribuição à avaliação e à análise das ações afirmativas, no que concerne a eficácia dessa medida reparatória frente ao modus operandi do modelo racial brasileiro. E, desse modo, contribuir para a criação de mecanismos de reparação do racismo perpetrado pelo modelo racial brasileiro, para alavancar da situação altamente desfavorável as mulheres negras, as quais antes da imputação de estigmas de negra, mulher e escrava, eram entes proeminentes em suas sociedades ancestrais.
- ItemHierarquias raciais e de gênero e medidas de reparação: sobre a participação das mulheres negras em cursos superiores no marco das ações afirmativas(2007) Bonfim, Vânia Maria Da Silva; Queiroz, Delcele Mascarenhas; Nascimento, Elisa Larkin; Mattos, Wilson Roberto de; Silva, Ana Célia daEsta dissertação trata da articulação entre racismo e sexismo como estruturantes do lugar hierárquico da mulher negra com alta grau de escolaridade (ensino superior). A desigualdade na participação das mulheres negras no ensino superior público, no marco da Ação Afirmativa, mais especificamente, é o foco da discussão aqui tecida. O espaço empírico escolhido para coleta de dados sobre as universitárias negras foi o campus I da Universidade do Estado as Bahia/UNEB, situado na cidade de Salvador. Através de questionários foram coletados dados sócio-econômicos e raciais dos universitários que ingressaram na UNEB no ano de 2005. Considerando que, como revelou a literatura sobre o tema, a desigualdade na participação racial no ensino superior recai com mais rigor sobre as mulheres negras auto-classificadas como “pretas”, centrou-se análise nesse grupo de mulheres. Contudo, supunha-se que o contexto de cotas para ingresso de negros configuraria uma nova e positiva situação de acesso e participação destas mulheres. Entretanto, os dados conduziram à inferência de que existe uma particular articulação entre o racismo e o sexismo como estruturantes dessa participação que, ainda que mais atenuadamente, sobrepõe a ação afirmativa, na modalidade de cotas, quando analisada a participação das auto-classificadas “pretas” nos diferentes cursos. A alta escolarização num sistema de ensino marcado pelo condicionamento de gênero e pela estereotipação racial, somada às condições precárias de vida forjadas pela exclusão racial, contribuem para perpetuar a dificuldade de elevar as mulheres negras, destacadamente as “pretas”, a cursos superiores que se revertem em prestígio simbólico e material na sociedade, mesmo com as cotas. Espera-se que esta investigação possa se constituir numa contribuição à avaliação e à análise das ações afirmativas, no que concerne a eficácia dessa medida reparatória frente ao modus operandi do modelo racial brasileiro. E, desse modo, contribuir para a criação de mecanismos de reparação do racismo perpetrado pelo modelo racial brasileiro, para alavancar da situação altamente desfavorável as mulheres negras, as quais antes da imputação de estigmas de negra, mulher e escrava, eram entes proeminentes em suas sociedades ancestrais.
- ItemIntelectuais negros, memória e diálogos para uma educação antirracista: uma leitura de Abdias do Nascimento e Edison Carneiro(2013-09-16) Macêdo, Marluce de Lima; Mattos, Wilson Roberto de; Silva, Ana Célia da; Souza, Florentina da Silva; Queiroz, Delcele Mascarenhas; Cardoso, Paulino de Jesus FranciscoNesta tese, reflito sobre intelectuais negros, memória, tradição, insurgência e educação antirracista, tomando, como pano de fundo para discussão da temática abordada, o conjunto de obras de dois autores negros brasileiros: Edison Carneiro e Abdias do Nascimento, buscando traçar relações entre as temáticas centrais que orientam esta reflexão – memória, tradição e insurgência – e a escrita destes autores com o objetivo de desvelar se a mesmas podem ser traduzidas como novos quadros interpretativos sobre as experiências das populações negras no Brasil, a fim de contribuir para uma (re)configuração da memória destas populações e também para a construção de uma educação antirracista e multiculturalista. Assim, os debates realizados giram em trono de uma análise e de uma reflexão aprofundada sobre qual é a memória hegemônica nos processos educacionais institucionalizados e quais os conteúdos e proposições das obras dos autores selecionados. Por fim, situo estas obras num quadro de memória protagonizado por intelectuais negros(as), alicerçado no combate ao racismo e ao colonialismo e na criação/proposição de conhecimentos que têm como meta sociedades mais inclusivas e igualitárias. Alguns campos teóricos foram diálogos destacados: Estudos Culturais e Pós-coloniais, Estudos Étnicos e autores(as) negros(as) diversos(as) que tomo aqui como um campo de Pensamento Negro. Do ponto de vista do método, apresento uma proposição teórica a partir de Bakthin e Glissant, enfocando o dialogismo para uma leitura realizada enquanto uma tradução do discurso manifesto dos autores, mas, também, das linhas marginais do texto, privilegiando – como metodologia – a análise textual das fontes bibliográficas e das demais fontes.
