Navegando por Autor "Costa, Lívia Alessandra Fialho da"
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- ItemCom o maracá na mão, as guerreiras pataxó vão á luta: olhares das mulheres indígenas sobre violência doméstica(2017-09-28) Sobreira, Gerusa Cruz; Messeder, Marcos Luciano Lopes; Sacchi, Angela Célia; Costa, Lívia Alessandra Fialho daO presente trabalho teve como objetivo conhecer o olhar das mulheres indígenas sobre a violência doméstica. Os primeiros passos para a chegada ao objeto de pesquisa começaram no ano de 2014, quando visitei uma Aldeia indígena no Extremo Sul do Estado da Bahia para realizar diálogos sobre o tema da violência doméstica e foi nesse contexto que passei a perceber que a organização social indígena exige que se pensem as políticas públicas de forma diferenciada para esses povos. A Aldeia mencionada, no entanto, não foi o destino final desta investigação por uma decisão dos homens da comunidade, o que me levou a conhecer outra Aldeia da etnia Pataxó, no município de Porto Seguro/ BA, liderada por uma mulher, onde realizei este trabalho de pesquisa de 2015 a 2017. Para responder os questionamentos suscitados nesta investigação priorizei a utilização de técnicas da pesquisa etnográfica para a extração dos dados, tendo realizado diversas aproximações com a comunidade através de visitas aos locais de socialização das mulheres indígenas (escola, igreja e casas de farinha), acompanhando a participação delas em diversos eventos onde se debatiam questões de gênero e participando de atividades culturais da comunidade. Durante a observação participante realizei entrevistas informais com mulheres e homens que me ajudaram a entender algumas teias societárias e, também, fiz entrevistas semiestruturadas com cinco interlocutoras de diferentes idades, nas quais abordei diretamente a questão da violência doméstica. O estudo revelou uma diversidade no entendimento do que seja violência doméstica e esta é movida por diversas influências, dentre elas: a escola, a igreja e a militância. Além disso, ao longo do trabalho, o conceito de agência é mobilizado para mostrar que as mulheres indígenas conseguem driblar situações adversas dentro dos seus relacionamentos e que, também, estão buscando criar mecanismos de superação da violência doméstica dentro e fora das instituições formais.
- ItemConvivendo com a deficiência intelectual: percursos de cuidado e educação nas redes parental e social de apoio(2014-08-22) Portela, Cláudia Paranhos de Jesus; Costa, Lívia Alessandra Fialho da; Costa, Lívia Alessandra Fialho da; Galvão, Nelma de Cássia Silva Sandes; Cruz, Antonio Roberto Seixas da; Jacquet, Christine; Queiroz, Delcele Mascarenhas; Messeder, Marcos Luciano LopesEsta investigação, de natureza qualitativa, debruçou-se sobre o tema dos percursos de cuidado e educação das pessoas com deficiência; mais concretamente, sobre a formação e atuação das redes de apoio parental e social no cuidado e educação da pessoa com deficiência intelectual. Para tanto, busca analisar as estratégias de cuidado elaboradas e experienciadas pelas famílias diante da necessidade de cuidar, educar e socializar filhos(as) com deficiência intelectual. A pesquisa, realizada entre os anos de 2010 e 2014, utilizou a entrevista semiestruturada com dezesseis famílias de pessoas com deficiência intelectual, adultas, da cidade do Salvador/BA. Os resultados obtidos na investigação revelaram uma realidade familiar em que as mães aparecem como as principais cuidadoras dos(as) filhos(as). Evidenciou-se também que o apoio fornecido pelas redes parental e social se revelam como fatores determinantes no processo de cuidado, educação e socialização do(a) filho(a) com deficiência intelectual, tendo em vista que, quanto maior é o apoio recebido, mais qualidade de vida se dá às pessoas com deficiência e às suas famílias. Quanto aos doadores das redes de entreajuda parental e social, as mulheres se destacam como protagonistas das redes de solidariedade. Sobre a relação existente entre a escolha das redes de entreajuda e o posicionamento das famílias na estrutura sócioprofissional, a constatação é que quanto mais elevado é o grau de escolaridade e a estrutura socioprofissional dos(as) cuidadores(as), menor é a proporção dos apoios recebidos. Por último, o que pudemos concluir é que as pessoas eleitas pelos(as) cuidadores(as) para compartilhar seus sentimentos sobre a criação, educação e socialização dos(as) filhos(as), sobretudo, daqueles com deficiência, são as pessoas que usufruem da sua confiança. Neste caso, embora presentes, os parentes consanguíneos ou afins não aparecem como os únicos sujeitos privilegiados nas relações de apoio e entreajuda. Amigos e mesmo terapeutas se revelam, com suas especificidades, como agentes importantes no processo de cuidado. O mapeamento da rede de relacionamentos e dos recursos sociais acessados pelas famílias participantes dessa investigação revelou o entrelaçamento de relações entre os familiares, demais parentes, amigos, vizinhos, profissionais, organizações privadas e serviços públicos. A pesquisa aponta a necessidade de novos estudos comparativos que estabeleçam a relação entre a influência das redes de solidariedade familiar e social no desenvolvimento da pessoa com deficiência intelectual.
- ItemCorporalidades e memória lúdica: um estudo sobre educação e expressões culturais numa comunidade negra rural da Bahia(2015-09-22) Ávila, Marcus Vinicius Araújo; Costa, Lívia Alessandra Fialho da; Lechner, Elisa; Souza, Elizeu ClementinoEste texto é fruto de um trabalho de pesquisa de campo com inspiração etnográfica realizada em sítios tradicionais negros e rurais, denominados em alguns estudos, de comunidades de quilombos ou quilombolas, mais precisamente nas comunidades do Tombador II e de Bernardo de Lapa, localizadas no Vale do Jiquiriçá, no município de Valença, a cento e vinte oito km da capital Salvador. Durante noventa dias de convivência entre os meses de janeiro a abril de 2015, somando quatrocentos e cinquenta e três horas de observação participante buscando dar escuta as diferentes formas de expressão do corpo humano, foram realizadas anotações sistematizadas em categorias no diário de campo, participação em rodas de conversa, bem como foram abordadas em entrevistas cinquenta pessoas, sendo 25 do gênero masculino e vinte e cinco do gênero feminino, deste total 19 entrevistas formais, sendo três em arquivo de áudio e 21 em vídeo. O recorte do objeto deste estudo se fundamentou na inter-relação entre a corporeidade e a ludicidade, sobretudo no que se refere a memória lúdica diluída no corpo dos sujeitos desta pesquisa, que se configuram como uma arrumação familiar que foge aos padrões fundamentados nos laços de consanguinidade e celebram a vida mesclando trabalho e ludicidade num cordão de samba conhecido como Grupo Cultural Arguidá, por este motivo os denominamos de povo do Arguidá. Discutimos de que forma esses sujeitos constroem suas relações corporais com o espaço, a ludicidade, a festa e o trabalho, apoiados nos alicerces da etnografia pós-colonial. Os dados levantados foram analisados num debate retórico entre a base teórica desta pesquisa diante das realidades encontradas no campo, portanto o método de análise se estruturou no diálogo entre a tradição do pesquisador no materialismo histórico dialético diante da retórica descritiva enquanto método típico de análise das etnografias clássicas. Nossas observações apontaram para a compreensão de um modo inusitado de exercer corporeidade na busca do prazer, incorporando uma ludicidade expressa na alegria de viver apoiada no contato entre os corpos, determinando uma cosmovisão ensinada, sobretudo, nas casas-de-farinha. Constatamos que a memória lúdica do povo do Arguidá, como uma memória subterrânea, emerge no convívio e na relação entre os corpos, especialmente nos momentos festivos e nas apresentações e ensaios do Grupo Cultural Arguidá.
