Prevalência e fatores de risco associados à doença renal crônica em duas comunidades indígenas do nordeste brasileiro

dc.contributor.advisorArmstrong, Anderson da Costa
dc.contributor.authorGomes, Orlando Vieira
dc.contributor.refereeLins Neto, Ernani Machado de Freitas
dc.contributor.refereeLima, Artur Gomes Dias
dc.contributor.refereeCosta, Denise Maria do Nascimento
dc.contributor.refereeFernandes, Gisele Vajgel
dc.date.accessioned2023-10-05T13:46:38Z
dc.date.available2023-10-05T13:46:38Z
dc.date.issued2023-08-22
dc.description.abstractA doença renal crônica (DRC) é um sério problema de saúde global, especialmente em países com recursos limitados. As populações indígenas têm sido particularmente afetadas, enfrentando maior morbidade e mortalidade em idades mais jovens. Esta tese teve como objetivo descrever a prevalência de DRC e analisar os fatores de risco associados em duas etnias indígenas brasileiras do Vale do São Francisco, região Nordeste do Brasil: Truká (mais urbanizada) e Fulni-ô (menos urbanizada). A tese é produto de um projeto intitulado “Projeto de Aterosclerose em Indígenas” que foi realizado em duas etapas distintas. A primeira etapa ocorreu entre 2016 e 2017 e envolveu a análise de indivíduos de 30 a 70 anos de idade de ambas as etnias. Na segunda etapa do projeto, que ocorreu entre 2020 e 2022, analisamos exclusivamente os dados dos indígenas da etnia Truká com idade igual ou superior a 18 anos. Nessa etapa, o estudo teve inicialmente como foco a população acima de 60 anos de idade. Posteriormente, o escopo foi ampliado para abranger toda a população indígena com idade acima de 18 anos. A participação em ambas as etapas foi voluntária, e o projeto adotou um desenho transversal para seus estudos. A DRC foi definida da seguinte forma: na primeira etapa, a DRC foi considerada quando a taxa de filtração glomerular estimada era < 60 mL/min/1,73m²; na segunda etapa, a DRC foi definida como taxa de filtração glomerular estimada < 60 mL/min/1,73m² ou relação albumina-creatinina urinária > 30mg/g. Os resultados mostraram maior prevalência de DRC na população mais urbanizada, com 6,2% no grupo Truká e 3,3% no grupo Fulni-ô na primeira etapa. Na segunda etapa do estudo, a prevalência da DRC na população indígena Truká com mais de 60 anos foi de 26,6%. A doença foi mais comum em mulheres e aumentou com o avançar da idade. Hipertensão e diabetes foram comorbidades frequentes, presentes em 67,7% e 24,0% dos casos de DRC nessa faixa etária específica, e estavam significativamente associadas à doença. Na análise posterior com 1.654 indígenas Truká acima de 18 anos, a prevalência de DRC foi de 10%. Na análise univariada dessa população, DRC foi mais comum em mulheres (12,4% vs. 6,9%, p <0,001), idosos (OR 4,6, IC 95% 3,2-6,6), indivíduos com doença cardiovascular (OR 2,1, IC 95% 1,1-4,1) e dislipidêmicos (OR 1,6, IC 95% 1,1-2,4). Na análise multivariada, utilizando o modelo de regressão logística de Bernoulli, idade acima de 60 anos, sexo feminino e dislipidemia permaneceram associados à DRC. Diabetes, hipertensão e obesidade não se associaram significativamente à DRC na população indígena acima de 18 anos. Esses resultados surpreendentes levantam questionamentos sobre possíveis causas da DRC em indígenas avaliados. A hipótese de uma forma específica de DRC, conhecida como 'doença renal crônica de causa desconhecida', pode ser um fator subjacente no desenvolvimento da doença nessa população. Atividades agrícolas em condições climáticas adversas, exposição a pesticidas e desvantagens socioeconômicas podem estar relacionadas ao surgimento dessa apresentação de DRC. A predisposição genética também pode influenciar nesse contexto. Os achados têm implicações significativas para a saúde pública e abrem novas perspectivas para estudos futuros. Propõe-se medidas culturalmente adaptadas, incluindo educação em saúde, saneamento, nutrição, respeito à cultura indígena, acesso equitativo à saúde, e incentivo à pesquisa, incluindo investigação genética e estudo histopatológico através de biópsia renal. Integrar essas propostas na formação acadêmica dos profissionais de saúde pode proporcionar cuidados sensíveis para todos, independentemente da origem étnica, resultando em benefícios significativos.
