Navegando por Autor "Coelho Neto, Agripino Souza"
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- ItemAssociativismo e espaço urbano: relações territoriais no município de Serrinha/BA(2021-09-16) Santos, Jadson Santiago dos; Coelho Neto, Agripino Souza; Baconzuelo, Célia Cristina; Teles, Alessandra OliveiraO ser humano construiu a capacidade de estabelecer e manter relações sociais que podem se configurar na formação de grupos. Essa habilidade cria condições favoráveis para uma diversidade de manifestação de ações coletivas. É importante destacar que independe da modalidade de ação coletiva, os sujeitos são orientados por suas intencionalidades, vinculadas inicialmente a dimensão individual, na “esfera do eu” e um conjunto de elementos que motivaram ingressar a um grupo e conforme vão estabelecendo e desenvolvendo formas diversas de interações e troca de experiências, conhecimentos e momentos, eles constroem/desenvolvem novos significados e objetivos, orientados por uma mentalidade coletiva, ocupando a “esfera do nós”, responsável por influenciar na permanência, na atuação e nas vinculações estabelecidas com os sujeitos e/ou com o espaços/territórios utilizados. Todas as interações sociais são/foram orientadas por um senso de coletividade, desenvolvidas inicialmente em uma base espacial e conforme os sujeitos projetam suas intencionalidades nos espaços, ocorre um processo de vinculação e demarcação da atuação social através do exercício das territorialidades, ou seja, o trabalho projetado e a configuração de uma base territorial, repleta de múltiplas dimensionalidades, escalaridades e manifestação das relações de poder, sobretudo, quando consideramos a atuação do associativismo desenvolvido no espaço urbano. Considerada uma modalidade de ação coletiva, o associativismo é um símbolo da articulação dos sujeitos orientados minimamente por um objetivo comum, situado em uma realidade contextual específica, responsável por prover as bases para o seu surgimento e a partir dessas, os sujeitos organizados coletivamente desenvolvem diferentes formas ou mecanismos de apropriação e intervenção territorial. Essa pesquisa contou com a colaboração de quatro associações situadas em bairros distintos da cidade de Serrinha: a Associação de Moradores do bairro da Bomba, a Associação de Moradores do bairro Colina das Mangueiras, a Associação de Moradores do bairro da Vaquejada e a Centro Social Boa Esperança. O objetivo é compreender as relações territoriais desenvolvidas por meio do associativismo no espaço urbano de Serrinha/BA. Para seu desenvolvimento, utilizamos de uma abordagem qualitativa devido às particularidades não quantificáveis apresentadas, sobretudo a que fora vivenciada durante o desenvolvido da pesquisa. A nossa revisão de literatura esteve centrada em três chaves explicativas, envolvendo o território, o associativismo e o espaço urbano. Realizamos visitas técnicas as associações, registros escritos, fotográficos, audiovisuais e entrevista com os membros da diretoria das associações. Esse estudo auxiliou na compreensão e identificação das diferentes formas e mecanismos que são/foram acionados para compor o quadro das relações territoriais envolvendo os sujeitos organizações através das associações e os bairros que estão situadas.