- Item“Deixe a educação transformar a sua história!” O projeto neoliberal totalitário e as atuais reformas educacionais no Brasil(2022-04-01) Sousa, Joelson Pereira de; Santos, Luciano Costa; Vicente, José João Neves Barbosa; Almeida, Vanessa Sievers de; Costa, Lívia Alessandra Fialho da; Messeder, Marco Luciano LopesCom o título “Deixe a educação transformar a sua história!” O projeto neoliberal totalitário e as atuais reformas educacionais no Brasil, esta Tese, além de destacar um conjunto específico de normas oficiais, busca compreendê-las a partir das estratégias discursivas que elas promovem. É nesta perspectiva que situamos a Base Nacional Comum Curricular (Resolução CNE/CP nº 02/2017), a Reforma do Ensino Médio (Lei 13.415/2017) e o Programa Escola Sem Partido (Projeto de Lei n° 867/2015). Devido ao alinhamento, ao encadeamento por razão de série, ao caráter de homogeneidade, ao jogo de aparências e à consubstancialidade, propomos como hipótese interpretativa a correspondência entre essas reformas e um projeto de intervenção neoliberal totalitário na educação brasileira. Para isso, fizemos uso de um procedimento de pesquisa voltado para a interpretação dos discursos políticos contemporâneos, a partir dos trabalhos de Faye (2003) e Planque (2010), que apresentam a noção de fórmula discursiva como estratégia de desenvolvimento das linguagens totalitárias. Em termos estruturais, a Tese é organizada a partir de cinco eixos permanentemente dialógicos: Eixo 1 – Educação como campo de disputas: uma reflexão que busca articular as construções teóricas sobre a centralidade da educação em Gramsci (2001) e Althusser (2012); as manifestações dos poderes disciplinar (Foucault, 2012), simbólico (Bourdieu, 1989) e epistêmico (Apple,1989), e a constituição político-ideológica das lutas educacionais no Brasil, em Anísio Teixeira (2007), Paulo Freire (1987) e Demerval Saviani (2011). Eixo 2 – Totalitarismo como categoria histórica: uma abordagem a partir das contribuições de Hannah Arendt (2012), que, embora preocupada em analisar os regimes de terror do século XX, suscita uma séria advertência contra as ameaças totalitárias de nosso tempo. Eixo 3 – Injunção contemporânea entre totalitarismo e neoliberalismo: uma análise do projeto neoliberal totalitário em Laval e Dardot (2016), destacando o surgimento de um novo modo de “governamentalidade”, voltado para o controle de todos os aspectos da vida humana. Eixo 4 – O caráter totalitário da colonialidade: um panorama do pensamento decolonial através das noções de geopolítica do conhecimento e sistema-mundo em Dussel (1980), colonialidade do poder em Quijano (2005), globalitarismo em Milton Santos (2017), necropolítica em Mbembe (2018), totalitarismo de mercado em Himkelammert (2018) e totalitarismo neoliberal em Chauí (2020). Eixo 5 – As fórmulas discursivas totalitárias nas atuais reformas educacionais no Brasil: observando a atual conjuntura política – principalmente, o recorte temporal de 2013 a 2018 – e sua relação com o projeto de intervenção neoliberal na educação brasileira, a partir de Frigotto (2010 e 2019), Cássio (Org. 2019), Santos (Org. 2020), Penna (2019), entre outros. Considerando o universo teórico solicitado, fundamentamos uma interpretação desse projeto baseada na emergência e na ampla circulação das fórmulas “educação de qualidade”, “itinerário formativo” e “doutrinação ideológica” –, fórmulas que materializam ideologias de dominação, contra as quais devemos pensar práticas educativas capazes de frustrar suas pretensões totalitárias.
- ItemDo cansaço da lavoura ao alívio na escola um estudo sobre quotidiano e espaços de sociabilidade de estudantes da EJA do noturno, ensino médio, no município de Irará Bahia(2009-10-15) Batista, Marize Damiana Moura Batista e; Costa, Lívia Alessandra Fialho da; Rabinovich, Elaine Pedreira; Messeder, Marcos Luciano LopesEsta pesquisa teve como objetivo identificar os sentidos e significados atribuídos pelos alunos da EJA do noturno acerca da temporalidade escolar, construídos na relação com as suas vivências quotidianas. Para tanto, buscamos um estudo junto aos alunos da EJA do Colégio Estadual Joaquim Inácio de Carvalho no município de Irará, Bahia. O eixo de análise da pesquisa esteve voltado para a compreensão dos entraves e das dificuldades enfrentadas por esses estudantes trabalhadores no seu cotidiano, das idéias que elaboram acerca da vida e do trabalho na roça e na cidade e dos motivos que os levam a construir um discurso que coloca o trabalho na roça como algo a ser eliminado. Na continuidade, investigou-se como os alunos experimentam e significam os diferentes tempos de vida: tempo da escola, tempo do trabalho, tempo do descanso, a fim de construir uma interpretação acerca do modo como percebem a escola e que sentidos atribuem ao estudo nas classes de EJA do noturno. Compreender os modos de apropriação do espaço/tempo vivido na comunidade (Mangabeira) e as interações e sociabilidades construídas nos interstícios da vida escolar foi uma idéia que permeou esse estudo. Das perspectivas de reinvenção do espaço escolar pelos alunos, a partir da identificação dos significados construídos sobre o mesmo, percebeu-se possibilidades para se pensar em outras lógicas de aprendizagens na escola e fora dela. Nos relatos dos alunos era recorrente a idéia de ser a escola o lugar do encontro, da interação e da realização de um aprendizado que vai além dos conteúdos ensinados. A noção de tempo estava implicada às vivências dos sujeitos, os quais nas suas falas traziam um conhecimento construído nas diferentes situações experimentadas no cotidiano e que somadas à condição de estudo na EJA poderia configurar em um aprendizado para a vida. Utilizou-se uma metodologia qualitativa, privilegiando-se um estudo do tipo etnográfico. As observações participantes foram realizadas na sede da escola entre os meses de agosto a novembro de 2008 e abril a agosto de 2009. Um conjunto de entrevistas (dezesseis ao todo), foi realizada com oito estudantes da EJA do noturno de uma faixa etária entre 20 a 23 anos.