- ItemLiteratura negro-brasileira, Esmeralda Ribeiro (1991) e Lima Barreto (1998): labutas de uma postura pós-colonial(Universidade do Estado da Bahia, 2021-08-06) Santos, Leidiane Mercês; Santana, Suely Santos; Andrade, Ana Claudia Pacheco de; Mattos, Wilson Roberto deAs narrativas construídas acerca dos sujeitos negros brasileiros, tanto na História oficial quanto no cânone literário, não foram justas. Além disso, a produção literária de autoria negra que se propunha à construção de diferentes histórias foi propositalmente negligenciada. Diante disso, esta pesquisa busca apresentar a proposta da literatura negro-brasileira e refleti-la enquanto uma insurgência pós-colonial disposta a romper com as narrativas hegemônicas, difusoras de uma história única, e a nomear a experiência literária negro-brasileira. Essa proposta é realizada mediante a análise das obras Clara dos Anjos e Guarde Segredo, de Lima Barreto (1998) e Esmeralda Ribeiro (1991), respectivamente. A referente análise enfatiza a releitura de Clara dos Anjos, no conto Guarde Segredo, e investiga as estratégias utilizadas por Ribeiro (1991) para reiterar a denúncia feita anteriormente, por Barreto (1998), e, ao mesmo tempo, acrescentar novas significações à história, bem como assinalar o seu lugar discursivo, enquanto uma mulher negra escrevendo sobre si mesma. Para tanto, tem-se como metodologia a pesquisa bibliográfica, cujo método de abordagem utilizado é o hipotético- dedutivo. Desse modo, os resultados alcançados nesta pesquisa levaram à conclusão de que Esmeralda Ribeiro (1991), ao reler a obra em questão, no conto Guarde Segredo, se uniu à denúncia feita anteriormente, por Lima Barreto (1998), na medida em que novas significações e novas (re) ações foram recriadas acerca da história de Clara dos Anjos, no conto.
- ItemO bonga e a administração colonial portuguesa: imagens e representações no vale do Zambeze, Moçambique (1855-1876)(Universidade do Estado da Bahia, 2022-12-21) Hora, Lana Lessa dos Santos; Santos, Denilson Lessa dos; Santos, Hamilton Rodrigues dos; Mattos, Wilson Roberto deNo último quartel do século XIX, após a independência do Brasil, Portugal aprofundou o processo de ocupação colonial portuguesa, evidenciando um projeto cujo objetivo não era só a ocupação da terra, mas também a exploração dos recursos naturais e humanos em Moçambique. Até então, o interesse português era comercial e sua influência consistia numa rede de feitorias e fortalezas, com poucas pessoas, na costa oriental, e algumas vilas isoladas no interior do território. Logo, a região do atual Moçambique não era colônia efetiva de Portugal. Bem como, os envolvidos nessa dinâmica comercial estavam cientes de que somente era possível comercializar na região mediante a colaboração das lideranças locais, os régulos. Assim, o nível de poder exercido pelos portugueses com esse novo projeto colonial alterou as relações com os grupos sociais e políticos em África, sobretudo com os régulos. A relação que antes era essencialmente comercial, procurou se enquadrar numa política voltada à efetivação da posse da região e a uma eficaz exploração de suas riquezas. Dentro da historiografia surgiram diversos debates sobre a ação dos régulos, alguns defendiam que os chefes locais agiram estrategicamente, ora negociando com o sistema colonial, ora resistindo. Assim, este artigo busca compreender a relação entre o régulo Bonga e a administração colonial, baseado nas imagens e representações construídas pelos agentes coloniais portugueses durante o período de chefia do Bonga, no prazo de Massangano (1855-1876)
