O Sampauleiro é um romance singular da nossa literatura. Uma leitura atenta dessa obra abre uma possibilidade de abordagem de temas por diversas áreas do conhecimento. Essa seria, por si, uma condição para sua republicação, justamente no aniversário de 96 anos da sua primeira edição. Explorar esse potencial nos dará uma ideia geral de vários aspectos que desafiavam e tensionavam a sociedade brasileira de inícios do século XX. Não faltam referências a migrações, racismos, relações de trabalho, dependência, solidariedades verticais e horizontais... A liberdade de criação do autor, aliada à sua atitude engajada, que o faz expressar suas opiniões políticas por meio de seus personagens, é também um ponto adicional à análise da sua obra.Como romancista, a história que nos conta revela muito de si. É uma fala “de dentro”, de um “homem do sertão”, que conhece bem de perto toda a região e pela qual mantém grande afeto. Acompanhamos, a cada linha, uma narrativa que envolve indivíduos, paisagens e modos de detalhes que passariam despercebidos a um viajante comum.