- ItemEducação, memória e pluralidade cultural(2017-11) Messeder, Marcos Luciano Lopes; Costa, Lívia Alessandra Fialho daEsta coletânea reúne pesquisas, finalizadas ou em andamento, desenvolvidas no campo da Educação e tendo como lócus de investigação o território baiano. Os pesquisadores envolvidos são doutores, mestres, doutorandos ou mestrandos que fazem parte do Programa de Pós-Graduação em Educação e Contemporaneidade da Universidade do Estado da Bahia. Busca-se aqui tratar a pluralidade cultural a partir de diferentes contextos empíricos em uma perspectiva de Educação que a compreende através das singularidades sócio históricas de formas de organização e concepção de mundo. Ao investigarem esses temas, os pesquisadores, afirmam a diversidade como tema sensível, que para ser ensinado, precisa ser vivido, experenciado ou escutado como processo histórico de formação da sociedade brasileira.
- ItemEscolarização, festejos e religiosidade na constituição de um quilombo contemporâneo no oeste da Bahia(2010-08-26) Santana, Edson Carvalho de Souza; Messeder, Marcos Luciano Lopes; Macedo, José Jaime Freitas; Costa, Lívia Alessandra Fialho da; Silva, Valdélio SantosEste trabalho apresenta os resultados da pesquisa desenvolvida no povoado do Mucambo localizado no Município de Barreiras, extremo oeste da Bahia. Como objetivo procurou compreender que tessitura dá sustentação identitária étnico-racial à comunidade do Mucambo de Baixo. Para a realização da pesquisa fiz opção pela abordagem metodológica do estudo de caso qualitativo de cunho etnográfico. Como instrumentos metodológicos, fiz uso das técnicas de entrevista aberta e semiestruturada individual e coletiva, grupo focal, conversas informais, observação participante com registro em caderno de campo, questionário fechado para levantamento de dados quantitativos. O estudo sinalizou que a comunidade do Mucambo de Baixo vem constituindo a sua territorialidade, desde meados do século XIX, a partir de um possível acoitamento de ex-escravizados(as) e escravizados(as) oriundos(as) das lavras de diamantes da Chapada Diamantina. Apontou, também, a existência da prática da discriminação e do preconceito raciais no povoado e na escola. Revelou, ainda, que a comunidade tem uma maneira particular de cultivar e ressignificar os seus valores e expressões étnico-raciais e culturais.
- ItemO espelho tem duas faces: quem é o “outro”? as percepções identitárias de ex-detentos que encontraram como caminho de reinserção social a conversão evangélica(2007) Silva, Patrícia Rosa da; Menezes, Jaci Maria Ferraz de; Garcia, Pedro Benjamin de Carvalho e Silva; Costa, Lívia Alessandra Fialho daTrata-se de um estudo sobre as percepções identitárias que emergiram ao longo das trajetórias de ex-internos de instituições totais (especificamente os que passaram por instituições de aplicação de medidas sócio-educativas de privação de liberdade, na adolescência; e por penitenciárias, na idade adulta) que encontraram como um possível caminho de reinserção social a conversão evangélica. Para efeito deste estudo, trabalhamos com os egressos do Sistema Penal baiano, mais especificamente, da Penitenciária Lemos de Brito, localizada no município de Salvador – BA e com missionárias que atuam no presídio. Utilizamos como pano de fundo para as análises dados macros que ilustrem as percepções da sociedade e o encaminhamento de soluções tentadas ao longo da História, considerando que as formas como esses sujeitos são visualizados interferem diretamente em sua trajetória e na composição de sua identidade. O que nos interessa, portanto, nesse estudo, não é um mergulho nos pressupostos religiosos, mas as implicações dessa adesão no diálogo com as percepções dos sujeitos em relação a sua própria identidade. A dimensão da conversão, enquanto elemento teórico, que trabalhamos trata exclusivamente das potencialidades e possibilidades de auxílio no processo de reinserção social e de redefinição da auto-imagem desses sujeitos. Entre as principais categorias teóricas utilizadas estão identidade, institucionalização, fronteira, reinserção social e conversão. A metodologia baseada na linha da história de vida parte do pressuposto de que a visualização das narrativas individuais como elementos que dizem de uma coletividade e se articulam, apesar de suas singularidades, na compreensão das interlocuções entre as esferas micro e macro pode nos auxiliar na compreensão das estratégias de reinserção social e de retomada da alteridade no campo reeducacional. A partir do estudo, considerando-se a abrangência ao grupo estudado, podemos afirmar que: 1 - A falta de perspectiva social, balizada pela descrença nos mecanismos de ascensão social por meio do estado; a assimilação de uma auto-imagem estigmatizada; a marginalização social que, por vezes, antecede a prática de delitos; a baixa expectativa dos grupos próximos em relação à trajetória dos sujeitos; as práticas de exclusão presentes em instituições pseudo-receptivas como a escola; a necessidade de pertença e de aceitação a um determinado grupo; e a descrença dos educadores que atuam nas instituições sócio-educativas na ressocialização dos adolescentes atendidos; a desestruturação dos mecanismos punitivos; além da crise de valores concorrem para a entrada e permanência dos adolescentes na criminalidade. 2 - A experiência de institucionalização pode ser mais preponderante para a manutenção do círculo de delinqüência do que a situação sócio-econômica dos indivíduos. 3 - A comunidade religiosa evangélica resgata uma dimensão de alteridade radical na qual a trajetória individual implica menos sobre a visualização e o julgamento do outro do que a sua disposição em modificá-la. 4 - A idéia de arrependimento e de redenção, mas, sobretudo, a possibilidade de igualdade, “somos todos filhos de Deus” parece funcionar como um resgate do auto-valor, a partir do valor de cada indivíduo perante Deus. 4 - A substituição da identidade e do papel social de estigmatizado para a de membro da comunidade, irmão, também, traz implicações positivas para o processo de retomada do indivíduo já que na reeducação, bem como na educação, o respeito é um pilar central para a prática de qualquer processo significativo.
