Palavras (en) cantadas do Ilê Aiyê: nos fios das tranças o caminho da África
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Resumo
Este trabalho toma como objeto de estudo o Bloco Ilê Aiyê. Nesta dissertação busca-se inferir a retomada do passado africano proposta pelo Bloco afro Ilê Aiyê, utilizando as figuras da Mãe Preta e da Deusa do Ébano como símbolos de identidade negra ancorada em uma proposta estética de afirmação e reelaboração da autoestima dos afro-descendentes. Certos elementos culturais são utilizados pelo Bloco como sinais emblemáticos da diferença e constituem o perfil sugerido: a vestimenta, a dança, o canto, os traços étnicos, a religião, a ancestralidade, formando o chamado Perfil Azeviche, representando culturalmente sua proposta de combate ao racismo e à discriminação. Retomam-se nesse estudo, para tanto, leituras produzidas sobre o movimento negro no Brasil e nas diásporas africanas e a inserção dos blocos afros no carnaval de Salvador como um dos meios utilizados, artisticamente, para denunciar e discutir o racismo e a discriminação, como Fantz Fanon, Homi Bhaba, Maria Nazareth Soares Fonseca, Dalmir Francisco, Stuart Hall, entre outros. Desse estudo, compreende-se a construção de uma outra visibilidade do povo negro em Salvador, bem como da discussão do que é ser negro e o carnaval baiano como espaço de reivindicação desse novo lugar e dessa nova estética.