- ItemEducação do campo e territorialidade: um estudo sobre o assentamento Menino Jesus, em Água Fria (Bahia - BA)(2014-06-09) Silva, Ana Margarete Gomes da; Nascimento, Antônio Dias; Lima, Silvana Lúcia da Silva; Hetkowski, Tânia Maria; Coelho Neto, Agripino SouzaEsta dissertação resulta de uma pesquisa acadêmica desenvolvida no Programa de PósGraduação em Educação e Contemporaneidade da Universidade do Estado da Bahia – PPGEduC/UneB – e se insere no âmbito de estudo da Educação do Campo, que tem se tornado um tema crescentemente incorporado à agenda das discussões dos movimentos sociais no Brasil, em parceria com algumas universidades brasileiras e outros tantos parceiros protagonistas, visando a incidir sobre uma política de educação voltada para os interesses e particularidades dos povos do campo, para além da educação como um direito, mas, sobretudo, como um desdobramento de uma luta maior, com vistas a um novo projeto de sociedade e de país, que tem como vetor principal a Reforma Agrária. Nesta pesquisa, pretende-se compreender o conflito pelo controle/apropriação das Escolas Fábio Henrique de Cerqueira e Escola do Campo Menino Jesus, ambas localizadas no Assentamento Menino Jesus (BA), resultante de concepções divergentes: o modelo contra-hegemônico é defendido pelos assentados, e o modelo hegemônico, pelo município de Água Fria (BA), refletindo na produção de territorialidade com base na escola. Para alcançar o objetivo proposto, optou-se pelo método de estudo de caso, tendo sido feitas entrevistas semiestruturadas, observações, diário de campo, roda de conversa, reuniões com o coordenador do setor de educação, participação em atividades complementares - Ac e análise do livro didático. Os resultados da pesquisa apontam que o conflito do Assentamento Menino Jesus pelo controle/apropriação de suas escolas tem, como centralidade, a defesa dos conteúdos e princípios políticopedagógicos, orientados pela Educação do Campo, como uma alternativa de educação contrahegemônica, tendo-a como referência básica de suas afirmações político-culturais e ideológicas, buscando a construção de um projeto societário mais justo, viabilizando aos povos do campo em toda a sua diversidade. Trata-se de um Projeto Político-Pedagógico voltado para as classes trabalhadoras, através de seu controle, tanto material quanto simbólico, por eles próprios, sujeitos da história de luta pela conquista destas escolas do assentamento pesquisado. Além disso, emergiram das entrevistas como potente resultado, o empoderamento do coletivo, com base em ideais e de lutas, da consciência de serem sujeitos de direito, que vislumbram na educação, a concretude de mudanças efetivas e viáveis para uma comunidade, instrumentalizados, com a mais cara forma de libertação, o conhecimento, que possibilita tecer outras histórias da educação baiana.
- ItemOs efeitos da dinâmica migratória na (re)organizaçâo espacial dos cerrados baianos: Barreiras e Luís Eduardo Magalhães em foco(2021-10-04) Santos, Elton Andrade dos; Coelho Neto, Agripino Souza; Fonseca, Antonio Angelo Martins da; Mondardo, Marcos LeandroA partir da década de 1960, os cerrados brasileiros foram objeto de políticas governamentais que estimularam sua ocupação populacional e sua exploração econômica. As ações da Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (EMBRAPA) e do Programa de Cooperação Nipo-Brasileira para o Desenvolvimento dos Cerrados (PRODECER) foram decisivas para o desenvolvimento de tecnologias que viabilizaram a expansão agrícola nos cerrados, com a introdução da chamada “agricultura moderna”, produzindo a atração de expressivos fluxos migratórios. As cidades médias brasileiras apresentaram um dinamismo demográfico significativo e isso se deve à contribuição dada pelos saldos migratórios a esse crescimento urbano. Nos cerrados baianos, a industrialização da agricultura e consolidação dos complexos agroindustriais conduziram ao processo crescente de concentração de terra. Com isso, as áreas de expansão do agronegócio são de forte expansão demográfica, com movimentação constante de fluxos migratórios, influenciando na dinâmica de ocupação. Diante deste quadro, a presente dissertação se propõe analisar a dinâmica migratória nos cerrados baianos e os efeitos na (re)organização espacial nas cidades de Barreiras e Luís Eduardo Magalhães. A pesquisa se apoiou em bibliografia especializada sobre migrações e em estudos realizados sobre as chamadas “cidades do agronegócio” no Oeste da Bahia. Ocupou-se, também, de dados secundários do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) e das informações de sites de empresas imobiliárias e de jornais on-line do Oeste baiano. Para a análise das migrações e seus efeitos no processo de ocupação dos cerrados baianos nos últimos vintes anos, com ênfase no papel dos migrantes, buscou-se situá-los no contexto mais amplo de mudanças na estrutura urbana e econômica através da aplicação dos questionários. Os resultados do processo de ocupação dos cerrados baianos apontaram o crescimento acelerado de cidades, o surgimento de novas cidades, a intensificação do processo de urbanização e a produção de segregação socioespacial. A difusão da agricultura nos cerrados baianos tem provocado uma nova organização, pautada pela transformação das cidades do agronegócio em um lócus da produção agrícola, pois atendem às demandas do consumo produtivo e passaram a atrair migrantes para ocuparem esses espaços. Contudo o estabelecimento de novas relações campo-cidade, acabaram por gerar efeitos na dinâmica populacional, na expansão/exploração do mercado de trabalho e o aprofundamento das desigualdades socioespaciais, o que contradiz e desmistifica as ideias de desenvolvimento e modernização das cidades.