dc.description.abstract2Chronic Kidney Disease (CKD) is a significant global health issue, especially in countries with limited resources. Indigenous populations have been particularly affected, experiencing higher morbidity and mortality at younger ages. The objective of this thesis was to describe the prevalence of CKD and analyze associated risk factors in two Brazilian indigenous ethnic groups from the São Francisco Valley, Northeastern Brazil: the Truká (more urbanized) and Fulni-ô (less urbanized) communities. The thesis is a product of a project titled "Atherosclerosis in Indigenous Populations," which was conducted in two distinct phases. The first phase took place between 2016 and 2017 and involved individuals aged 30 to 70 from both ethnic groups. In the second stage of the project, which took place between 2020 and 2022, we exclusively analyzed data from the indigenous Truká people who were aged 18 years or older. In this stage, the study initially focused on the population aged 60 years and older. Later, the scope was expanded to encompass the entire indigenous population over 18 years old. Participation in both phases was voluntary, and the project adopted a cross-sectional design for its studies. CKD was defined as follows: in the first phase, CKD was considered when the estimated glomerular filtration rate was 30mg/g. The results showed a higher prevalence of CKD in the more urbanized population, with 6.2% in the Truká group and 3.3% in the Fulni-ô group in the first phase. In the second phase of the study, the prevalence of CKD in the indigenous Truká population over 60 years old was 26.6%. The disease was more common in women and increased with advancing age. Hypertension and diabetes were frequent comorbidities, present in 67.7% and 24.0% of CKD cases in this specific age group and were significantly associated with the disease. In the subsequent analysis of 1,654 Truká indigenous individuals over 18 years old, the prevalence of CKD was 10%. In the univariate analysis of this population, CKD was more common in women (12.4% vs. 6.9%, p <0.001), the elderly (OR 4.6, 95% CI 3.2-6.6), individuals with cardiovascular disease (OR 2.1, 95% CI 1.1-4.1), and those with dyslipidemia (OR 1.6, 95% CI 1.1-2.4). In the multivariate analysis using the Bernoulli logistic regression model, age over 60, female sex, and dyslipidemia remained associated with CKD. Diabetes, hypertension, and obesity were not significantly associated with CKD in the indigenous population over 18 years old. These surprising results raise questions about possible causes of CKD in evaluated indigenous individuals. The hypothesis of a specific form of CKD, known as 'chronic kidney disease of unknown cause,' may be an underlying factor in the development of the disease in this population. Agricultural activities in adverse climate conditions, exposure to pesticides, and socioeconomic disadvantages may be related to the emergence of this presentation of CKD. Genetic predisposition may also influence in this context. The findings have significant implications for public health and open new perspectives for future research. Culturally adapted measures are proposed, including health education, sanitation, nutrition, respect for indigenous culture, equitable access to healthcare, and encouragement of research, including genetic investigation and histopathological studies through kidney biopsy. Integrating these proposals into the education of healthcare professionals can provide culturally sensitive care for everyone, regardless of ethnic background, resulting in significant benefits.
dc.format.mimetypeapplication/pdf
dc.identifier.citationGOMES, Orlando Vieira. Prevalência e fatores de risco associados à doença renal crônica em duas comunidades indígenas do nordeste brasileiro. 2023. 141 f. Tese (Doutorado em Ecologia Humana e Gestão Socioambiental) - Departamento de Tecnologia e Ciências Sociais – Campus III, Universidade do Estado da Bahia, Juazeiro-BA, 2023.
dc.identifier.urihttps://saberaberto.uneb.br/handle/123456789/4810
dc.identifier2.Latteshttp://lattes.cnpq.br/1739463987805846
dc.language.isopor
dc.publisherUniversidade do Estado da Bahia
dc.publisher.programPrograma de Pós-Graduação em Ecologia Humana e Gestão Socioambiental
dc.rightsinfo:eu-repo/semantics/openAccessen
dc.rights.urihttp://creativecommons.org/licenses/by/3.0/br/
dc.rights2Attribution 3.0 Brazilen
dc.subject.keywordsPovos indígenas
dc.subject.keywordsDoença renal crônica
dc.subject.keywordsPrevalência
dc.subject.keywordsFatores de risco
dc.titlePrevalência e fatores de risco associados à doença renal crônica em duas comunidades indígenas do nordeste brasileiro
dc.title.alternativePrevalence and Associated Risk Factors of Chronic Kidney Disease in Two Indigenous Communities in Northeast Brazil
dc.typeinfo:eu-repo/semantics/doctoralThesis
Arquivos
Pacote Original
Agora exibindo 1 - 1 de 1
Carregando...
Imagem de Miniatura
Nome:
Prevalência e fatores de risco_ Orlando Gomes.pdf
Tamanho:
2.51 MB
Formato:
Adobe Portable Document Format
Descrição:
Licença do Pacote
Agora exibindo 1 - 1 de 1
Carregando...
Imagem de Miniatura
Nome:
license.txt
Tamanho:
462 B
Formato:
Item-specific license agreed upon to submission
Descrição: