Educação Popular e Discurso Político nos Movimentos Sociais: Relações de Influência entre Lideranças e Liderados

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2022-04-26
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Resumo

Considera-se que a ideologia política tende a ser incorporada à Educação Popular e que pode subverter a baliza ética das relações entre os sujeitos, com potencial para comprometer o produto finalítico de uma pedagogia libertadora. Assim, pesquisou-se Educação Popular e Discurso Político nos Movimentos Sociais: relações de influência entre lideranças e liderados, com objetivo geral de analisar de que forma lideranças e liderados operam processos de influência que carregam interesses ideológicos partidários. Perseguimos os seguintes objetivos específicos: analisar o discurso político de líderes influentes que alcança os Movimentos Sociais e se integram às práticas educativas populares e formular diretrizes que estimulem os debates a cerca da importância do compromisso ético da Educação Popular para os Movimentos Sociais, enquanto minoria ativa. Nesse sentido, buscamos, teoricamente, o entendimento em torno da construção do sujeito social e de como este evolui para um sujeito político, responsável por suas escolhas, momento em que se torna um agente social capaz de influenciar e passível de sofrer influências em suas interações. A tese se apoia nas contribuições do educador Paulo Freire (1980a, 1980b, 1983, 1993, 1997, 2000a, 2000b, 2001) na formulação de ideias em torno de conceitos como educação emancipadora, pensamento crítico e relação ética na educação. Além disso, também incorpora o pensamento do psicólogo social Serge Moscovici para apresentar considerações a respeito da construção do pensamento social, por meio de duas obras: La Psychanalyse, Son Image et Son Public (1961) e Psicologia das Minorias Ativas (1969). Do cruzamento entre a proposta para a Educação Popular de Freire com os processos que contribuem para a formação do pensamento social de Moscovici, surgiram alguns questionamentos sobre conflitos entre a lógica política e a lógica social de carência, conforme reforçados por Lovisolo (1990), em seu livro Educação Popular: Maioridade e Conciliação. Realizou-se uma pesquisa de abordagem teórica/exploratória, em que se buscou, pelos aportes na Análise Crítica do Discurso, a sustentação da tese. Tomou-se, por recorte de investigação, a intencionalidade de se estimular o “ódio de classes” no pensamento social dos sujeitos carentes como forma de se obter ganhos políticos. A partir das contribuições de Fairclough (2020), os resultados apontaram para elementos negativos das representações e semioses produzidas por líderes de partidos políticos progressistas e de outros militantes e se avaliamos como tais elementos discursivos ecoam e interferem na Educação Popular. Portanto, consideramos que, a despeito das intencionalidades declaradas por esses líderes, ocorre uma abertura para a indesejada inconciliação entre a lógica política partidária e a lógica social de carência; que o discurso político se apresenta, muitas vezes, formatado para o objetivo contrário ao esclarecimento dos sujeitos, e que é possível que se esteja produzindo outra forma de opressão; que faz-se necessário um despertar dos intelectuais e acadêmicos para este efeito negativo, de forma a garantir a credibilidade das lutas sociais e de se evitar que a consciência dos sujeitos se reduza a mero caminho para se alcançar o poder.


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Palavras-chave
Educação Popular, Movimentos Sociais, Pensamento Crítico., Pensamento Social
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