- ItemEmancipacionismo, Fragmentação e Gestão Territorial do Município de Irecê-BA (1985-2022)(2023-03-06) Maciel, André Pires; Coelho Neto, Agripino Souza; Fonseca, Antonio Angelo Martins da; Rodrigues, Juliana NunesO emancipacionismo integra a dimensão espacial da reprodução social e alimenta continuamente processos de fragmentação territorial. A criação de municípios nos contextos nacional e estadual ocorre em ritmos diversos, mas, nas últimas décadas, conheceu uma forte intensificação. A partir da década de 1980, o município de Irecê passou por um importante processo de perda de área de seu território. Em 1985 houve a emancipação de Lapão, São Gabriel, João Dourado e América Dourada. Com isso, a área municipal ficou cerca de dez vezes menor. Em suma, a fragmentação em foco criou novos desafios e abriram novas possibilidades para a gestão territorial do município. Dessa forma, se estabelece a seguinte questão: como a dinâmica de fragmentação do território municipal de Irecê, com a emancipação de diversos municípios, influenciou em sua gestão territorial? Objetiva-se com esta pesquisa, analisar as implicações da fragmentação municipal para a gestão territorial de Irecê. Definiu-se como método a dialética, privilegiando pensar a realidade em suas constantes mudanças e contradições. Fez-se a opção por uma abordagem qualitativa. Em termos de procedimentos metodológicos foram realizados três movimentos: (i) levantamento bibliográfico e revisão de literatura, (ii) pesquisa de campo, recorrendo a técnica de entrevistas junto aos gestores municipais, lideranças comunitárias e sindicais e, (iii) levantamento de dados secundários de natureza econômica e financeira, em órgãos governamentais. Este estudo visa fornecer elementos para o entendimento de uma dinâmica territorial de natureza local, bem como pretende lançar luz sobre os nexos entre a alteração dos limites municipais e os novos desafios trazidos pela fragmentação para o processo de gestão territorial. No município de Irecê, sua fragmentação territorial, ensejou um novo panorama para a gestão do território local, especialmente em face de três dinâmicas, quais sejam: o arranjo político do município passou a ser outro em virtude do declínio de sua representação diante dos outros entes federados e do ganho relativo de poder de seus distritos secundários; a conjugação do encurtamento das distâncias físicas com a ampliação da taxa de urbanização resultaram numa concentração das demandas, capaz de minimizar os esforços da máquina pública e, notou-se uma aproximação sociopolítica entre o poder público e a sociedade, capaz de engendrar mudanças quantitativas e qualitativas na distribuição de formas e funções no novo território municipal, alterando assim, o processo de reprodução social.
