“O que você vai ser, quando você crescer?”: o negro e a universidade

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Data
2012-10-25
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Resumo

Esta dissertação trata de desigualdades raciais no acesso ao ensino superior. Justifica-se face à necessidade contemporânea de abordar as questões inerentes à situação de desigualdade entre brancos e negros, em especial no seu acesso ao ensino superior. O estudo procurou compreender a relação entre a condição sociorracial do estudante e a escolha do curso, tomando como espaço empírico a Universidade do Estado da Bahia. Para examinar o perfil socioeconômico dos estudantes, sua trajetória educacional, sua percepção sobre o convívio inter-racial, o racismo na sociedade e na universidade, e a respeito das políticas afirmativas, sobretudo as cotas para negros na universidade. Para compreender o objeto da investigação recorremos aos estudos que desvendam os mecanismos de produção e reprodução das desigualdades frente á educação, bem como aqueles que examinam as relações raciais no Brasil, sobretudo os que investigam as desigualdades raciais e as desigualdades no campo da educação. Adotamos uma metodologia de perfil quantitativo, lançando mão do questionário para coletar dados primários, e de dados secundários produzidos e disponibilizados pela própria universidade. A análise dos dados evidenciou que a escolha do destino escolar é determinada por valores provenientes da posição social e racial do estudante. Ao analisarmos os processos de escolha dos cursos superiores, percebemos que o “ser negro” interfere neste processo e que existe uma relação entre cor e status nas carreiras superiores. Pressupondo-se que a maioria dos optantes de cotas tiveram uma formação escolar precária dada a sua classe social, o que os levam a ingressar na universidade, principalmente em cursos menos concorridos e que geralmente são associados a ocupações de baixa remuneração. Foi evidenciado também que à medida que diminui o status de prestígio dos cursos, percebemos que diminui também a concorrência e a diferença entre as concorrências dos optantes e não optantes de cotas. Os cursos da área de saúde possuem uma particularidade, têm as concorrências bem acirradas para os dois grupos de candidatos, sendo bem pequenas as diferenças de concorrências entre eles. A partir das análises realizadas, contatou-se que os estudantes do curso de Direito possuem uma ampla consciência racial, tendo uma visão crítica e atualizada acerca das relações raciais no Brasil. Em praticamente todas as questões, apresentaram altos percentuais de conscientização e demonstraram opiniões favoráveis às cotas, reconhecem a existência de racismo no país e na universidade e como isso reflete no convívio entre brancos e negros na sociedade. Nos outros cursos analisados, percebe-se uma consciência racial branda na maioria dos cursos. Os estudantes se dividem muito com questões que envolvam cotas, racismo e convívio entre brancos e pretos. Mas o curso que apresentou os maiores percentuais de total desconhecimento das questões raciais brasileiras foi o curso de Fisioterapia. Esses estudantes são os mais contrários às cotas e carregados de preconceitos raciais. Podemos supor que os estudantes dos cursos de Psicologia, Enfermagem, Engenharia de Produção Civil, Fisioterapia e Pedagogia possuam uma postura mais conservadora, que não lidam com uma visão mais crítica da realidade social, postura essa que se liga diretamente ao perfil de cada curso.


Descrição
Palavras-chave
Negros, Universidade e Escolha da Carreira
Citação
BENEVIDES, Dalila Fonseca. “O que você vai ser, quando você crescer?”: o negro e a universidade. Orientadora: Delcele Mascarenhas Queiroz. 2012. 113f. Dissertação (Mestrado), Programa de Pós-graduação em Educação e Contemporaneidade - Departamento de Educação Campus I, Universidade do Estado da Bahia, Salvador, 2012.