- ItemEstratégias e táticas de permanência no ensino superior: narrativas sobre experiências de estudantes negros cotistas na Universidade Estadual de Santa Cruz (2012- 2017).(2020-11-30) Santos, Maria Rita; Queiroz, Delcele Mascarenhas; Santos, Dayane Brito Reis; Oliveira, Rachel de; Costa, Lívia Alessandra Fialho da; Vieira Filho, Raphael RodriguesEsta tese objetivou conhecer as narrativas de experiências sobre permanência de estudantes negros cotistas concluintes em 2017 dos cursos de graduação de Alto e Médio-alto prestígio, da UESC, considerando as estratégias institucionais desenvolvidas nesta universidade e pelo Programa Mais Futuro do Estado da Bahia entre 2012 a 2017. Apresento como objetivos específicos: discutir a estadualização da Federação das Escolas Superiores de Ilhéus e Itabuna (FESPI) e criação da UESC relacionando com as reivindicações de permanência dos estudantes na década de 1980; debater os principais conceitos que envolvem as Políticas de Ações Afirmativas nas Instituições de Ensino Superior, destacando as propostas de Movimentos Negros nos contextos nacional e regional; analisar as estratégias institucionais do Programa de Permanência da UESC e do Programa Mais Futuro do Estado da Bahia de 2012 a 2017; e, por último, analisar as narrativas sobre permanência de estudantes negros cotistas concluintes em 2017 dos cursos de graduação de Alto e Médio-alto prestígio da UESC. A pesquisa foi orientada pelas seguintes questões: Quais narrativas sobre permanência foram elaboradas por estudantes negros cotistas concluintes em 2017 dos cursos de graduação de Alto e Médio-alto prestígio da UESC? Como essas narrativas se relacionam com as estratégias institucionais desenvolvidas nesta universidade e pelo Programa Mais Futuro do Estado da Bahia de 2012 a 2017? Nesta pesquisa dialogo com bases teóricas das “Epistemologias do Sul” e adoto a abordagem metodológica qualitativa, ancorada nos pressupostos da pesquisa narrativa com procedimentos interpretativos-compreensivos com inspiração hermenêutica, tendo como textos de campo as narrativas de experiências de quatro estudantes negros e documentos relativos à permanência institucional. No desenvolvimento das análises trabalho com dois eixos estruturantes compreendidos a partir dos mecanismos do racismo estrutural, a saber: Táticas Negras de Permanência Simbólica e Estratégias Institucionais. A partir desses eixos componho as seguintes unidades de análises: subjetividade racial, solidariedade, recursos materiais e recursos simbólicos. A pesquisa permitiu compreender que o racismo estrutura as políticas de permanência, produz ausências dos sujeitos negros e moldam estratégias institucionais distantes da perspectiva das ações afirmativas voltadas para a promoção do acesso desse grupo e redução das desigualdades raciais no ensino superior. Desse modo, os estudantes negros empreenderam resistências envolvendo investimentos educacionais, priorizando potencialidades, convivência social, criatividade, solidariedade e posturas éticas, ou seja, um conjunto de elementos que balizam a organização de Táticas Negras de Permanência Simbólica no ensino superior, um processo espontâneo construído no cotidiano do ambiente acadêmico, iniciado pela identificação dos limites das estratégias institucionais para atender variadas demandas que emergem ao longo dos cursos de graduação. Esse tipo de resistência, tem a ver com a produção de presenças negras, pois, confronta as ausências intencionais produzidas pelos mecanismos que perpetuam o racismo estrutural, também, manifestado no âmbito das instituições. Portanto, para efetivar uma política de permanência no ensino superior, se faz necessário, o Estado da Bahia reconhecer: o racismo como parte da estrutura social que se reproduz, porque, se alimenta e é alimentado pelas estruturas estatais e o Estado tem o poder para criar os meios necessários para enfrentá-lo; as dimensões raça e classe, porque, esta articulação possibilita adotar na formulação de estratégias institucionais os meios para atenuar os efeitos da desigualdade racial no ensino superior; a necessidade de reexaminar a perspectiva de “formação ampliada” e “redução das desigualdades pela educação” que aparecem nos objetivos do Programa Mais Futuro esvaziados de compromisso com a realidade dos estudantes; que o programa não tem atendido as demandas da permanência que emergem ao longo do processo de formação; a urgência de estabelecer rubrica específica para ampliar o programa, pois, até então, os recursos são oriundos do Fundo Estadual de Combate e Erradicação da Pobreza, indicando que esses objetivos não estão entre as prioridades.
- ItemExperiências formativas e laborais de jovens aprendizes de Salvador: um estudo de caso(2019-12-12) Pedreira, Lucia Alvares; Nascimento, Antônio Dias; Corrochano, Maria Carla; Faria, Maria da Graça Druck de; Costa, Lívia Alessandra Fialho daA partir dos anos de 1980, vivencia-se profundas mudanças no mundo do trabalho. A nova era da acumulação flexível, ao romper com o padrão fordista, gerou outro modo de trabalho e de vida pautado na flexibilização e na precarização do trabalho, instaurando-se novos tempos. Estudos apontam a população de 15 a 24 anos como sendo o segmento etário mais afetado negativamente pelo processo de flexibilização das relações de emprego, pelo desemprego, pela precarização do trabalho e pela violência. A preocupação com a empregabilidade se torna o foco central das políticas públicas voltadas para a juventude no Brasil. A política de aprendizagem profissional passa a ser uma das principais alternativas no quadro das políticas públicas de juventude, constituindo em eixo fundamental da política de promoção ao ingresso de adolescentes e jovens no mercado de trabalho formal de forma qualificada e protegida. Nos últimos anos tem crescido o número de jovens inseridos no mercado de trabalho, na condição de jovem aprendiz, constituindo-se numa das principais portas de acesso ao primeiro emprego de jovens no Brasil. Essa tese tem por objetivo compreender como os jovens aprendizes vivenciam a experiência formativa e laboral no Programa Jovem Aprendiz, no município de Salvador, de forma a refletir que tipo de formação vem sendo ofertada a esses jovens, se esta constitui uma formação na perspectiva de uma educação emancipadora ou de sujeição à lógica do mercado de trabalho capitalista. Compreende-se que apesar de a educação, na sociedade capitalista, ter a reprodução do capital como meta central de seu desenvolvimento, predominando a submissão à sua lógica, dada a contradição entre capital e trabalho, abre-se uma possibilidade real para experiências educativas que se oponham à hegemonia do capital. A tese central desse estudo é de que a Lei da Aprendizagem, ao possibilitar que entidades socioassistenciais com uma trajetória de luta pelos direitos das crianças e adolescentes possam atuar na formação profissional de jovens aprendizes, abriu uma fresta de luz para pensar uma educação para além do capital. Essa investigação se delineia nos marcos da pesquisa qualitativa, na perspectiva da pesquisa crítica e se constitui em um estudo de caso. A pesquisa, realizada na Associação Ação Mosteiro de Salvador (AASMOS), uma das entidades formadoras de Salvador que atende jovens do Subúrbio Ferroviário, utilizou-se da observação participante, acompanhando duas turmas de formação durante o período de 2017-2019, e de entrevistas narrativas com quatorze jovens aprendizes, além de conversas informais com alguns jovens egressos do Programa. Uma das conclusões que esse estudo chega é de que algumas instituições sociais que tem ofertado formação profissional dos novos trabalhadores, a exemplo da experiência aqui estudada, tem buscado desenvolver práticas educativas ancoradas nos princípios de uma educação emancipadora. Se estas não podem romper totalmente com uma formação para o capital, podem ao menos representar a possibilidade de uma educação que vá além de uma mera formação instrumental para treinar trabalhadores para o mercado de trabalho.