- ItemPeriferias urbanas? Interfaces rururbanas? Ou áreas rurais próximas à cidade? A criação do bairro CIS norte em Feira de Santana – Bahia(2021-04-05) Jesús, Mariana Oliveira de; Castro, Janio Roque Barros de; Coelho Neto, Agripino Souza; Silva, Onildo Araújo daEm cidades médias consolidadas, bem como em algumas metrópoles, nota-se que algumas áreas periféricas urbanas são confundidas com áreas rurais, do ponto de vista da leitura da paisagem. Essas áreas mesclam elementos urbanos e rurais confundindo assim o/a observador(a). Alguns/algumas autores/autoras chamam essas áreas de interfaces rururbanas. Na pesquisa em tela, objetiva-se analisar a criação do bairro CIS Norte, em Feira de Santana, segunda maior cidade do estado da Bahia, instrumentalizada pela Lei Complementar 075/2013, buscando entender suas implicações socioespaciais à luz das especificidades das áreas periféricas e dos novos dinamismos de áreas rurais situadas próximas a espaços urbanos. Para sua realização, inicialmente fez-se um referencial teórico-conceitual para dialogar com diferentes autores que abordam conceitos importantes, como periferias urbanas, espaços híbridos, ruralidades e urbanidades; e analisou-se os documentos institucionais como o Plano Diretor de Desenvolvimento Urbano (PDDU) e a da referida lei. Fez-se uso também de entrevistas com os moradores e atividades de campo com observações e anotações, promovendo diálogo entre teoria e empiria. O trabalho revelou que na cidade em questão a criação de bairros gerou especulação imobiliária, valorização e aumento do valor da terra, além do “esticamento” da malha urbana em direção às áreas rurais. A Lei 075/2013, transformou áreas com características predominante rurais em urbanas, como o CIS Norte, e não criou instrumentos urbanos que proporcionassem melhoria da qualidade de vida. Isso que impactou os direitos da população rural e a permanência dos moradores e seus descendentes no referido espaço analisado, recorte espacial da pesquisa que resultou no presente texto.
- ItemProcessos de Des-reterritorialização de imigrantes venezuelanos em Salvador(Universidade do Estado da Bahia, 2023) Santos , Emanuel Gonzaga dos; Coelho Neto, Agripino Souza; Portugal, Jussara Fraga; Porto, Gil CarlosNa presente pesquisa considera-se a concepção clássica de que o território é a porção do espaço ao qual o Estado exerce o seu poder e nesse mesmo território criamos relações denominadas de territorialidades. Durante a migração ocorre a modificação de uma vivência territorial denominada de desterritorialização e ao mesmo tempo um novo território é experienciado, ou seja, passamos por uma reterritorialização. Diante disso nos questionamos: como se configuram os processos de des-reterritorialização de imigrantes venezuelanos em Salvador? Nosso objetivo geral é compreender os processos de des-reterritorialização de imigrantes venezuelanos na capital baiana. Os objetivos específicos são: contextualizar no espaço e no tempo aspectos envolvidos nesse processo migratório, compreender as desterritorializações da trajetória do migrante em questão e analisar a reterritorialização dessa comunidade bolivariana em Salvador. Para o desenvolvimento da pesquisa e a consecução dos objetivos estabelecidos, operamos com a tríade conceitual T-D-R (territorialização-desterritorializaçãoreterritorialização) e com o conceito de migrações. Nossos procedimentos metodológicos foram pesquisa bibliográfica, análise documental e pesquisa de campo. Nossas fontes são decorrentes de livros, revistas, jornais e órgãos estatais do Brasil e da Venezuela, assim como o trabalho de campo, que foi realizado por meio de entrevistas focalizadas com 10 venezuelanos que vivenciaram Salvador, sendo 7 homens e 3 mulheres. Nos anos 2010 se inicia a maior crise econômica da história da Venezuela e para amenizar os impactos destes eventos na população, o governo distribui alimentos e promete realizar melhorias estruturais no país, o que não impediu uma desterritorialização na i-mobilidade de parte da população local. Diante desses acontecimentos alguns venezuelanos realizaram migrações internacionais, se configurando como uma desterritorialização “no movimento”, resultando em uma reterritorialização. No caso de Salvador, este processo não ocorre homogeneamente com os imigrantes, pois os provenientes das ondas mais recentes, os desempregados/subempregados e aqueles com uma frágil rede de contatos estão em condições de maior vulnerabilidade. Seus planos de permanência estão condicionados principalmente a à estabilidade de renda, formação de núcleo familiar e das suas esperanças quanto a à uma recuperação econômica da Venezuela.
