Quanta informação há em apenas uma amostra de bycatch da pesca de arrasto de camarão?: revisitando a ecologia do bycatch

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2022-12-26
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Resumo

A pesca de arrasto de camarão em ecossistemas marinhos ocorre via de regra na zona de arrebentação (ZA), ambiente fisicamente dinâmica, que funciona como proteção contra predadores devido a sua alta turbidez e baixa profundidade, e gera um excedente de captura relacionado a ictiofauna, chamado de bycatch, o qual tornou-se um problema mundial que desafia a sustentabilidade dos ecossistemas marinhos e consequentemente a própria pesca. O impacto do arrasto sobre a diferentes níveis tróficos associados à espécie-alvo provoca a captura “acidental” de indivíduos ainda imaturos, representando uma perda significativa na formação de biomassa alimentar e torna os estoques de peixes mais vulneráveis ao esgotamento. Partindo destas questões, o presente trabalho buscou responder a seguinte pergunta: Quanto informação ecológica pode haver em uma amostra de bycatch em um evento de pesca de arrasto de camarão? Seguindo o ponto de referência de desembarque da vila pesqueira de Poças, pertencente ao município do Conde, ocorreu 5 km de arrasto em frente ao município de Jandaíra. Foram identificados 414 indivíduos pertencentes a 33 espécies, distribuídas em 29 gêneros distribuídos em 16 famílias, para os quais investigou-se a estrutura populacional, aspecto da riqueza de espécies, diversidade da amostra, conectividade ambiental e níveis tróficos, além da análise bioeconômica da amostra. As famílias menos diversidades são todas de valor comercial, a saber: Lutjanidae (2), Pristigasteridae (2) e Clupeidae (1). Em contrapartida, as famílias Sciaenidae (9) e Carangidae (3) possuem espécies com e sem valor comercial, porém com alta diversidade de espécies. As famílias com maior riqueza são típicas de ambientes estuarinos, Sciaenidae (9 espécies e 234 indivíduos), e a família Clupeidae (1 espécie e 55 indivíduos). O resultado do IVI indicou que as mais importantes nesta amostra de bycatch foram: Stellifer microps, Odontognathus mucranatus, Larimus breviceps, Paralonchurus brasiliensis e Selene setapinnis, dados condizentes com resultados encontrados em diferentes trabalhos com cobertura amostral maior. Considerando-se a diversidade observada, associado com a predominância de altos níveis tróficos na amostra e o estado de conservação, ademais da biologia de algumas espécies de interesse econômico ( p. ex., L. synagris, L. bucannella, C. chrysurus) ou estrutural das ZA (p. ex., S. microps), pode-se falar de um efeito bottom-up de erosão das cadeias tróficas, visto que trata-se da remoção do estoque de juvenis pela pesca de arrasto de camarão de espécies que também descrevem rupturas na conectividade entre esta zona de nidificação, a ZA, com os ambientes estuarinos e recifes de mar aberto, havendo a necessidade urgente de medidas de gestão da pesca artesanal, para sobrevivência dos oceanos e ambientes costeiros marinhos e, consequentemente, da sociedade que recebe seus bens e serviços.


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Palavras-chave
Bycatch, Ictiofauna, Diversidade, Zona de arrebentação
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