Navegando por Autor "Macêdo, Dinalva de Jesus Santana"
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- ItemO currículo escolar e a construção da identidade étnico-racial da criança e do adolescente quilombola: um olhar reflexivo sobre a auto-estima(2008-09-26) Macêdo, Dinalva de Jesus Santana; Messeder, Marcos Luciano Lopes; Sá, Maria Roseli Gomes Brito de; Queiroz, Delcele Mascarenhas; Silva, Ana Célia da SilvaEsta dissertação é o resultado de um estudo realizado sobre a influência do currículo escolar na construção da identidade étnico-racial dos/as educandos/as, em uma escola municipal situada na comunidade negra rural quilombola Araçá/Cariacá, no município de Bom Jesus da Lapa, na região do Médio São Francisco, no estado da Bahia. Trata-se de uma pesquisa qualitativa etnográfica, pensada a partir da minha participação como professora formadora no Projeto de Capacitação e Acompanhamento de Professores dos Quilombos de Mangal/Barro Vermelho e Araçá/Cariacá. A partir dessa relação é que se construiu o objeto de estudo. Nesse sentido, buscou questionar: de que forma o currículo escolar influencia no processo de construção da identidade étnico-racial e da auto-estima da criança e do adolescente quilombola? Para a investigação, utilizamos a observação participante, entrevistas semi-estruturadas, diário de campo, uma técnica com os/as alunos/as intitulada Conversando através do espelho, reuniões, análise da proposta pedagógica da escola, conversas informais e história oral. Para analisar os dados coletados, utilizamos alguns elementos da técnica de análise de conteúdo na modalidade temática. Os resultados revelam que a escola demonstra desejo e preocupação para trabalhar com a história e a cultura da comunidade, porém não consegue questionar e transgredir o currículo oficial, para ir além dos conteúdos tradicionalmente valorizados pelos estabelecimentos de ensino. Assim, a escola não atende às especificidades étnica e cultural dos/as alunos/as e tende a propagar um currículo monocultural e hegemônico, o que dificulta o processo de construção da identidade étnico-racial e da auto-estima desses/as educandos/as. A escola encontra dificuldades para o rompimento dessas práticas discriminatórias e excludentes, que silenciam as culturas historicamente marginalizadas do processo educacional. As possíveis causas relacionadas com essas dificuldades são: a falta de material didático-pedagógico e de pesquisa para trabalhar com a diversidade étnico e cultural, a falta de formação inicial e continuada para trabalhar com a educação das relações étnico-raciais, a resistência dos/as alunos/as aos conteúdos que tratam de questões relacionadas às populações negras e a dificuldade e/ou resistência das professoras em trabalhar com a questão racial. Cabe ressaltar que já aparecem na escola iniciativas individuais e pontuais de trabalho sobre a história da comunidade e a questão da identidade quilombola dos/as educandos/as, que podem influenciar positivamente em seus processos identitários, bem como na formação de uma auto-estima positiva. Diante disso, esta pesquisa aponta para a necessidade de redefinir concepções de educação, currículo e ações, para buscar a afirmação da identidade étnico-racial da criança e do adolescente quilombola, bem como a gestação de uma escola plural e emancipatória.
- ItemEducação em comunidades quilombolas do território de identidade do Velho Chico/BA: indagações acerca do diálogo entre as escolas e as comunidades locais(2015-03-22) Macêdo, Dinalva de Jesus Santana; Messeder, Marcos Luciano Lopes; Ivenicki, Ana; Santana, Marise de; Queiroz, Delcele Mascarenhas; Silva, Valdélio SantosEsta tese tem como objetivo central analisar de que modo a educação escolar dialoga com as especificidades étnico-culturais das comunidades quilombolas de Araçá Cariacá, Brasileira e Rio das Rãs. O lócus investigativo constitui-se de três escolas: a Escola Municipal Araçá Cariacá, a Escola Municipal Quilombola Emiliano Joaquim Vilaça e a Escola Municipal Elgino Nunes de Souza, localizadas no município de Bom Jesus da Lapa/BA, pertencente ao Território de Identidade do Velho Chico. Este estudo caracteriza-se como uma pesquisa qualitativa de perspectiva etnográfica, que tem como interlocutores os/as professores/as, as diretoras, vice-diretores, uma coordenadora pedagógica, os/as alunos/as, os pais e as lideranças quilombolas das comunidades. A pesquisa de campo utilizou-se de entrevistas semiestruturadas, observações participantes, análises de documentos, grupos focais, registros fotográficos e anotações em diário de campo. Para a análise dos dados, recorreu-se da técnica de análise de conteúdo na modalidade temática. Os resultados evidenciam que as especificidades étnico-culturais das comunidades locais, bem como as temáticas relacionadas à população afro-brasileira e africana são trabalhadas nas escolas de maneira pontual e superficial, com metodologias tradicionais, em datas comemorativas, no componente curricular de história, ou através de gincanas e outros eventos. As práticas acabam reproduzindo uma concepção tradicional de educação, sem relação com o universo sociocultural dos/as educandos/as. Todavia, constatamos algumas experiências significativas para além do componente curricular de história nas três escolas em foco, de professoras que vêm transgredindo os currículos para dialogar com os conteúdos culturais e históricos das comunidades. Nesse contexto, as lideranças quilombolas lutam por uma educação escolar diferenciada que tenha ―a cara dos quilombos‖, isto é, que inclua de forma efetiva nos currículos, nos materiais didáticos e nas práticas educativas, a história, a cultura, os valores, os costumes, os saberes e o modo de vida de suas comunidades. Diante disso, é urgente superar as propostas de educação impostas às escolas quilombolas pelo Sistema Oficial de Ensino, para elaborar currículos interculturais diferenciados, referendados pela ecologia de saberes partindo de dentro das comunidades quilombolas, de maneira que os conteúdos escolares dialoguem com os saberes e as práticas desses sujeitos. A implementação da educação escolar quilombola se constitui numa política sociocultural necessária para a melhoria da educação escolar nas comunidades quilombolas. Portanto, para garantir uma educação intercultural diferenciada a essas populações, é imperativo escolas com autonomia, professores/as locais formados/as e concursados/as por processos específicos, capazes de repensar os currículos e as práticas pedagógicas à luz da história e realidade locais, ou seja, implica numa organização sistêmica da educação escolar quilombola em regime de colaboração entre os entes federados (Municípios, Estados, Distrito Federal e a União). Esperamos que esta pesquisa sirva de inspiração para a elaboração e a implementação de políticas públicas de educação escolar diferenciadas, para as comunidades quilombolas locais e regionais.