- ItemExperiências vividas, aprendizagens construídas: trajetórias de resistência de jovens do campo e da periferia urbana(2017-07-04) Araújo, Flávia Lorena de Souza; Nascimento, Antônio Dias; Brandão, Carlos Rodrigues; Cavalcante, Ludmila Oliveira Holanda; Costa, Lívia Alessandra Fialho da; Mutim, Avelar Luiz BastosO presente estudo tem como objetivo analisar a função formativa das experiências de resistência vivenciadas por duas configurações: agricultores familiares agroecológicos do Território de Identidade de Irecê - TII e jovens participantes do Instituto Fatumbi - Alto das Pombas, Salvador-BA, que projetam suas vidas com base na construção de uma sociedade mais digna e justa para os povos do campo e da cidade. Trata-se de uma pesquisa que procura captar uma história que ocorre em configurações de resistência e mobilizações, inserindo-se, dessa forma, no âmbito da pesquisa qualitativa, tendo como abordagem a Pesquisa Participante, utilizando-se algumas técnicas de análise da Biografia Educativa, baseada em Josso (2010), nas quais são integradas as dimensões formativas, transformativas e de intervenção social. Por meio dos relatos dos jovens entrevistados, foi possível identificar que as experiências educativas vividas no âmbito da família, dos amigos, na comunidade, na escola e no trabalho contribuíram para a constituição de trajetórias educativas fundamentadas em uma racionalidade ética, comprometida com a formação de sujeitos abertos ao encontro com o novo, o desconhecido. Tais configurações resistiram em virtude da vivência de experiências de luta influenciadas por movimentos que se forjaram sob a inspiração do pensamento libertário da América Latina, da Teologia da Libertação e do Movimento Ecológico, permitindo-lhes a formação de sentidos de vida. A presente tese está fundamentada em outros estudos realizados no TII e nas periferias de Salvador e em teóricos que compuseram a base para se constituir o caminho a ser percorrido até aqui. Destacam-se os estudos de Adorno (2010), Bauman (1997, 2005, 2008, 2011), Brandão (1999, 2006, 2007), Carneiro (2014), Elias (1994, 1995), Freire (1997, 2000), Nascimento (2015), Shaff (1995), Sennet (2011), Santos (2000), Martins (1997) e Souza (2004). Por fim, para compreender as experiências de resistência e reivindicação, o texto foi fundamentado em Kowarick (1987) e Arroyo (2014) os quais, ao analisarem os processos históricos de dominação/subalternização vivenciados por grupos excluídos da sociedade capitalista, ressaltam que na tensão dos processos de formação/humanização é que se forjam pedagogias de resistências. Trata-se, portanto, de um estudo esperançoso, pois apresenta alternativas para se concretizarem práticas de vida digna para os povos do campo e das periferias urbanas, acreditando que essas práticas podem contribuir para a formação de sujeitos comprometidos com a constituição de uma sociedade justa e mais solidária.
- Item“Fazer o corre e ter o pão de cada dia”: participação política, dinâmicas de socialização e educação em famílias de putas(2021-04-15) Silva, Fernanda Priscila Alves da; Costa, Lívia Alessandra Fialho da; Piscitelli, Adriana Gracia; Costa, Livia Alessandra Fialho da; Sousa, Fabiana Rodrigues de; Lemos, Ana Claudia; Messeder, Marcos Luciano LopesO foco desta tese é a análise das narrativas das mulheres trabalhadoras sexuais – Autorreferenciadas mulheres da batalha – sobre suas práticas e dinâmicas de socialização, formação, cuidado e educação dos seus filhos e filhas. Trata-se de um estudo empírico, de cunho exploratório, realizado entre os anos de 2017-2021. O referencial teórico se circunscreve ao campo de estudos em educação e dialoga com referenciais teóricos da Sociologia, da Antropologia e da Psicologia. Tais referenciais favorecem a compreensão de como um processo de socialização e cuidado que permite às pessoas tornarem-se e constituírem-se sujeitos, em um movimento dialético e dialógico, onde a relação entre as pessoas, no processo de cuidado, educar-se e socializar-se é sempre uma relação entre outros, entre mãe/pai (cuidadores) e filhos (as), educador(a) e educandos(as), entre as pessoas e o mundo que o cerca. O grupo pesquisado é composto de mulheres de baixa renda, em exercício de prostituição, prevalecendo idade a partir dos 35 anos, além de um grupo mais amplo de pessoas que consiste do grupo que compõe os familiares e rede de apoio e cuidado das crianças e socialização e educação dos filhos e filhas. As trabalhadoras sexuais entrevistadas neste estudo são, em sua maioria, autodeclaradas negras, de famílias de camadas populares. A pesquisa realizou-se por meio de visitas a locais onde as mulheres da batalha se encontram: praça, rua, bares, unidades domiciliares com o objetivo de conhecer as redes de relações e apoio onde elas exercem o cuidado como forma de educação e socialização de seus filhos e filhas. Foi realizada uma aproximação das interlocutoras da pesquisa, sendo elas, ora as próprias trabalhadoras sexuais, ora alguns filhos adultos que aceitaram participar da pesquisa. As técnicas foram entrevistas, histórias de vida, histórias de família, contatos com as famílias e mais outras técnicas como, por exemplo, a observação e construção etnográfica. Os resultados apontaram que as famílias das trabalhadoras sexuais, as famílias de Putas, não se diferenciam em termos de organização dos outros modelos de famílias. Entretanto, a convivência com mães trabalhadoras sexuais constroe sujeitos com olhares diversificados e abertos às questões apresentadas pelo Movimento de Trabalhadoras Sexuais. Por outro lado, o processo de organização e colaboração das trabalhadoras sexuais preconiza uma forma de cuidado pautada na solidariedade, rede que se apoia e organização coletiva no processo de socialização e educação dos filhos e filhas: a roda colaborativa é uma expressão de como as redes de afeto contribuem no “corre” das mães que também são Putas.
