Bocapiu, Esteira e Gibão: os processos educativos construídos nas resistências de sujeitos-trabalhadores(as) na feira livre do Centro de Feira de Santana (BA)

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2022-11-30
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Resumo

O cenário desta pesquisa é o município de Feira de Santana, na Bahia, que surge, segundo o imaginário popular, a partir de uma feira livre e de gado. A feira livre foi marcada por momentos de apogeu, glória e resistências, passando por um declínio fundamentado nos ideais Desenvolvimentistas e de Colonialidade. Atualmente, as resistências opõem-se ao Executivo Municipal e seu projeto unilateral e excludente de requalificação do Centro daquela cidade. Neste contexto, o objeto de pesquisa fixa-se nos processos educativos produzidos por trabalhadoras e trabalhadores que lutam contra as exclusões em favor da permanência de uma prática social ancestral. Destas resistências, emerge a pergunta central desta pesquisa: quais processos educativos podem ser produzidos por sujeitos-trabalhadores, em seus movimentos de resistência para permanecerem na feira livre do Centro de Feira de Santana? Tendo essa pergunta como direção, o objetivo principal traçado foi investigar os processos educativos produzidos por trabalhadores e trabalhadoras em suas resistências para permanecerem no Centro de Feira de Santana, com vistas a construir propostas colaborativas que fortaleçam estes movimentos. Para tanto, o percurso metodológico adotado fundamenta-se em propostas que permitem a participação efetiva dos atores sociais, tais como a pesquisa-ação e outras abordagens participativas, numa busca por conhecer e transformar a realidade. Inscrita numa abordagem qualitativa de pesquisa, esta pesquisa utilizou-se de coletas das informações que aconteceram mediante entrevistas, questionários, conversas, anotações de campo, que foram coletadas durante a participação orgânica no lócus da pesquisa, além de contar com a pesquisa documental e bibliográfica. Os fundamentos teóricos deste trabalho estão ancorados na Educação Popular e na Resistência, enquanto busca por direitos, tendo os estudos de Paulo Freire como eixo central para imersão numa educação experimentada fora dos muros da escola, permeada de cultura popular e de processos que podem colaborar para formação de cidadãos emancipados, autônomos e críticos, capazes de empreender esforços para dizerem a sua própria palavra, assumindo uma Comunicação Popular, constituída a partir dos sujeitos em situação de exclusão e em luta por seus direitos. Os resultados apontam a existência de movimentos de resistência efetivada por trabalhadores e trabalhadoras em luta para permanecerem num determinado lócus, a área central de uma cidade, trazendo de forma subjacente, a manutenção de parte da história, cultura, identidade e memória deste município, evidenciando a luta e organização de feirantes, ambulantes, camelôs e apoiadores(as) contra a exclusão. Assim, a conclusão indica que os movimentos de resistência investigados se configuram como processos educativos que contêm outros processos igualmente educativos, constituídos a partir da luta por direitos, contribuindo para pensar as opressões impostas àquelas pessoas, marcadas por estruturas de racismo, exclusão e desigualdades. Além disso, a pesquisa evidencia processos educativos voltados para o protagonismo feminino negro; a organização de trabalhadores(as) de diversas categorias em solidariedade e ação conjunta; a conscientização; a politização; a produção e a difusão de conteúdos construídos pelos excluídos, no exercício do direito (re)conquistado de dizerem as suas próprias palavras, percepções da realidade e versões dos fatos; e a apresentação de valores e saberes significativos para os movimentos de resistência, seus sujeitos e para sociedade em geral.


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COSTA, Sara Soares. Bocapiu, esteira e gibão: os processos educativos construídos nas resistências de sujeitos-trabalhadores(as) na feira livre do centro de Feira de Santana (Ba). 2022. 234 fls. Tese (Doutorado em Educação e Contemporaneidade) – Departamento de Educação, Campus I. Universidade do Estado da Bahia, Salvador, 2022.
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