- ItemA pedagogia do candomblé: aprendizagens, ritos e conflitos.(2006-11-01) Conceição, Lúcio André Andrade da; Mattos, Wilson Roberto de; Santana, Marise de; Silva, Stela Rodrigues daEste trabalho tem como objetivo investigar as bases estruturantes da Pedagogia presente no cotidiano de uma Roça de Candomblé – O Ilê Axé Obanã, situado em Lauro de Freitas/Ba, dirigido pelo Babalorixá Flaviano dos Santos. A partir da minha vivência no culto e dos estudos na especialização, afirmo que o conflito inicial daqueles que desejam tornar-se membro acabam sendo desconstruídos na dinâmica do lugar. Daí surge a questão: porque e como isto acontece? A hipótese é que o Candomblé possui em sua dinâmica interna, uma Pedagogia que lhe é própria, singular que se diferencia da Pedagogia praticada nas escolas. Entendo educação como pratica social desenvolvida em um tempo e lugar, que se fundamenta em uma teoria pedagógica. No caso do Candomblé, esta teoria tem seus princípios no conhecimento herdado de seus antepassados africanos, os quais contribuirão na configuração da cultura afro-brasileira. No entanto, este legado ancestral será melhor preservado no âmbito do culto, enfrentando discriminações, preconceitos e distorções que marcam nossa história social. Isto, de certa forma, orientou a educação na Roça para a preservação de suas tradições. Neste esforço, o processo de perpetuação e transmissão de saberes, eminentemente dinâmico da Roça vai explorar, através das suas formas simbólicas (THOMPSON, 1995), uma dimensão educativa que toma de empréstimo alguns pressupostos presentes na Pedagogia Simbólica de Byington (1995) como, por exemplo, a não dicotomia dos aspectos objetivos e subjetivos da existência humana. Usando de uma metodologia baseada na investigação densa sobre a cultura do lugar, interpreto três ações ocorridas no Ilê Axé Obanã visando extrair significados educativos, na expectativa de poder tecer proposições para a educação formal no âmbito da educação pluricultural.
- ItemPerspectivas de Rappers Brancos/as Brasileiros/as Sobre as Relações Raciais um Olhar Sobre a Branquitude(2015-11-04) Miranda, Jorge Hilton de Assis; Messeder, Marcos Luciano Lopes; Cardoso, Lourenço da Conceição; Mattos, Wilson Roberto deEsta dissertação busca compreender a visão de rappers brancos/as brasileiros/as sobre as relações raciais e, em específico, sobre a branquitude. Em que medida os temas relacionados ao racismo têm feito parte do olhar crítico dos/as mesmos/as? Veremos que o modo como se definem racialmente não impede que a maioria reconheça a existência de privilégios por conta do fenótipo branco. A análise de discurso e de conteúdo é feita com base em composições e participação direta de 17 (dezessete) artistas que responderam a um questionário e, indiretamente, através de entrevistas disponibilizadas em diferentes fontes documentais e obras de outros 8 (oito) nomes, de carreira individual ou em grupo. Discuto como as categorias de classe, gênero, estética e religião se imbricam na identidade artística e racial e de que maneira a interseccionalidade opera. Apresento uma abordagem conceitual contemporânea, relacionada aos estudos sobre raça-etnia. E para se entender tais marcadores no contexto das relações que envolvem os/as rappers, construo novos conceitos, como o de "padrão Racionais", "empatia abnegada", "branco denegrido". Outros são desdobrados buscando caracterizar e referendar as posturas dos/as artistas numa perspectiva autocrítica e educativa
- ItemRap: gênero de aprendizado e resistência no cotidiano da juventude do Colégio Estadual Luciano Passos(Universidade do Estado da Bahia, 2021-12-06) Santos, Caio Macel de Jesus; Santana, Suely Santos; Andrade, Ana Claudia Pacheco de; Mattos, Wilson Roberto deO presente trabalho de conclusão de curso tem como tema o Rap como gênero textual em sala de aula, posteriormente tem como objetivo geral: Averiguar a influência do rap nacional no cotidiano da juventude do Colégio Estadual Luciano Passos. A metodologia utilizada pelo pesquisador foi o método hipotético dedutivo, o mesmo ajudou durante a coleta de dados através da opinião dos alunos que foi realizada através de um questionário na plataforma google formulário. Por fim os resultados obtidos foram que o rap nacional se encontra presente no cotidiano dos alunos do Colégio Estadual Luciano Passos. Esta pesquisa baseia-se nos estudos de (Souza 2011), (Camargos 2015), (Chimamanda 2009).
