Campus II - Departamento de Linguística, Literatura e Artes (DLLARTES) - Alagoinhas
URI Permanente desta comunidade
Navegar
Navegando Campus II - Departamento de Linguística, Literatura e Artes (DLLARTES) - Alagoinhas por Orientador "García, Paulo César Souza"
Agora exibindo 1 - 1 de 1
Resultados por página
Opções de Ordenação
- ItemAs “páginas de terra” de Mia Couto: tradições e culturas moçambicanas em A confissão da leoa(Universidade do Estado da Bahia, ) Souza, Gabriella Bernardo de; García, Paulo César Souza; Costa, Edil SilvaO processo de investigação da pesquisa de cunho bibliográfico parte da análise do romance A confissão da leoa (2012) de Mia Couto sob a perspectiva da crítica cultural, para mostrar como o autor retrata as tradições e as culturas moçambicanas em seu romance, aliando cultura oral e cultura escrita em prol da criação literária. Buscou-se esclarecer os caminhos traçados pelo autor para representar na escrita de origem europeia, tradições e costumes da cultura oral africana, compreendendo como ele ressignifica o cenário cultural moçambicano ao transpô-lo para o universo da escrita, ao passo em que também reinventa a estrutura clássica do romance com dicções típicas das narrativas de origem oral. Diante das rupturas culturais propostas pelo autor em seu trabalho literário, são fundamentais as considerações de críticos da cultura como Bhabha e Hall, já que estamos tratando de uma literatura produzida no contexto de uma sociedade pós-colonial marcada pela multiplicidade cultural, que é permeada por sujeitos em busca de uma afirmação identitária. As reflexões de Canclini, por sua vez, ajudam a esclarecer as relações de hibridismo utilizadas na escrita do moçambicano como mecanismo de reinvenção cultural e linguística. São fundamentais também as reflexões de Benjamin sobre o narrador e suas preocupações com o surgimento do romance que está diretamente atrelado à reprodução técnica da escrita. A análise empreendida revela que o ficcionista lança mão de dois narradores/escritores que vivem na fronteira entre as diversas culturas locais e o legado cultural europeu, no intuito de mostrar a multiplicidade discursiva e cultural que permeia a nação marcada pela interculturalidade. Para Mia Couto, a escrita é um espaço de reflexão e de construção de uma identidade moçambicana, capaz de agregar elementos culturais tanto de origem africana quanto ocidental. A partir dos dilemas locais de personagens simples e humildes, desconsiderados pela história oficial e pelo poder político, o autor tece em suas “páginas de terra” reflexões que são inerentes ao homem da contemporaneidade.