Navegando por Autor "Bonfim, Vânia Maria da Silva"
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- ItemHierarquias Raciais e de Gênero e Medidas de Reparação: Sobre a Participação das Mulheres Negras em Cursos Superiores no Marco das Ações Afirmativas(2007-11-30) Bonfim, Vânia Maria da Silva; Queiroz, Delcele Mascarenhas; Nascimento, Elisa Larkin; Mattos, Wilson Roberto de; Silva, Ana Célia daEsta dissertação trata da articulação entre racismo e sexismo como estruturantes do lugar hierárquico da mulher negra com alta grau de escolaridade (ensino superior). A desigualdade na participação das mulheres negras no ensino superior público, no marco da Ação Afirmativa, mais especificamente, é o foco da discussão aqui tecida. O espaço empírico escolhido para coleta de dados sobre as universitárias negras foi o campus I da Universidade do Estado as Bahia/UNEB, situado na cidade de Salvador. Através de questionários foram coletados dados sócio-econômicos e raciais dos universitários que ingressaram na UNEB no ano de 2005. Considerando que, como revelou a literatura sobre o tema, a desigualdade na participação racial no ensino superior recai com mais rigor sobre as mulheres negras auto-classificadas como “pretas”, centrou-se análise nesse grupo de mulheres. Contudo, supunha-se que o contexto de cotas para ingresso de negros configuraria uma nova e positiva situação de acesso e participação destas mulheres. Entretanto, os dados conduziram à inferência de que existe uma particular articulação entre o racismo e o sexismo como estruturantes dessa participação que, ainda que mais atenuadamente, sobrepõe a ação afirmativa, na modalidade de cotas, quando analisada a participação das auto-classificadas “pretas” nos diferentes cursos. A alta escolarização num sistema de ensino marcado pelo condicionamento de gênero e pela estereotipação racial, somada às condições precárias de vida forjadas pela exclusão racial, contribuem para perpetuar a dificuldade de elevar as mulheres negras, destacadamente as “pretas”, a cursos superiores que se revertem em prestígio simbólico e material na sociedade, mesmo com as cotas. Espera-se que esta investigação possa se constituir numa contribuição à avaliação e à análise das ações afirmativas, no que concerne a eficácia dessa medida reparatória frente ao modus operandi do modelo racial brasileiro. E, desse modo, contribuir para a criação de mecanismos de reparação do racismo perpetrado pelo modelo racial brasileiro, para alavancar da situação altamente desfavorável as mulheres negras, as quais antes da imputação de estigmas de negra, mulher e escrava, eram entes proeminentes em suas sociedades ancestrais.