- ItemRAP: gênero de aprendizado e resistência no cotidiano da juventude do Colégio Estadual Luciano Passos(Universidade do Estado da bahia, 2021-12-06) Santos, Caio Macel de Jesus; Santana, Suely Santos; Andrade, Ana Claudia Pacheco de; Mattos, Wilson Roberto deO presente trabalho de conclusão de curso tem como tema o Rap como gênero textual em sala de aula, posteriormente tem como objetivo geral: Averiguar a influência do rap nacional no cotidiano da juventude do Colégio Estadual Luciano Passos. A metodologia utilizada pelo pesquisador foi o método hipotético dedutivo, o mesmo ajudou durante a coleta de dados através da opinião dos alunos que foi realizada através de um questionário na plataforma google formulário. Por fim os resultados obtidos foram que o rap nacional se encontra presente no cotidiano dos alunos do Colégio Estadual Luciano Passos. Esta pesquisa baseia-se nos estudos de (Souza 2011), (Camargos 2015), (Chimamanda 2009).
- ItemSobre a(s) memória(s) dos homens/mulheres das usinas: contemporaneidade do recôncavo açucareiro como demanda educacional(2014-10-24) Souza, Amós da Cruz; Menezes, Jaci Maria Ferraz de; Coelho, Maria das Graças Pinto; Cruz, Antônio Roberto Seixas da; Santana, Elizabete Conceição; Mattos, Wilson Roberto de; Castro, Jânio Roque Barros deEsta tese de doutorado foi construída no desvelamento de um lugar de memória da comunidade de experiências dos homens e mulheres relacionados aos espaços geohistóricos das usinas de açúcar do Recôncavo baiano, implícito ao Memorial do Cinquentenário da cidade de Amélia Rodrigues, em 2011. A abordagem de um acervo fotográfico, como fonte principal da pesquisa, problematizou a pluralidade cultural do Recôncavo, evidenciando resistências da memória social (experiências de trabalho, habitação e convivência) como sentido subjacente aos enquadramentos fotográficos e expressivos de táticas da ocupação efetiva desse território que, no campo do simbólico, valoriza a subjetividade como um traço predominante da caracterização cultural desse território nos últimos cinquenta anos de sua história, em que se agravou o êxodo rural ou desterritorialização das fazendas de açúcar. Essa suposição de confronto simbólico à prescrição de narrativa histórica da cidade, questionando os pressupostos monológicos das narrativas históricas, como sempre alusivas de certo pioneirismo/heroísmo colonialista da fundação nacional, determinou o interesse de compreensão dessas intenções inscritas no memorial fotográfico. Partindo de recortes temáticos e cruzamento dos mesmos com outros dados documentais, como procedimentos elucidativos de recorrências intencionais, analisamos as possibilidades dialógicas entre as representações estabelecidas e esses significados emergentes sobre a condição subjetiva do Recôncavo açucareiro na contemporaneidade, considerando-se o caráter autonarrativo dos dados. Esses indícios, por sua vez, caracterizando um estudo exploratório, demandaram os olhares dos campos dos estudos pós coloniais/subalternos latino americanos, associados a pressupostos metodológicos da Nova História Cultural, tomados como referências das leituras análises que se apresentam neste trabalho, obtendo-se como resultados, outros olhares e possibilidades de enfrentamento do paradoxo contemporâneo do Recôncavo baiano, mediante a ressignificação da consciência sobre sua condição humana ou demanda de reeducação das possibilidades de ver o desenvolvimento/modernização na dialógica das diferenças e conforme a instrumentalidade das narrativas locais. Este trabalho culminou, portanto, na proposição de uma prática (foto)gráfica que, associando memória e história, torna-se propícia à educação dos olhares brasileiros acerca da demanda de “dupla consciência da modernidade”, mencionada por Paul Gilroy (2001), acerca das possibilidades de valorização das subjetividades africanas das diaspóricas.