- ItemTerritorialidades e hierarquias em torcidas organizadas do Sport Club Corinthians Paulista(Universidade do Estado da Bahia, 2024-08-31) Silva, Natália Morena Lage; Coelho Neto, Agripino Souza; Hollanda, Bernardo Borges Buarque de; Caldas, Alcides dos SantosEsta dissertação trata das territorialidades relativas às torcidas organizadas de futebol no Brasil, fundamentadas em hierarquias de poder. Estrutura-se em duas partes: uma de cariz teórico e outra de cariz empírico. Na primeira parte apresenta-se uma revisão da literatura que embasa todo o trabalho, subsidiando o contexto histórico relativo ao surgimento do futebol e a ascensão da cultura torcedora, buscando compreender a origem e formação das torcidas organizadas no Brasil e como também são estabelecidas as hierarquias e relações de poder nesses grupos. Apresenta-se em seguida uma análise das territorialidades torcedoras nos estádios de futebol. Na segunda parte apresenta-se uma investigação cujo objetivo foi analisar o poder das torcidas organizadas e suas influências nas arquibancadas dos estádios de futebol, acionando o conceito de territorialidade para compreender o comportamento espacial das torcidas organizadas do Sport Club Corinthians Paulista. Para isso, foram selecionadas as torcidas organizadas mais expressivas do Sport Club Corinthians Paulista, levando em consideração seu contexto histórico de surgimento, quantidade de associados, influência sociopolítica sobre o clube e representação espacial nas arquibancadas. A metodologia adotada foi a estratégia de estudo de caso, em que se buscou investigar a existência de poder hierárquico como premissa para as ações, representações e ordenamento espacial nas torcidas organizadas do Sport Club Corinthians Paulista. Nesse contexto foram feitas entrevistas semiestruturadas a dirigentes das respectivas torcidas organizadas. As principais conclusões desta pesquisa são as seguintes: I) as torcidas organizadas corinthianas buscam demarcar territórios de controle e influência, nos estádios de futebol do Brasil; II) O poder simbólico (faixas, bandeiras, cânticos e rituais das torcidas) são dispostos e entoados nas arquibancadas, obedecendo a uma ordem hierárquica definida, aplicada e seguida pelas torcidas e seus membros; III) Verifica-se uma hierarquia consolidada dentro dos estádios de futebol, segundo critérios concebidos e acordados pelas torcidas organizadas; IV) Ocorre o delineamento territorial dentro dos estádios obedecendo a uma diretriz hierárquica implementadas pelas torcidas organizadas hegemônicas. Com base nos resultados deste estudo, entende-se que o conhecimento das dinâmicas internas dessas torcidas e das suas estratégias de demarcação territorial é fundamental para a elaboração de políticas públicas eficazes, que visem a manutenção da ordem e da segurança nos eventos esportivos. Além disso, este estudo contribui significativamente para o campo da Geografia ao fornecer uma investigação detalhada das territorialidades urbanas em um contexto específico, como o dos estádios de futebol, destacando como espaços urbanos podem ser apropriados, organizados e hierarquizados por diferentes grupos sociais.
