Tendo em vista a necessidade de debater a educação escolar quilombola como uma modalidade da Educação Básica instituída pela Conferência Nacional de Educação no ano de 2010 e que possui Diretrizes próprias, que este estudo compreende a Etnomatemática como saberes/conhecimentos matemáticos construídos/elaborados ao longo da história nos diversos contextos culturais e sociais dos povos tradicionais e de seus descendentes atingidos pela diáspora africana. Assim, reflete no âmbito da pedagogia a construção de um currículo voltado à pluralidade de saberes da matemática. Com o objetivo de estimular o desenvolvimento das habilidades e competências significativas, a BNCC (2017) dá margem para a escola pensar o currículo de modo a integrar componentes consonantes com os objetivos citados. Para a presente investigação, priorizada a abordagem majoritariamente qualitativa, busca identificar, à luz da Etnomatemática , os conhecimentos matemáticos presentes no processo de produção de farinha, analisando suas interfaces com o currículo escolar na comunidade quilombola Pedra Negra da Extrema, situada no Extremo Sul do município de Barra - Bahia, região do Médio São Francisco. Identifica por meio das narrativas dos agentes quilombolas os conhecimentos matemáticos constitutivos do processo de produção de farinha e analisa como esses conhecimentos e técnicas relacionam-se com um currículo escolar que reconheça a história e a cultura dos povos remanescentes de quilombos.