Navegando por Autor "Marques, Denise Vasconcelos Moreira"
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- ItemConcepções e práticas de cuidado em Jacobina-BA: pessoas com o Transtorno do Espectro Autista (TEA), famílias e equipes multiprofissionais de saúde(2021) Marques, Denise Vasconcelos Moreira; Salvadori, Juliana Cristina; Mattos, Nicoleta Mendes de; Mello, Sandra Maria FerrazO Transtorno do Espectro Autista (TEA) tem sido pauta de estudos acadêmicos no Brasil nas áreas de Saúde e Educação e, dentre os interesses de pesquisa, destaca-se a descrição do espectro a partir de critérios clínicos com ênfase nos déficits de comunicação e interação social, comportamentos repetitivos ou restritos, sensibilidade sensorial, entre outros aspectos diagnósticos. Para além, a literatura sinaliza a necessidade de se implantar ações de assistência pública às pessoas com o TEA, embasadas em práticas de cuidado. No âmbito da Odontologia, campo de atuação da pesquisadora, emergem desafios na prestação de serviço ao público, sobretudo, no Centro de Especialidades Odontológicas (CEO), situado na cidade de JacobinaBA. Nesta pesquisa, os desafios são tomados como inquietações frente às práticas realizadas pelos/as profissionais atuantes na atenção básica (Estratégias de Saúde da Família-ESF) e de média complexidade (CEO). O objetivo geral deste estudo foi compreender como são realizadas as práticas de cuidado nos espaços multiprofissionais de saúde, assim como, os impactos dessas ações na vida de pessoas com o TEA no município de Jacobina-BA. Além disso, teve como objetivos específicos: 1) Mapear as equipes multiprofissionais de saúde, de baixa e média complexidade do município de Jacobina, que atuam na atenção às pessoas com o TEA; 2) Identificar e registrar as práticas de cuidado desenvolvidas pelos/as profissionais, nos centros colaborativos de saúde, no atendimento ao referido público. A ação investigativa teve como lócus o CEO e como participantes 11 servidoras públicas. Como delineamento metodológico, o estudo inspirou-se na abordagem qualitativa e no paradigma crítico, tomando como método a pesquisa participante. Para a construção dos dados foram utilizados os seguintes dispositivos: análise documental, observação participante, diários de campo e círculos focalizados – inspirados nos círculos de cultura de Paulo Freire. Os círculos focalizados serviram, ainda, como dispositivo de intervenção e análise de dados. Em função da pandemia da COVID-19, os círculos focalizados ocorreram de forma online, e essa adaptação gerou desafios à promoção do processo coletivo direcionado à ação-reflexão-ação das participantes, mas promoveu ganhos quanto à adesão, participação e interação de todas. As categorias teóricas e de análise, construídas ao longo da pesquisa, são: políticas públicas de saúde e o SUS; equipes multiprofissionais de saúde e práticas de cuidado. Os resultados, a partir das narrativas das participantes nos círculos focalizados, apontaram que as práticas de cuidado para esse público precisam ser reavaliadas, ressignificadas e reestruturadas de modo coletivo. Apontaram, também, a precariedade no atendimento às pessoas com o TEA e suas famílias/cuidadoras, devido à ausência de equipes multiprofissionais atuantes nas instituições de baixa e média complexidade. Quanto às práticas de cuidado, embora existentes, são realizadas de forma pontual, sinalizando a ausência de ações integralizadas, por parte das equipes multiprofissionais. Esse quadro se desenha, em parte, devido às concepções que fundam as práticas de cuidado se pautarem no modelo curativista e caritativo-assistencialista, ampliando, desse modo, a exclusão social e a invisibilidade das demandas deste público, abrindo espaço para identificação das profissionais com o sofrimento das cuidadoras e do sentimento de falta de possibilidades e ações para atender devidamente essas pessoas. A partir dos resultados, recomenda-se a alteração e ampliação de ações nos serviços de saúde voltados para a inclusão das pessoas com o TEA e para suas famílias/suas cuidadoras, no âmbito do Sistema Único de Saúde (SUS), de forma acolhedora, humanizada e multidisciplinar, especialmente, nas ESF e no CEO. Dentre as dificuldades para ampliar as práticas de cuidado no SUS, está a necessidade de construir um plano de ação/diretrizes, em parceria com as equipes multiprofissionais, e, dentre essas diretrizes, um Documento Referencial Educativo, direcionado às práticas de cuidado para pessoas com o TEA nos espaços de saúde do município. Essa construção de diretrizes a partir da escuta das equipes é necessária para ampliar o debate sobre pautas da diversidade, e implantar efetivamente uma rede de atenção integrada para o atendimento desse público, reafirmando, assim, o compromisso ético da pesquisadora, das participantes, do serviço e da saúde pública brasileira para o desenvolvimento de um trabalho mais humanizado nos espaços público de saúde.