É inviável falar em ensino de gramática sem, a priori, referir-se à natureza da língua/linguagem, pois o modo que se compreende ou concebe tal caráter tem implicações teórico-metodológicas específicas no ensino da primeira língua e, consequentemente, no de gramática. Por isso, é a partir da consideração dessa interferência que procuramos analisar e refletir o ensino de gramática. Para tanto, a pesquisa se volta à análise de inclinações teórico-metodológicas subjacentes ao “saber” linguístico-pedagógico das professoras, sujeitos da pesquisa, com o intuito de verificar em que medida essas inclinações são concretizadas a favor da efetivação da prática de reflexão/análise linguística em contrapartida à influência da tradição do ensino de gramática. Assim, abordamos como referencial teórico estudos de autores como, Travaglia (2002), Mendonça (2006), Costa Val (2002) e Antunes (2007), para fundamentar a análise dos dados, os quais foram obtidos através de entrevistas e observações de aulas. A análise de tais dados é realizada a partir do paradigma interpretativista, de forma que alcançamos resultados reflexivos e de possíveis implicações à fundamentação da prática linguístico-educacional. Entendemos assim, a partir de tais dados que os professores conseguem explicitar em seus discursos algumas questões teóricas voltadas para o ensino de gramática em consonância com as orientações de reflexão sobre a língua, contudo, evidenciando a existência de aspectos que dificultam a efetivação desse “saber” teórico-metodológico.