- ItemHá flores no cárcere: estudo do conhecimento sobre mulheres encarceradas e educação (2010-2020)(Universidade do Estado da Bahia, 2024-05-27) Rosa , Urania de Souza Santa; Costa, Lívia Alessandra Fialho da; Onofre, Elenice Maria Cammarosano; Julião, Elionaldo Fernandes; Rios, Jane Adriana Vasconcelos Pacheco; Messeder, Marcos LucianoEste estudo teve como objetivo realizar o estado do conhecimento dos trabalhos acadêmicos produzidos no âmbito da pós-graduação brasileira, na área de concentração “Educação”, acerca do tema mulheres encarceradas e educação, no período de 2010 a 2020. Para tanto, foi feito um levantamento no banco de dados Plataforma Catálogos de Teses e Dissertações da Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (CAPES). Trata-se de uma pesquisa bibliográfica que busca responder ao seguinte problema: Qual a produção acadêmica e as suas tendências, no âmbito da pós-graduação brasileira – área de educação – no período de 2010 a 2020 acerca do tema mulheres encarceradas ou em situação de privação de liberdade e educação? Os resultados do levantamento evidenciaram 66 trabalhos acadêmicos, 16 teses e 50 dissertações, produzidos na década pesquisada. Consideramos a temática educação escolar e prisão feminina como uma subárea em ascensão no campo da educação. Os estudos mostraram que a população de mulheres encarceradas no Brasil é numerosa e significativa, sendo a maioria pobre, negra (preta e parda), jovem, mãe, solteira, advinda de áreas periféricas, com baixa escolarização e trajetórias escolares marcadas por abandonos na infância e adolescência, ocupando trabalhos precarizados antes do aprisionamento, presa sob a alegação de envolvimento com o tráfico de drogas e pouco visitada. As tendências e recortes dos trabalhos analisados evidenciam uma prevalência de estudos de caso e como principais referenciais teóricos tem-se Julião (2007, 2009, 2011, 2012, 2016, 2018a); Onofre (2007, 2012, 2013, 2014, 2016) e Ireland (2011, 2013), para o debate sobre a educação em espaços prisionais; Freire (1977, 1995, 1996), para a compreensão da educação “libertadora e emancipatória”; Foucault (2014), para aprofundamento da categoria prisão moderna. Corroboraram que o direito à educação é para todos, inclusive para pessoas que estejam sob pena privativa de liberdade em instituições prisionais. Dado o pouco acesso à escola na prisão, a produção acadêmica neste período, indica para o não cumprimento do direito à educação dessas mulheres que se encontram sob custódia do Estado. Pontua um cenário de disputa entre as instituições prisão e escola; contradições quanto à propagada ressocialização no sistema prisional; precarização da escola e seu funcionamento, do currículo, do ensino de EJA nas prisões e das “celas de aula” adaptadas. Ressaltam dificuldades em exercer uma educação enquanto prática de liberdade num universo de rigidez e normas estabelecidas como se apresenta a prisão. O maior desafio ainda consiste na garantia e oferta da educação escolar básica na prisão e o entendimento de que não se trata de benefício, mas sim de um direito humano fundamental e subjetivo, conforme têm sinalizado estudiosos brasileiros do campo da educação em prisões.
- Item“Hoje a cria não veio! ”: mães adolescentes negras e projetos de vida no contexto escolar(2018-09-28) Santos, Elis Souza dos; Costa, Lívia Alessandra Fialho da; Dias, Acácia Batista; Pacheco, Ana Claudia LemosEsta dissertação de mestrado analisa o lugar da escola na (res)significação dos projetos de vida de adolescentes negras estudantes que são mães. O contexto da pesquisa é a Escola Municipal Governador Roberto Santos, localizada no bairro do Cabula, no município de Salvador-Bahia e parte de uma metodologia de base qualitativa e se fundamenta na etnografia escolar; os instrumentos utilizados para a produção dos dados foram entrevistas com dois grupos de adolescentes: as mães e as não-mães, com idades entre 13 e 18, negras estudantes da escola Municipal Governador Roberto Santos e a observação participante do espaço escolar. A análise dos dados está fundamentada na abordagem Interseccional, articulando, portanto, os conceitos de gênero, raça, classe e geração para estabelecer reflexões e categorias sobre o tema. As discussões geradas pela pesquisa demonstram que os temas em torno da maternidade adolescente apresentam um campo complexo, dinâmico e extremamente heterogêneo. Além disso, instiga análises sobre o lugar das mulheres mães em contextos institucionais, como a escola e a necessidade de políticas de permanência para esse grupo. O olhar das adolescentes não-mães sobre o tema evidencia muitas semelhanças com as adolescentes mães principalmente nas trajetórias de vida e nas relações familiares e afetivas, entretanto descrevem a maternidade como “atraso” nas perspectivas profissionais e pessoais na vida das mulheres. No que se refere aos Projetos de vida foi possível categorizar três perspectivas de análise: 1 – Quando a maternidade adolescente é o Projeto de Vida, 2- Quando a maternidade na adolescência altera o Projeto de vida e 3- Quando a maternidade é motivadora do Projeto de Vida. Por fim, este trabalho apresenta a necessidade de maior investigação acerca da relação maternidade, trajetórias de escolarização e Projeto de vida, considerando os elementos de raça, gênero, classe e geração e propõe reflexões em torno de possíveis políticas de acesso e permanência de adolescentes mães na escola.
- ItemInclusão educacional em movimento: humanização e garantia de direitos das pessoas com transtorno mental no bairro de Pau da Lima, Salvador - BA(2017-04-04) Amorim, Josilane de Oliveira; Souza, Sueli Ribeiro Mota; Delgado, Josimara Aparecida; Costa, Lívia Alessandra Fialho daEsta pesquisa é resultado de um trabalho investigativo realizado na comunidade de Pau da Lima, Salvador, Bahia. A investigação analisou o processo educativo do atendimento em saúde mental no projeto De bem com a vida, baseado na Reforma Psiquiátrica, e se desdobrou nos seguintes objetivos específicos: descrever historicamente o fenômeno de institucionalização do louco no modelo hospitalocêntrico; analisar o atendimento dos profissionais em saúde mental em relação ao processo educativo de mudança do modelo asilar para um modelo assistencial baseado na Reforma Psiquiátrica; identificar a importância do envolvimento da família no tratamento; contribuir com a democratização das informações sobre o transtorno mental, direitos e cidadania na comunidade. A metodologia utilizada para a presente investigação foi a abordagem qualitativa, utilizando-se da técnica de grupo focal, recolhimento de depoimentos e análise documental para a coleta de dados. Foi também realizada uma visita à instituição psiquiátrica para conhecimento histórico da instituição que passou do modelo hospitalocêntrico até a sua extinção e substituição para um modelo terapêutico. A pesquisa foi fundamentada nas análises dos seguintes autores: Foucault (1979, 2010); Goffman (1974, 2015); Basaglia (2005); Canguilhem (2015); Gohn (2011, 2012); Muchail, Fonseca e Neto (2013); Sawaia (2014); Amarante (1995), dentre outros. Os dados analisados no grupo focal evidenciam um processo educativo no conhecimento dos usuários e suas famílias do que seja o transtorno mental, uso da medicação e de seus direitos. Mostram também que a interação entre os participantes do projeto promove a construção de saberes e liberdade na relação com a equipe multiprofissional. O desafio da reforma é construir um espaço onde o doente não se veja mais como excluído, onde tenha um atendimento em que a família possa ser inserida no processo educativo e de um entendimento em relação à sua desinstitucionalização e consequentemente uma participação ativa no tratamento e garantia de direitos.
