A gestão escolar pode dificultar ou colaborar paraa institucionalização da Educação do Campo como projeto da escola e comunidade, para discussão de tal tese elegemos o Território de Identidade Sertão Produtivo-BA como espaço de pesquisa. Assim o estudo busca analisar quais aspectos da gestão das escolas do campo no Território Sertão Produtivo-BA podem influenciar sua função na institucionalização da Educação do Campo como projeto da escola e comunidade. Deste modo levamos em consideração o perfil, as formas organizacionais, as condições de trabalho das(os) gestoras(es), os aspectos da gestão que se aproximam ou se distanciam dos princípios e das proposições sobre a gestão das Diretrizes Operacionais da Educação do Campo, e as redes de diálogo e apoio existentes e possíveis. A pesquisa de campo e documental está fundamentada na abordagem qualiquantitativa e, para coleta de dados, foram utilizadas informações do Sistema de Avaliação da Educação Básica, questionário sobre aspectos relacionados à gestão e à Educação do Campo aplicado com gestoras(es) de escolas do campo do Território, Ciclo de Estudos Temático, como grupo de discussão, e o contato com os Sindicatos dos Trabalhadores e Trabalhadoras Rurais, representantes de movimentos sociais, organizações e associações e do Mapa das Organizações da Sociedade Civil (OSCs). Utilizou-se a análise de conteúdo e a análise estatística descritiva do tipo medida de tendência central para interpretação dos dados. Apresentamos a Educação do Campo a partir de três dimensões: movimento de luta, modalidade educacional e concepção de educação, associando as disposições legais existentes no Brasil sobre gestão democrática. Como aproximações da gestão com a Educação do Campo, destacamos a formação em curso superior das(os) profissionais, o conhecimento sobre a legislação, a gestão real, a preocupação com o currículo, vinculação entre Educação do Campo e a gestão democrática, a existência de conselhos escolares e uma composição mais democrática em boa parte das escolas, a elaboração própria do Projeto Político Pedagógico ou, ao menos, o debate com a equipe escolar. Os dados apontam como distanciamentos as condições de trabalho, a inexperiência na gestão, a questão salarial, a indicação ao cargo, a gestão nucleada e a não-gestão, funções dos conselhos centradas em questões internas à escola, a baixa frequência das reuniões, a escassa inserção de temas da realidade do campo nos projetos, a pouca percepção sobre o papel da gestão na aproximação dos Projetos Políticos Pedagógicos aos princípios da Educação do Campo. As(os) gestoras(es) destacam como principais atores em sua rede de apoio e diálogo outras (os) gestoras(es), a comunidade e instâncias superiores. Apenas o Centro de Agroecologia do Semiárido foi citado como organização que articulou um processo formativo na área, assim, apresentamos o mapeamento de outras possíveis redes existentes no Território. As conclusões deste estudo reforçam a relevância da gestão na institucionalização da Educação do Campo, mas, para que isso se efetive, é preciso que se garantam condições materiais de trabalho, formação específica, fomento de outras formas organizacionais da gestão; vínculo com a comunidade/realidade local, organização coletiva e o fortalecimento de novas redes de diálogo e apoio.