- ItemUrbanidades e ruralidades em questão: um olhar sobre as relações campo-cidade e rural-urbano no povoado do Topo, Água Fria/BA(2021-09-28) Fagundes, Mário José dos Santos; Coelho Neto, Agripino Souza; Oliveira, Adriano Rodrigues de; Santos, Claudio Ressureição doDefinir o que é rural e o que é urbano há muito não representa uma centralidade nos estudos das relações entre o campo e a cidade. A complexidade imposta pelos processos de urbanização, de modernização do campo e de globalização produziu mudanças importantes na realidade socioespacial, introduzindo novos desafios epistemológicos para aqueles que se aventuram no sentido de compreender as relações entre os espaços do campo e da cidade e seus conteúdos. O objetivo dessa dissertação é compreender as relações campo-cidade e ruralurbano no povoado do Topo, município de Água Fria/BA, caracterizadas pela interação, imbricação e coexistência de ruralidades e urbanidades no cotidiano dos moradores. Para tanto buscamos nos aproximar de uma perspectiva mais integradora que considerasse as formulações de autores das principais vertentes analíticas que compõem o arcabouço teórico acerca desse tema. Estamos trabalhando com a concepção de espaços híbridos que se apoia na ideia de que o campo e a cidade (em especial as pequenas cidades) são resultantes da interação entre objetos e conteúdos do rural e do urbano. Em termos metodológicos, trata-se de uma pesquisa quali-quantitativa, que se utilizou da observação participante, da realização de entrevistas semiestruturadas e da aplicação de questionários. Primeiramente buscou-se caracterizar os processos históricos que configuraram o rural do município de Água Fria e do povoado do Topo, para então identificar as ruralidades e urbanidades. Nesse contexto, observou-se então, que as urbanidades, assim como as novas ruralidades, no povoado do Topo, respeitam as regras do jogo, impostas historicamente pelas relações desiguais e coronelistas entre fazendeiros e pequenos agricultores, ou seja, não representam a superação das desigualdades históricas existentes. Na escala da ação, onde a realidade é forjada pela interação entre o global e o local, entre o rural e o urbano, os atores diversos produzem um verdadeiro mosaico de ruralidades e urbanidades em suas tarefas cotidianas, nos seus modos de vida, nas relações interpessoais, nas atividades econômicas e nas manifestações culturais. Produzem no dia a dia um espaço híbrido produzido pela coexistência, interação e imbricação de conteúdos do rural e do urbano.
- Item“VEM FREGUÊS!”: Lugares, contextos e relações identitárias na feira livre de Santo Amaro – Recôncavo Baiano(2021-06-21) Ferreira, Joelma Gomes; Portugal, Jussara Fraga; Coelho Neto, Agripino Souza; Porto, Gil Carlos SilveiraEsta pesquisa, de abordagem qualitativa, inscreve-se no âmbito dos métodos (auto)biográfico e fenomenológico, inspirada na abordagem da Geografia Cultural. Toma-se como a principal fonte de recolha de dados as narrativas das histórias de vida dos sujeitos que desenvolvem a atividade de feirante na feira livre de Santo Amaro, no Recôncavo Baiano, e entrelaçada às atividades da mariscagem, pesca artesanal e da agricultura. Neste sentido, parte-se da seguinte questão norteadora: Quais saberes guardam os sujeitos feirantes que vivenciam relações identitárias na feira livre de Santo Amaro no Recôncavo Baiano? Intentou-se compreender como a feira livre de Santo Amaro se inscreve no cenário composto por diversas identidades, a partir das práticas culturais e relações identitárias narradas por quatro sujeitos que vivenciam, cotidianamente, esse contexto. Dos colaboradores desta pesquisa, dois são oriundos das comunidades que são reconhecidas como comunidades tradicionais remanescentes de quilombos – a saber: Acupe e São Braz –, e os dois são moradores do bairro da Pedra na cidade de Santo Amaro. O recorte teórico construído teve como base as contribuições dos estudos da Geografia Humanista, ancorado no método fenomenológico – o lugar e as suas aplicações – e abordagens da Geografia Cultural, uma vez que esta representa o sistema simbólico, o mesmo composto pela materialidade e imaterialidade culturais, que reverberam saberes e práticas culturais tradicionais. Nesta perspectiva, os dispositivos – observação e entrevista narrativa individual – foram as técnicas utilizadas para conhecer o objeto de estudo e apreender as concepções dos quatro sujeitos colaboradores e as suas relações identitárias. Conforme as narrativas dos feirantes, a feira livre de Santo Amaro, apresenta-se como lugar polissêmico, enquanto espaço livre, popular, herdado, social, cultural e educativo, que possibilita a construção e socialização de saberes e a emersão de conhecimentos diversos e é também concebida como um lugar constituído e construído por pessoas negras. Seu contexto é composto por elementos identitários, crenças, dialetos, memórias, vivências, relações de pertencimento, de afetividade e de experiências visibilizadas pelas práticas (saberes-fazeres) baseadas na coletividade e nos saberes tradicionais dos sujeitos que fazem a feira acontecer cotidianamente.