- ItemMulheres pobres em circulação: aprendizados e saberes construídos na batalha das ruas de Salvador(2015-02-09) Silva, Fernanda Priscila Alves da; Costa, Lívia Alessandra Fialho da; Sousa, Fabiana Rodrigues; Pacheco, Ana Claudia LemosEsta dissertação investiga os processos de mobilidade, movimento, socialização e construção de saberes de mulheres pobres, inseridas em contexto de prostituição, em Salvador, Bahia. As interlocutoras da pesquisa têm idades entre 30 e 65 anos e estão na batalha pela vida – expressão por elas utilizada para se referir ao trabalho como prostitutas nas ruas – desde a adolescência. Para este estudo foram entrevistadas 10 mulheres em seu local de trabalho (na Praça da Sé, Centro Histórico da cidade). O principal objetivo deste estudo consiste em estudar as trajetórias de vida, socialização, transformações e saberes de mulheres no cotidiano da prostituição. Mais especificamente, compreender os saberes construídos a partir deste cotidiano e o fazer-se/ formar-se mulher neste cenário. O referencial teórico está ancorado no campo de estudos autobiográficos em educação e numa perspectiva interdisciplinar de análise, conjugando orientações dos campos da psicologia (contextos familiares e construção de subjetividades) e da Antropologia (ao considerar a socialização um eixo importante para composição de uma etnografia das interações). São considerados como referencial secundário que ampara comparativamente as análises, estudos sobre prostituição e mercados do sexo, considerando principalmente alguns aspectos: a prostituição e o mercado do sexo, entendidos como processos de deslocamentos e transnacionalização; processos de socialização e mobilidades ocorridas no espaço, neste caso, a rua (praça) entre os diversos atores que circulam neste contexto; as construções de saberes e aprendizados realizados nestes (e a partir) destes espaços e vivências. As principais categorias norteadoras foram: socialização, educação, prostituição e trajetórias de vida sendo a categoria batalha uma expressão que emerge do campo no fazer e construir a pesquisa. Os resultados apontaram que a rua, enquanto contexto educativo constrói e transforma saberes através da inclusão de uma constelação de participantes que compõem, para além dos clientes, redes móveis de relacionamentos. Os aprendizados, ou em outras palavras, a educação – aqui pensada como forma/lugares de constituição de sujeitos – imprime nas dinâmicas sociais desta prática uma maneira própria de vivenciar o mundo e de atribuir sentidos e significados àquilo que é vivido a partir de tramas e enfrentamentos cotidianos da batalha na rua.
- Item"Para que estudar, se no final todo mundo vai morrer?": experiências de enlutamento no cotidiano escolar de jovens Pretxs(2022-03-21) Oliveira, Moisés Batista Santos de; Souza, Sueli Ribeiro Mota; Costa, Lívia Alessandra Fialho da; Santos, José Eduardo Ferreira; Almeida, Vanessa Sievers de; Santos, Luciano CostaEsta tese buscou compreender o cotidiano escolar de jovens pretxs impactadxs pelo processo de luto decorrente da morte de pessoas amadas envolvidas com o tráfico de drogas. Visando a compreensão proposta acima, problematizei: como essxs educandxs pretxs elaboram emoções perpetradas pelas perdas de entes queridos? Quais são as estratégias utilizadas por elxs no processo de elaboração do luto na permanência escolar? Para tanto, adotei a abordagem qualitativa de cunho fenomenológico-interpretativo, situada em campo educacional, intercruzando-a com procedimentos etnometodológicos. Assim, utilizei técnicas como amostragem aleatória, questionário, entrevista individual, grupo focal, além da observação, da escuta e da percepção. Por conta do surgimento da Covid-19 e consequente fechamento da escola (entre 2019 e 2021), passei a fazer uso também da ferramenta WhatsApp pelo celular. Na primeira etapa da pesquisa (amostragem aleatória), contemplei 139 educandxs, na faixa etária de doze a vinte anos, a fim de reconhecer dados socioeconômicos e dar vazão à partilha de seus sonhos, perspectivas de futuro e existência ou não de familiares e/ou amigxs mortxs por envolvimento com o tráfico de drogas. Essa foi uma estratégia de seleção e convite para participação do grupo focal de sete educandxs com cotidianos escolares impactados pela vivência com o processo de luto. No início da segunda etapa da pesquisa, três pessoas saíram do grupo, seja por determinação dxs responsáveis e/ou por decisão própria, permanecendo como participantes quatro pessoas. A cada etapa concluída no processo da pesquisa, compreendia que nem sempre os sinais revelados eram de dor, de tristeza, de arrependimento, de raiva, de dúvida, de desesperança, mas também de alegria, de esperança, de sonho por um futuro melhor e o desejo em continuar vivendo era pulsante e mergulhado entre o triste e o alegre, a esperança e a desesperança, o estar bem e o estar mal, entre o choro e o sorriso.
- ItemPedagogia decolonial educação de pescadores e pescadoras artesanais e marisqueiras: uma experiência na comunidade pesqueira de Ilha de Maré, Salvador, Bahia(2020) Procópio, Daniele Freire; Costa, Lívia Alessandra Fialho daEsta dissertação investiga os elementos presentes na educação escolar da comunidade pesqueira de Ilha de Maré (Salvador–Bahia) que acenam para a importância e fortalecimento da memória cultural e para a sobrevivência da identidade plural e dinâmica da comunidade, organização local e alteridade de seus membros. O objetivo desse estudo consiste em identificar os conhecimentos e práticas incorporados ao currículo escolar que colaboram na preservação dos saberes da comunidade pesqueira pesquisada. Os sujeitos da pesquisa são pescadores e pescadoras artesanais e marisqueiras matriculados (das) na turma da Educação de Jovens e Adultos – EJA TAP V, de uma Escola Municipal da Ilha. Os interlocutores são estudantes com idades entre 18 e 19 anos, moradores das comunidades do Martelo e Bananeiras e atuam em atividades ligadas à cultura da pesca artesanal. Além dos(as) cinco jovens estudantes da EJA, foram entrevistados outros 16 sujeitos, dentre eles diretoras, professoras (es), coordenadoras pedagógicas, lideranças locais, alunos do Centro de Apoio aos Filhos e Filhas de Marisqueiras e a Secretária Executiva do Regional BA-SE do Conselho Pastoral de Pescadores (CPP). As entrevistas aconteceram em diferentes espaços e também contaram com uso de recursos tecnológicos devido ao isolamento social decretado como medida de segurança durante a pandemia da Covid-19, em 2020. O referencial teórico está ancorado no campo dos estudos da pedagogia decolonial, tendo como enfoque uma metodologia pautada na pesquisa qualitativa e etnográfica em educação. O estudo parte de três categorias de análise: a educação de pescadores (as), território pesqueiro e pedagogias decoloniais. Tradição e modernidade, território, desterritorialização e reterritorialização são entendidos como campos de tensão situados na pesca artesanal e que vão direcionar o trabalho de educação popular decolonial. A discussão perpassa um projeto dialógico de educação numa perspectiva decolonial, no âmbito de um movimento social e ecológico - ecologia como “oikos” – casa, e “logos” – reflexão, de escola. Os resultados mostraram que as escolas da Ilha têm buscado implementar práticas pedagógicas pautadas nos saberes locais, mas enfrentam questões administrativas que dificultam a progressão do trabalho, bem como ainda precisa ser estreitada a relação entre escola e comunidade para a consolidação das diretrizes educacionais quilombolas e o alinhamento de propostas vinculadas às necessidades educacionais do território pesqueiro. O mar, a maré, o mangue, o tempo se mostraram como essenciais no processo de formação educacional alinhado à cultura da pesca artesanal e da mariscagem. Os saberes, a ancestralidade e a espiritualidade, constituídos historicamente no maritório, partem da natureza na comunhão com os povos das águas. As experiências educacionais do Conselho da Pastoral dos Pescadores (CPP), do Centro de Apoio aos Filhos e Filhas de Marisqueiras e da Escola das Águas apontam para a efetividade de práticas pedagógicas decoloniais no território pesqueiro. Nelas são ressignificadas as práticas cotidianas a partir da educação voltada para os valores da solidariedade e alteridade pensadas a partir dos próprios sujeitos e das perspectivas das comunidades e seus territórios, visando a justiça social, o acesso a direitos e o fortalecimento da luta pelo território através de uma educação [contextualizada] das águas.
