Esta pesquisa, intitulada “Representações sociais de jovens sobre o Lobato: saberes e práticas socioeducativas no espaço vivido”, objetivou apreender como o conteúdo das RS de jovens sobre o “Lobato” pode contribuir para (re)orientar práticas socioeducativas nos diversos espaços sociais do Subúrbio Ferroviário de Salvador - Bahia. Situada no campo da educação na contemporaneidade, a inspiração epistemológica deste estudo está nas bases teóricas da Psicologia Social (cognição social) e da Geografia Humanística que inclui o espaço social numa perspectiva holística, advinda do esforço em compreender os fenômenos na sua globalidade. Para cumprir com o objetivo, recorremos às bases que fundamentam a teoria das representações sociais, sendo a abordagem estrutural utilizada para a apreensão dos elementos das representações sociais e a abordagem processual para explicar como eles constroem as representações sociais pelos planos (ancoragem e objetivação), assim como recorreremos às funções do saber, identitária e orientadora da teoria. Da mesma forma, para identificar, analisar e discutir os dados utilizamos os métodos e técnicas específicos da TRS para a apreensão das imagens cognitivas a partir de três instrumentos: teste de evocação livre de palavras; fotografias tomadas pelos estudantes e entrevista em grupo. O tratamento dos dados das evocações se deu de forma estruturada por meio de um quadrado composto de quatro quadrantes que representam os conceitos de núcleo central (elementos centrais), elementos intermediários I e II e elementos periféricos e, posteriormente, foram superpostos com a análise das fotografias tomadas pelos jovens/estudantes e com a entrevista em grupo. Após dados analisados e contrastados, os resultados demonstraram que as RS do Lobato se constroem num processo em que os jovens/estudantes ancoram seus saberes a partir das relações sociais que eles estabelecem com seus grupos sociais formados por amigos e familiares. Pode-se perceber, ainda, que as RS do Lobato emergem como um espaço de vida onde há uma conjugação de forças contraditórias, positivas e negativas, internas e externas. As positivas reforçam os aspectos identitários para com o Lobato e as relações sociais que eles estabelecem entre si e os outros da comunidade. Já as negativas são reconhecidas e se fundam nos aspectos econômicos e socioambientais salientados pelos outros, ou seja, por sujeitos externos. Dessa forma, a partir das RS dos jovens, as contribuições para (re)orientar práticas socioeducativas nos diversos espaços se deram nas perspectivas epistemológica, sociopolítica e pedagógica ao propor, respectivamente, avançar o conceito de práticas socioeducativas sustentáveis pelo empreendimento do conceito dos S desenvolvido pela autora; considerar o pensamento e ação dos jovens nos seus espaços vividos e articular os processos de participação da sociedade civil nos espaços de educação formal com os de educação não-formal e, ainda, informal a fim de potencializar aprendizagens significativas. Também foi possível notar lacunas neste estudo que apontam para a necessidade de pesquisas aplicadas em educação que envolvam, numa rede colaborativa, juventudes, políticas públicas, gestores públicos, pesquisadores, escola e comunidade em dinâmicas de solidariedade e colaboração para lidar com as práticas que emergem enquanto “táticas de resistência” a partir dos estigmas sociais, pois desse contexto pode-se potencializar condições favoráveis e amenizar condições desfavoráveis de cada território.