Mulheres ceramistas de coqueiros: saberes, ancestralidades étnicas e a educação de jovens e adultos (EJA)

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Data
2020-04-30
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Resumo

O objetivo central dessa pesquisa é propor a articulação entre os saberes tradicionais da comunidade ceramista de Coqueiros e os conhecimentos propostos pela escola, numa perspectiva que questiona: Como o trabalho das mulheres ceramistas de Coqueiros poderá contribuir para a Educação de Jovens e Adultos? Os sujeitos desse estudo são, as mulheres ceramistas de Coqueiros, os alunos e os professores da Educação de Jovens e Adultos – EJA, do Colégio Estadual Nossa Senhora da Conceição. Para tanto, temos a produção da cerâmica, importante vetor econômico da comunidade e símbolo do saber étnico e ancestral, visibilizada nesse estudo, como aporte fundante para a aplicação dos princípios das Leis 10639/2003 e a 11645/2008, que preconizam questões acerca das temáticas relacionada a história e a cultura afro- brasileira e indígena. O desenho metodológico está sedimentado na pesquisa qualitativa, de natureza aplicada, com abordagem etnográfica e procedimentos como: a observação, a entrevista, a roda de conversa, a fotografia e o diário de campo. Os resultados apontam, para uma realidade de analfabetismo e baixa escolarização entre as ceramistas. Por outro lado, temos os professores que revelam o desconhecimento das questões da etnicidade ancestral no fazer da cerâmica na comunidade. Diante do distanciamento constatado entre os saberes da escola e os saberes tácitos da comunidade, apresentamos como dados do trabalho de campo, uma exposição elencando imagens e informações sobre a cerâmica e sua ancestralidade, no pátio do colégio. Realizamos também a divulgação do trabalho das mulheres ceramistas no III SIANCO – Seminário Internacional de Análise Cognitiva, através da apresentação de artigo sobre a pesquisa e distribuição de peças de cerâmica produzidas por elas, para os conferencistas e coordenadores do evento. Um outro resultado foi a criação de um Blog, envolvendo as ceramistas e a escola. Concluímos que, existe uma necessidade de reflexão acerca dos processos de escolarização na EJA, pois, a relação entre a educação e o trabalho, reverberam positivamente na aprendizagem significativa através da cerâmica, que precisa de visibilidade na escola, pois, o sentimento é de que não existem atrativos para as jovens desenvolverem todo o processo laboral das peças; desde o aprender a moldar o barro e transformá-lo em louças, prontas para o uso e principalmente para a comercialização. Esse fazer artesanal, destoa da mentalidade de industrialização em série, que ressalta a especialização em partes do processo de produção e não na feitura da totalidade da peça por uma artesã caracterizando assim, maior probabilidade de esquecimento de um fazer artesanal, que envolve a cultura ligada à ancestralidade e à resistência étnica de uma comunidade. É preocupante, para além da perspectiva do consumo e da geração de emprego e renda, mas acima de tudo, de um ponto de vista antropológico, que aponta para o abandono da tradição das mulheres em fazer e ensinar fazer a cerâmica, concorrendo com o desaparecimento de uma cultura ao mesmo tempo, artística e de subsistência, cujo desestimulo, leva à desistência e negação do espírito e da mão empreendedora feminina, bem como, a invisibilidade e a perda de pertencimento étnico.


Descrição
Palavras-chave
Mulheres Ceramistas, Ancestralidades Étnicas e a EJA
Citação
MARQUES, Marineide Leite. Mulheres ceramistas de coqueiros: saberes, ancestralidades étnicas e a educação de jovens e adultos (EJA). Orientadora: Leliana Santos de Sousa. 2020. 134f. Dissertação (Mestrado Profissional), Programa de Pós-graduação em Educação de Jovens e Adultos - Departamento de Educação Campus I, Universidade do Estado da Bahia, Salvador, 2020.