- ItemTabuleiro identitário: O quase do racismo à brasileira e sua encruzilhada quilombola no IFBA do território de identidade da Chapada Diamantina(2017-09-28) Portela, Ana Carla Lima; Messeder, Marcos Luciano Lopes; Souza, Marcilene Garcia de; Mattos, Wilson Roberto deA Chapada Diamantina, conhecida pela exuberante paisagem natural, reserva em suas grotas uma riqueza que não se restringe ao diamante que a nomeia, seu principal tesouro é negro, são as comunidades negras rurais e quilombolas que habitam o território. O presente trabalho promove um diálogo entre etnografia, pesquisa-ação, com elementos da pesquisa (auto) biográfica, a fim de abarcar inquietações teóricas e objetivas oriundas de uma experiência extensionista, comprometida com o fortalecimento das políticas de ações afirmativas no IFBA, em uma atuação junto às comunidades quilombolas de Seabra. Emana do projeto Semente Crioula, voltado para o acesso e a permanência de estudantes quilombolas no IFBA, que muda a face das turmas regulares com ingresso de novos quilombolas, mas também por impulsionar o reconhecimento de outros, antes com o trânsito institucional marcado pela negação da identidade quilombola. A pesquisa tem como objeto de análise as modulações identitárias, florescidas a partir da intensificação das políticas de ações afirmativas, em especial as cotas, as quais fazem emergir, com a exigência da autodefinição, nuances da arquitetura racista que alicerça a sociedade brasileira e nela sedimentou o mito da democracia racial. No tabuleiro indentitário, o real cromatismo manipulado pelo racismo, a fim de escamotear os privilégios na hierarquia racializada, forja um quase identitário, historicamente como mecanismo de apagamento da presença negra, mas que hoje é palco de disputas onde forças contrárias ao racismo coexistem com as que anseiam a manutenção das relações que ele suporta. Após reafirmar a legitimidade das políticas de ações afirmativas, denunciando o filtro educacional na progressão dos quilombolas, a partir dos desafios oriundos da experiência do Semente Crioula, este estudo pousa, sob a copa da Boabá no quase identitário e sua encruzilhada quilombola. Foca na interface entre a identidade racial e quilombola em construção em meio ao novo momento das relações raciais no Brasil, impulsionado pelas políticas de ações afirmativas, onde o quase, que historicamente quis ser branco, é hoje interpelado por uma atmosfera de afirmação e reconhecimento do negro enquanto sujeito desta nação. O aprimoramento dos mecanismos de acesso e permanência vigentes é o que o nosso estudo intenciona, entretanto o resultado já alcançado é o mergulho físico e teórico no caudaloso rio da complexa racialidade brasileira, em busca do sim às ações afirmativas e do não ao racismo.
- ItemTrajetória educacional e ambiência afirmativa no acesso de estudantes negros superselecionados à pós-graduação(2007) Sousa, Romilson da Silva; Queiroz, Delcele Mascarenhas; Mattos, Wilson Roberto de; Siqueira, Maria de Lourdes; Silva, Ana CéliaEste trabalho é o resultado de uma investigação sobre o acesso de estudantes negros à pósgraduação. Vários são os fatores que dificultam esse acesso, entretanto, um fator, a sua condição racial, pesa de maneira especial, fazendo com que chegar e entrar na pós-graduação estejam diretamente relacionados a sua trajetória educacional e à ambiência acadêmica do programa de pós-graduação ao qual este estudante deseje entrar. O sistema de ensino, impactando sobre esses aspectos, seleciona e prefere estudantes que tenham incorporado certa herança educacional e identificação com determinadas dimensões culturais da pesquisa científica, excluindo e eliminando outros. Sendo assim, a pós-graduação tende a ratificar, legitimar e reproduzir privilégios sociais, culturais e étnico-raciais no acesso à pesquisa. Desse modo, para o estudante negro, diante de suas condições no sistema de ensino, desejar a pós-graduação é trabalhar com uma improbabilidade, haja vista o número de estudantes negros mestrandos e doutorandos, no Brasil. São muito raros os estudantes negros que, rompendo inúmeras barreiras, alcançam o ensino superior, concluem com êxito esse estágio e chegam à pós-graduação. No entanto, um programa específico de pós-graduação, o PEC/UNEB, chama atenção pela forte presença de estudantes negros cursando mestrado. Nosso objetivo, nesse trabalho consiste em identificar os fatores que contribuem para a presença de estudantes negros na pós-graduação, tomando como espaço empírico o Programa de Educação e Contemporaneidade – PEC da UNEB. Para dar conta de nossa investigação, utilizamos uma metodologia de pesquisa qualitativa de cunho fenomenológico, fundamentada na multireferencialidade, adotando como procedimento a analise documental dos memoriais dos estudantes negros, aprovados nos anos de 2001 a 2006 no Programa, o grupo focal e os documentos do PPGEduC /UNEB. A pesquisa evidenciou elementos que contribuem para a presença de estudantes negros nesse espaço, tais como: a existência de uma política de ações afirmativas na Instituição, as características do próprio programa, com uma linha de pesquisa particularmente sensível aos interesses dos estudantes pesquisados, representados pelas desigualdades raciais e afirmação da presença da cultura negra na educação, além das trajetórias educacionais dos estudantes, que foram considerados superselecionados.