- ItemPedagogia GRIÔ e suas interfaces com os modos de ser professor/a em comunidades quilombolas: (de)colonização da profissão docente(2021-06-14) Pereira, Luciana de Araújo; Rios, Jane Adriana Vasconcelos Pacheco; Miranda, Eduardo Oliveira; Santana, Marise; Menezes, Izabel Dantas de; Costa, Lívia Alessandra Fialho daO presente estudo tem por objetivo compreender as interfaces entre os fundamentos epistêmico-políticos da Pedagogia Griô e os modos de ser professor/a nas comunidades quilombolas de Remanso e Iúna, situadas no interior da Bahia. Teoricamente, o trabalho está alicerçado em estudos que abordam temas relacionados à Pedagogia Griô, de autoria e sistematização de Líllian Pacheco (2006, 2008, 2009, 2010) e à decolonialidade, referenciada nas discussões empreendidas por Mignolo (2003), Quijano (2005), Maldonado -Torres (2007), Ballestrin (2013) e Walsh (2012). Trata-se de uma pesquisa qualitativa, narrativa, aliada à perspectiva decolonial. A pesquisa envolve professores do Ensino Fundamental (Séries Iniciais) que atuam nas comunidades quilombolas. Os dispositivos de pesquisa utilizados foram a entrevista narrativa e as rodas de conversa. Três eixos de análises mobilizam o presente estudo: os modos de ser professor/a nas comunidades quilombolas a partir das aproximações/distanciamentos com a Pedagogia Griô; a relação entre os princípios da Pedagogia Griô e os modos de ser, fazer e conhecer dos professores e os elementos da cultura quilombola local e suas relações com as experiências pedagógicas no cotidiano escolar. O movimento de análise dos dados permitiu inferir que a Pedagogia Griô se alinha à pedagogia decolonial e está ancorada em princípios que apontam para um modo de ser professor, cuja experiência pedagógica entrecruza saberes ancestrais da cultura quilombola local e educação formal. As experiências pedagógicas no cotidiano escolar das comunidades quilombolas Remanso e Iúna/Ba apontam pontos de convergência e de divergência no que diz respeito à sua relação com os princípios e práticas da Pedagogia Griô. Os saberes ancestrais das comunidades quilombolas que aparecem na experiência pedagógica dos docentes atuantes nas escolas dessas comunidades são tratados em sala de aula por um viés comemorativo e são levados para chão da escola como ponto de partida para o trabalho com outros conteúdos, configurando, assim, uma experiência pedagógica ainda emaranhada nos “fios” da colonialidade e que carrega marcas de uma formação docente baseada em uma pedagogia tradicional, o que implica na não efetivação da Pedagogia Griô nas escolas em que atuam. O que ocorre são aproximações com o que propõe a Pedagogia Griô. Nesse contexto, defendo a ideia de que a Pedagogia Griô se apresenta no cenário da educação como uma pedagogia que se apresenta no âmbito da educação como uma inovação uma vez que, alinhada à perspectiva decolonial, penetra nas fissuras da colonização do saber, rompendo com a hierarquização da tradição escrita em detrimento da tradição oral, mas é afetada pela matriz da racionalidade moderna que, por sua vez, reflete nos modos de ser professor nas comunidades quilombolas de Remanso/BA e Iúna/BA, o que implica na não efetivação da Pedagogia Griô nas escolas em que atuam.
- ItemProcesso formativo educacional de jovens envolvidos com tráfico de drogas, cumprindo medida socioeducativa em regime de internação na CASE - Salvador(2017-05-15) Oliveira, Moisés Batista Santos de; Santos, Luciano Costa; Santos, José Eduardo Ferreira; Cappi, Riccardo; Costa, Lívia Alessandra Fialho daEsta dissertação objetiva compreender a intencionalidade pedagógica do/a professor/a em sala de aula do Anexo Escolar Roberto Santos, na Comunidade de Atendimento Socioeducativo em Salvador (CASE-SSA). Esta é uma instituição correcional voltada para a recuperação psicossocial de jovens envolvidos com o “mundo das drogas” e que, em consequência desse envolvimento, praticaram outros atos infracionais, tendo que cumprir medida socioeducativa em unidade de internação. Norteada pelo recorte teórico-metodológico fenomenológicoetnográfico, a investigação envolve áreas do conhecimento como sociologia, história, justiça restaurativa, educação, criminologia, antropologia e filosofia. As principais categorias estudadas foram: violência, juventude/s, medida socioeducativa para jovens em privação de liberdade, mundo das drogas, escolarização e intencionalidade pedagógica. Dos 17 (dezessete) profissionais da educação existentes no Anexo Escolar, foram entrevistados 4 (quatro), com a idade de 27 (vinte e sete) a 50 (cinquenta) anos, de contextos socioeconômicos diversificados. Aqui, destaca-se a importância da escola no processo de ressignificação do projeto de vida dos jovens envolvidos com atos ilegais, assim como a falta de compromisso político dos poderes públicos do Estado da Bahia em compreender a complexidade do fenômeno da educação no Brasil contemporâneo, e seu decisivo papel no processo de ressocialização de jovens pobres, negros e periféricos, em regime de internação. A proposta pedagógica vivenciada no espaço do Anexo Escolar Roberto Santos, longe de ser emancipadora e de crítica sociopolítica, não permite que educadores/as tematizem conteúdos que tenham como referência o contexto sociopolítico cultural do/a educando/a, necessitando de discussão e encaminhamento de construção de um projeto escolar alternativo para o processo socioeducativo na CASE – Salvador.