Este trabalho propõe discutir as formas de representação da identidade e da cultura afro-brasileiras apresentadas aos estudantes do Ensino Médio nos livros didáticos de História e Literatura, adotados através do PNLD de 2018, no Colégio Estadual Wilson Lins no município de Valente-BA. A proposta dessa pesquisa é compreender como as representações identitárias e culturais influenciam na construção e/ou desconstrução de estereótipos responsáveis pela perpetuação de discursos e práticas discriminatórias sobre o afrodescendente, suas culturas e identidades. Nesse sentido, é importante ressaltar que o conceito de representação é aqui entendido como um meio pelo qual se constroem, a partir de leituras e práticas, em sala de aula, um sentido para os processos plurais e, por vezes, contraditórios que moldam a sociedade (CHARTIER, 1998). Portanto, o diálogo entre as narrativas históricas e literárias, que, enquanto construções socioculturais, são representações que se referem à vida e que a explicam (PESAVENTO, 2006), deve ser realizado constantemente, tanto no âmbito acadêmico quanto no escolar. Pretendemos, assim, problematizar tais representações ao longo da pesquisa a partir desse diálogo, entendendo a inter-relação entre História e Literatura como algo inerente às disciplinas, uma como matéria da outra (GROSSMANN, 1982). Dessa forma, a inter/poli/transdisciplinaridade (MORIN, 2003) é parte importante do trabalho, uma vez que possibilita ampliar o olhar acerca da multiculturalidade e plurirracialidade da nossa sociedade (GOMES, 2009), contribuindo para pensar criticamente como foi e como vem sendo (des)construída a história sobre a identidade e cultura afro-brasileiras. Sob esse viés, o caminho metodológico escolhido é o da abordagem qualitativa através da análise de conteúdo (BARDIN, 1977) para que, a partir das reflexões e problematizações realizadas ao longo da pesquisa, elaboremos proposições curriculares de forma colaborativa com os(as) estudantes sobre a temática discutida, com ênfase na formação/afirmação de suas identidades (HALL, 2006), destacando o seu protagonismo enquanto sujeitos críticos e plurais